O presidente do Sporting, Filipe Soares Franco, anunciou hoje a renúncia à recandidatura ao cargo, no programa "Grande Entrevista" da RTP, depois de ter mantido em segredo a sua posição durante alguns meses.
"Não me vou recandidatar", anunciou o ainda líder dos "leões", invocando responsabilidades "empresariais e sociais" na sua vida como empresário, face à crise, e afirmando que só continuaria com um "projecto inovador, para um ciclo de modernização e inovação".
De acordo com Soares Franco, esta possibilidade não é real, uma vez que teria de haver uma "alteração dos estatutos", que só poderá ser feita com a "aprovação em Assembleia Geral por um maioria de 75 por cento".
O dirigente não acredita que tal seja possível, face à "onda de
constestação permanente que tenho sentido em anteriores Aseembleias
Gerais, por isso não acredito que se possam criar condições para
implementar o projecto de inovação em que acredito".
"Tomei a decisão uma semana antes do Natal, pois focalizar-me no
Sporting e nas suas exigências era completamente incompatível com a
minha actividade empresarial", explicou, afirmando que concretizou em
"85 por cento" o seu projecto de três anos.
A construção de um pavilhão para as modalidades e a criação da figura
do provedor do sócio, "cujo regulamento já está criado", foram, disse,
as únicas promessas que ainda não cumpriu.
O presidente dos leões garantiu ainda que vai continuar no cargo até ao
final do mandato e recusou o cenário de a equipa de futebol poder vir a
ser afectada pela sua decisão.
Soares Franco chegou à presidência do clube, e também da SAD, a 20 de
Outubro de 2005, substituindo António Dias da Cunha, que se tinha
demitido em solidariedade com o então treinador da equipa de futebol
José Peseiro, que saiu do clube devido aos maus resultados.
A 28 de Abril de 2006, Soares Franco foi eleito presidente do clube, vencendo o acto eleitoral com 74,2 por cento dos sócios.
A entrada do actual presidente coincidiu com a aposta em Paulo Bento,
então treinador dos juniores, que tinha levado ao título nacional, para
o comando técnico da equipa principal de futebol.
Apesar da contestação dos adeptos em vários momentos, Soares Franco
garantiu sempre a continuidade do treinador à frente da equipa, pelo
menos até à sua saída do clube, tendo mesmo dito que queria fazer de
Paulo Bento uma espécie de Alex Ferguson - técnico principal do
Manchester United há mais de 20 anos.
Com Paulo Bento ao comando, o Sporting não conseguiu chegar ao título
nacional, mas conquistou duas Taças de Portugal e duas Supertaças e
levou o clube por três vezes consecutivas à Liga dos Campeões, feito
inédito na história do clube, tal como o apuramento esta época para os
oitavos-de-final da prova.
Outro das bandeiras do mandato de Soares Franco é a reestruturação
financeira, muito contestada por alguns sectores do clube, sobretudo,
devido à alienação de património não desportivo do Sporting, como o
centro comercial Alvaláxia.
Com o antigo presidente Dias da Cunha como um dos principais
"inimigos", Soares Franco foi muito criticado pela renegociação do
passivo, tendo mesmo sido acusado de estar a vender o clube aos bancos.
Segunda-feira, o presidente do Sporting anunciou um plano de
reestruturação financeira do grupo empresarial dos "leões" para reduzir
o passivo em cerca de 42 por cento nos próximos cinco anos, graças à
renegociação com a banca.
O projecto dos responsáveis verde-e-brancos implica a emissão de VMOC
(valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis), no valor de 55
milhões de euros, e a passagem dos direitos de transmissão televisiva
da empresa Sporting Comércio e Serviços de volta para a sociedade
anónima desportiva (SAD) para o futebol.
In "www.record.pt"
|