 Chegou à experiência, convenceu rapidamente Paulo Sérgio, foi contratado por inusitados cem mil euros, foi sendo lançado com algumas cautelas, mas perfila-se já como uma das peças que mais desequilíbrios criam numa equipa que oscila entre a incapacidade de traduzir em golos o ascendente conseguido nos jogos do campeonato e uma autoridade inequívoca e eficaz na Liga Europa. Curiosamente - ou talvez não - Diogo Salomão esteve nos três jogos europeus em que o Sporting venceu, convenceu e... goleou.
O jovem 33, que chegou a Alvalade do Real Sport Clube (Massamá), onde já fora desencantado Nani, foi encarado por Paulo Sérgio e pelos responsáveis da SAD como uma aposta de futuro, sendo acautelado o deslumbramento ou a pressão exarcebada sobre um jovem pouco acostumado aos grandes palcos.
Mas a verdade é que Salomão vai fazendo por forçar a antecipação da aposta no seu concurso no imediato a cada jogo que passa. Porque, na estreia, esteve em bom plano no triunfo sobre o Lille, porque esteve em destaque na goleada (5-0) sobre o Levski, o que repetiu diante do Gent, contribuindo de forma decisiva para o inequívoco triunfo por 5-1. E, sobretudo, porque ao ocupar o flanco esquerdo do meio-campo, no lugar de Valdés, eleva o rendimento da equipa para o triplo.
Um exercício de análise levado a cabo por O JOGO conduz a essa conclusão. Observando com que jogadores o Sporting chega aos golos, e tomando um valor médio por jogador, constata-se que, com Salomão, o Sporting leva, em média 26,31 minutos para marcar, enquanto, por exemplo, com o chileno recrutado este defeso aos italianos do Atalanta demora 84,29 minutos para chegar ao golo (ver quadro ao lado).
A diferença do estilo de jogo de cada um pode ajudar a explicar as variações do rendimento da equipa com a prestação de um ou outro. Se Valdés privilegia a circulação de bola, de pé para pé, e pode "travar" um pouco o jogo, já Salomão joga mais no espaço e oferece mais velocidade e profundidade ao flanco esquerdo. Mas o contributo do 33 para a eficácia na concretização do Sporting não se esgota no abstracto: são dele, nas últimas prestações, dois golos e três acções decisivas para golo. Contra o Levski, fez o 3-0 aos 53'; na Amoreira, contra o Estoril, assistiu Liedson para o golo do empate que culminaria em reviravolta aos 64'; com o Gent abriu a contagem aos 7' com remate de primeira de pé esquerdo, e foi de uma recuperação e arrancada sua pela esquerda que nasceria o 3-1 marcado por Liedson. Mais: foi Salomão quem interceptou e soltou em Postiga para o 5-1 final.
Aos 22 anos, é uma aposta de futuro, diamante em bruto assegurado como se de uma liquidação de copos de vidro se tratasse e vai já retribuindo o (quase simbólico) investimento efectuado. Para já, vai reclamando o futuro já hoje, e ganhando espaço numa equipa que pode ser enriquecida com a sua destreza, velocidade, irreverência e técnica. Com duas assistências para Liedson, por exemplo, acabou por "dar" metade do pecúlio do 31 esta época. O mais barato do plantel faz trabalho específico de musculação na Academia, pode ainda não ter a melhor resistência, mas está a crescer. A olhos vistos.
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Os golos conseguidos com o cunho de Salomão. Dois da sua autoria, três oferecidos (dois a Liedson, um a Postiga). Metade dos golos do 31 esta época foram "dados" pelo 33
Futebol preso e golos raros com Valdés em campo
Tomando em análise o rendimento da equipa consoante os jogadores que a compõem, ressalta o facto de, entre os leões com maior propensão ofensiva, estar Valdés no topo do... pior registo. O chileno recrutado este defeso aos italianos do Atalanta, onde foi companheiro de Costinha, tem tido uma prestação algo abaixo das expectativas (média de 4,6 pontos de O JOGO), não criando os desequilíbrios pretendidos, não obstante ser aposta regular na equipa e até final dos jogos. Com Valdés em campo, a equipa demora em média 84, 29 minutos a marcar.
Oscilações de Vuk comprometem
Dono de inegáveis dotes técnicos e físicos, Vukcevic conseguiu esta época o que Paulo Bento sempre lhe negara: colou-se à direita. Como na selecção do Montenegro, o agora 77, que esteve com um pé (chegou a estar com os dois) no Olympiacos, passava a estar designado para fazer as diagonais que valorizassem o seu pé esquerdo, mas o desequilibrador canhoto não tem mantido uma prestação regular.
Nº1 de volta à baliza
Um ou dois lances menos felizes ("e muitas coisas boas", como fez questão de referir Paulo Sérgio), levaram o técnico a aproveitar para ver Hildebrand em acção com Estoril e Gent. O alemão teve um lance infeliz que resultou no golo dos belgas (5-1) e Rui Patrício deve ser dono da baliza.
Nervo no miolo com golos
De regresso, após estar ausente por lesão na Amoreira, Maniche deu, ao lado de André Santos, dinâmica e consistência no meio, dando ainda... golos. O figurino táctico adoptado sacrificou o espanhol Zapater (que o renderia, de resto) e, sobretudo, Matías Fernández, que também marca.
Velocidade e profundidade nas alas
Preteridos os habituais titulares, Vukcevic e Valdés, foram lançados João Pereira e Diogo Salomão na equipa e os resultados foram evidentes. A articulação do lateral adaptado a extremo com Abel foi excelente e, na esquerda, o 33 foi determinante. Resultado: cinco golos.
Retomada dupla no ataque
A equipa vinha evoluindo em 4x2x3x1 desde a outra goleada (5-0) para a Liga Europa, frente ao Levski, com Postiga, em grande forma, a pontificar no ataque. De volta à competição, ao onze e aos golos, Liedson recupera o 4x4x2. Djaló e Saleiro ultimam a recuperação, mas a dupla titular está encontrada.
Abel tem sido suplente de luxo
Abel tem sido opção de recurso para a lateral-direita, onde João Pereira tem sido titularíssimo. Contudo, sempre que chamado à equipa, o dono da camisola 78 tem cumprido... com distinção. O rendimento da equipa com Abel em campo tem sido de um golo a cada 29,19 minutos. Em Lille, por exemplo, o lateral "só" teve duas assistências para golo. Sempre que jogou, o Sporting ganhou.
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