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Tomé. «O Figueiredo chocou comigo mas eu fiquei com a bola» PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Sábado, 07 Maio 2011 23:57
110507_tomeTomé tem 63 anos e continuar a ser do Vitória. De coração, está visto! E é um castiço. Conta as histórias e ri-se. O i entra na brincadeira e comenta as suas frases em tom jocoso. Mais risos. Gargalhadas contagiantes. Nascido e criado no Vitória, transferiu-se para o Sporting em 1970, por indicação de Figueiredo, segundo o próprio. "Grande Figueiredo. Quando ele chegou a Setúbal foi amizade à primeira vista. Eu ainda era solteiro e ia muitas vezes na casa dele. Ou então, íamos almoçar juntos com o resto da malta. Grandes tempos." A melhor história que tenho com ele é um jogo em Alvalade, veja lá a coincidência.

Foi um Vitória-Rapid Bucareste, para a primeira eliminatória da Taça das Cidades com Feira 1969/70. Foi em Alvalade porque o Bonfim ainda não tinha holofotes. Naqueles tempos, quando o árbitro apitava para o fim do jogo, a bola era de quem a apanhasse. Nessa noite, eu e o Figueiredo fomos a correr para apanhar a bola e chocámos um contra o outro. Mas eu levantei-me mais depressa e fiquei com a bola. Ainda hoje a tenho lá em casa. Era da marca Drible, feita no Brasil."

Tomé começou a jogar em 1965. "Ainda não havia Ponte 25 de Abril. Para jogar no Restelo, na Luz ou em Alvalade, íamos de autocarro e depois de barco. Uma aventura. Quando a ponte foi inaugurada, parecia magia atravessar o Tejo de uma ponta à outra." Mesmo a jogar como médio, Tomé marcava os seus golos no Vitória. Um ao Bayern Munique, do inimitável Sepp Maier. "Perdemos 6-2 lá, mas marquei ao Maier. Isso é uma satisfação enorme, até porque ele nem se mexeu com o meu remate na zona do penálti. Ora se a alcunha dele era o Gato, pelo instinto felino... melhor ainda. Tenho em casa a gravação desse jogo. E de outros. Com o Linfield. Com o FC Porto. Com a Académica, na final da Taça de Portugal." Outro golo ao Liverpool. "Ganhámos 1-0 em casa e o golo foi ao Ray Clemence, titular da selecção inglesa. Também foi um marco histórico." Mas nada se iguala àquele hat trick ao Olympique Lyon, no Bonfim. "Não há ninguém na história que tenha marcado tantos golos num só jogo. Há quem tenha feito dois mas três, ninguém. Nem o Torres, nem o Vítor Baptista. E podiam ter sido quatro. Houve um penálti e eu pedi para marcar mas o Fernando Vaz não me deixou. Quis que fosse o Petita, para lhe dar moral que ele estava a passar um momento atípico sem golos. Na altura, admito que fiquei zangado. Ainda há uma semana, o Falcao marcou quatro no FC Porto-Villarreal e eu pensei ''olha se eu tivesse marcado aquele penálti? Também tinha quatro golos num jogo europeu''. Mas pronto, vá, três também é óptimo."

Isto não é tudo. Tomé foi o primeiro capitão da selecção portuguesa de Esperança em jogos oficiais. "Empatámos 1-1 em Alvalade com a Dinamarca e o nosso golo foi do Quinito." E foi internacional AA pelo Vitória em duas ocasiões. Sabe de cor e salteado. "O seleccionador era o José Maria Antunes. Estreei-me em Berna, com a Suíça, em Novembro de 1969. Um mês depois perdemos 1-0 em Wembley com a Inglaterra, na estreia do José Henrique [guarda-redes do Benfica]."

De 1970 a 1976 jogou no Sporting onde ganhou um campeonato mais três Taças de Portugal. "Assinei pelo Sporting e vivia em Setúbal, onde estava a fazer a tropa. Mas ia sempre treinar-me a Alvalade, todos os dias à noite. " E não era cansativo? "Na altura havia poucos carros e o trânsito era quase nulo." E ri-se. Contagia o i. De volta a Setúbal em 1976, faz mais duas épocas na 1.a divisão até se transferir para a União de Leiria, então na 2.a divisão. Sobe de escalão, na estreia dos leirienses na 1.a Na primeira vitória de sempre da União, adivinhe quem marca um dos golos? Pois claro... Tomé. "Você diz 2-1. Acho que não, veja lá bem. Foi 3-1." E não é que foi mesmo 3-1?! Essa época não acaba bem e a União volta à 2.a divisão. E, qual iô-iô, sobe novamente. No seu último jogo da carreira, o da festa de campeão do escalão secundário, acontece de tudo a Tomé. "Olhe, marquei um golo ao Estoril, lá na Amoreira, fiz um penálti, levei um amarelo e perdi todas as medalhas ao peito. Sim, porque naquela altura não havia essa proibição. Acabei o jogo, pus a mão no peito e senti a falta do fio e das medalhas. Ainda fui à procura mas qual quê! Nunca mais as vi, até porque o sistema de rega e corta relva entrou logo em funcionamento e nem deu tempo para ver tudo como deve ser." E ri-se, como é seu jeito. "Paciência, perdi as medalhas e perdi o jogo, mas subi de divisão porque o avanço já era considerável sobre o Estoril e o Rio Ave naquela liguilha para definir o campeão. No ano seguinte, fui adjunto do Pedro Gomes."

 

In ionline.pt


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