Por sms, em conversas presenciais, telefónicas ou via internet, a quem lhe é mais próximo, Ricky van Wolfswinkel exprimiu o maior dos seus desejos no momento: marcar um golo ao Benfica e que o tiro certeiro valha a vitória aos leões amanhã. Ao desiderato do internacional holandês não será estranho o facto de ainda não ter feito o que melhor sabe: fazer a festa num confronto com os grandes rivais.

Em conversa com O JOGO, Rob Rietveld, líder da claque True Support, de apoio ao FC Utrecht, ex-clube do Iceman, do qual é amigo pessoal, falou com o artilheiro oriundo dos Países Baixos instantes após o decisivo encontro frente ao Metalist e apanhou o Lobo - que fez o tento dos leões na Ucrânia - radiante.

Os quase três meses sem que o dianteiro enviasse o esférico para o fundo das redes estão ultrapassados, o que reforça a sua crença e também a de quem lhe segue a carreira. "Eu tinha avisado o vosso jornal que ele teria a frieza para ultrapassar esse período, como aconteceu aqui na Holanda. Ricky é talentoso e tem a calma necessária para lidar com a pressão destes jogos e as oscilações de época. Também eu acredito que vai marcar", rematou Rob Rietveld.´

Faz tanta falta como Liedson

O público holandês despertou mais para o Sporting durante a época 2004/05, quando os leões chegaram à final da Taça UEFA. Na caminhada, eliminaram o Feyenoord e o AZ Alkmaar, vencendo na deslocação à Banheira de Roterdão e conseguindo um golo no último minuto da partida frente ao segundo adversário, que valeu o acesso à final, no Alkmaarderhout, recinto que já não existe. Liedson era então a referência do ataque leonino e o público do país das tulipas não mais dele se esqueceu. "Nós aqui sentimos a falta do Ricky, como os adeptos do Sporting provavelmente terão sentido a saída do Liedson, que era um grande avançado. A equipa nunca recuperou totalmente da saída do Ricky", confessou o líder de um dos principais grupos de apoio ao FC Utrecht, cuja grande "guerra" é encontrar maneira de ver o dérbi amanhã. "É uma pena nenhum dos nossos canais transmitir o jogo, mas vamos arranjar maneira de o ver à mesma", garantiu Rob Rietveld, que só lamenta não haver gente lusa por perto: "Se houvesse um restaurante português aqui perto, o nosso grupo invadia-o, mas vamos de certeza todos para minha casa ver o desafio pela internet", graceja.

Já "mordeu" contra grandes

O Sporting é o primeiro clube de primeiro plano que Ricky van Wolfswinkel, de 23 anos, defende, pese a importância de Vitesse e FC Utrecht na Eridivisie, os clubes que o Lobo representou como profissional antes de se transferir para Alvalade. Contra os "grandes" locais, Ajax, Feyenoord e PSV Eindhoven, só mesmo os últimos não sofreram aos pés do ponta de lança.

Ainda com a camisola do clube de Arnhem, o avançado apontou um golo ao Ajax numa goleada por 4-1, a 8 de fevereiro de 2009. Já ao serviço do Utrecht, a 8 de agosto de 2010, Van Wolfswinkel não deixou o Feyenoord sair completamente ileso de campo. Pese a derrota por 3-1, o agora leão assinou o tento de honra do seu conjunto. Menos de dois meses depois, o "gigante" de Amesterdão voltou a soçobrar perante a pontaria do artilheiro. O Iceman transformou em golo duas grandes penalidades numa vitória por 2-1.

Apoio especial contra o Braga

Sem oportunidade para se despedir do público que durante duas épocas vibrou com os seus golos, Ricky van Wolfswinkel recebeu autorização do Sporting para se deslocar ao Estádio Galgenwaard, onde foi homenageado pelo FC Utrecht. Os adeptos locais não esquecem o dianteiro e a claque True Support promete viajar com destino a Portugal e a Alvalade para assistirem ao Sporting-Braga da última ronda da Liga ZON Sagres e prestar o seu apoio ao avançado, um dos seus maiores ídolos.

Amaral, Ex-jogador do Sporting e do Benfica

Van Wolfswinkel pode resolver

1

Van Wolfswinkel está com fé que vai marcar. É um dos principais candidatos a resolver o dérbi?

É, sem dúvida, um dos jogadores que, num momento de inspiração, podem resolver o jogo, mas há mais. Ele é um bom ponta de lança, vive do golo e, apesar de ter passado períodos em que não marcava, tem dado sempre indicações de que a qualquer jogo pode voltar aos golos. Parece-me bem que esteja com fé em marcar.

2

João Pereira e Yannick Djaló são jogadores que já atuaram do lado contrário. Como é jogar pelo "inimigo"?

Há um misto de emoções muito grande. É o regresso à casa-mãe, onde nascemos para o futebol e para a vida, envergando a camisola do rival. Primeiro, é muito estranho, mas depois alheamo-nos do ambiente e damos o nosso melhor, apesar do grande respeito pelos adeptos e pelo passado no nosso adversário desse dia.

3

Este jogo pode marcar o regresso de Djaló a Alvalade. Como pensa que será recebido?

Penso que o público devia compreender o desejo do jogador de querer sair, porque já não era um atleta querido dos adeptos. As circunstâncias acabaram por ditar que acabasse por chegar ao Benfica, mas ele já não era bem-amado mesmo enquanto jogador do Sporting. Vai ser assobiado como outro jogador qualquer.

in ojogo.pt