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Schaars: «Sou o jogador dos passes inteligentes» PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Quinta, 27 Outubro 2011 11:53

111027_schaarsA sua transferência para o Sporting foi muito rápida, uma surpresa...

Sim, foi muito rápido. Tinha acabado de chegar da selecção, e o meu manager ligou-me a dizer que o Sporting, um grande clube, estava muito interessado e que devíamos ouvir o que tinha a dizer. O meu pai esteve cá antes e gosta de Lisboa, mas não foi por aí... Eu já conhecia alguma coisa do Sporting, conhecia os grandes jogadores que jogaram cá. E via também o FC Porto, Benfica e Braga a jogar nas competições europeias com bons resultados. Resolvi estudar a proposta e, quando ouvi o que me tinham a dizer, pareceu-me perfeito. Todas as luzes estavam no verde para assinar pelo Sporting. Era um novo desafio e, para mim, o melhor era sair da Holanda. Estava em conversações com o PSV Eindhoven, mas era melhor sair para uma nova língua, novo clube, novo país, nova experiência, novos estádios... Foi a melhor escolha.

O negócio teve lugar quando voltou da selecção da Holanda. Conquistar definitivamente o seu espaço e tentar ganhar o estatuto de titular foi uma das motivações para mudar de ares?

Eu jogava no AZ Alkmaar e via os melhores da Holanda a jogarem em clubes estrangeiros, em boas equipas. Se conseguisse dar esse passo, seria melhor para mim...

Foi apresentado como um dos jogadores de maior cartel a aterrar em Portugal. Isso subiu as expectativas e aumentou a pressão?

Não sinto pressão, só orgulho por terem dito isso. Conheço as minhas qualidades, a minha capacidade física... Deram-me confiança e agradeço, mas não sinto pressão por isso. Tivemos um início difícil, apesar da boa pré-época - excepto com o Valência, uma grande equipa, num jogo em que não jogámos bem. Faltou-nos sorte nos primeiros jogos oficiais. Com o Olhanense, tivemos imensas oportunidades e não marcámos, em três jogos só tínhamos dois pontos, é claro que era decepcionante e esperávamos mais deste clube e da equipa. Mas temos muitos jogadores novos, vamo-nos conhecendo, as coisas saem mais naturalmente. Agora é mais fácil. Somos uma boa equipa e fiz uma boa escolha.

Persistência deu resultados

Depois desse mau arranque, o treinador Domingos teve um papel decisivo na recuperação e evolução da equipa?

Não foi o treinador, em particular... Desde o primeiro dia que ele insiste no trabalho e acredita nele. E no final vê-se que tinha razão. Não se pode comprar tantos jogadores e ser logo uma grande equipa. É impossível, é preciso tempo. Essa foi a principal razão para não estarmos tão bem no início. Agora conhecemo-nos, sabemos a qualidade de cada um, vamos repetindo processos, e as coisas saem. Temos jogadores importantes e sabemos do que somos capazes.

Tem a ver com a alteração para o sistema táctico 4x3x3?

Sim... mas quando pressionamos é 4x2x4... Às vezes temos dois jogadores à frente, temos sempre três ou quatro na área nos cruzamentos. Jogamos muito ofensivamente, o sistema pode fazer diferença, mas a principal razão para melhorar é mesmo a rotina; maior conhecimento. A qualidade está lá se nos sentimos bem com o sistema táctico. Cada dia é mais fácil.

O próprio Schaars tem melhorado, em processo paralelo ao da equipa. Qual é a relação?

Se olharem para o meu jogo... no início é tudo novo, tentava encontrar o meu espaço e dar tudo. Se a equipa não funciona bem, eu não sou daqueles que passam por dois ou três, sou a ligação e o jogador de passes inteligentes. Com a equipa bem, é mais fácil para mim. Por isso, agora estou melhor.

O ciclo de vitórias coincidiu também com a saída de Djaló e Postiga, que eram habitualmente titulares. Era preciso sangue novo no onze?

Não creio que seja por isso. Mesmo com eles os dois, no fim de contas iríamos começar a ganhar. Somos tantos novos que nos temos de adaptar. Mesmo eles os dois são jogadores de qualidade; Djaló marcou dois golos à Juventus na pré-temporada! Podiam fazer a diferença.

Foi então a maior rotina nos mecanismos a criar a espécie de bola de neve a que se assiste?

Sim. Trabalhamos desde o primeiro dia na mesma intensidade, estilo, rotinas, e no final tinha de resultar. No início tentávamos e, por exemplo, os cruzamentos de Capel saíam mais largos... Faltavam essas coisas, porque não nos conhecíamos. Agora sim.

"Terceiros? Temos de ser campeões!"

Qual a importância do aspecto anímico no momento da equipa?

Lá de fora vão falar positivo, porque estamos a ganhar. Mas isto é apenas o início. Ainda não jogámos com Braga, Benfica ou FC Porto. Faltam os jogos grandes, só jogámos com a Lázio. O Sporting não é clube de ser segundo ou terceiro; temos de ser campeões. Mas estamos ainda no início. Damos mais e mais para mostrar carácter a nós próprios e vamos continuar. Todos esperam os grandes jogos, mas se não ganharmos os jogos pequenos, nunca seremos campeões. Temos de ganhar, e não é fácil contra equipas que defendem muito. Estamos ansiosos por esses jogos grandes.

É visível que a confiança está em alta. Sentem-se imbatíveis?

Não somos imbatíveis; ainda não. Ainda não somos suficientemente bons para isso. A confiança é alta, é difícil jogar contra nós agora. Temos confiança, qualidade, sabemos o que fazer, e tudo funciona bem. Agora somos fortes e um adversário duro de defrontar. E ainda só jogamos juntos há dois meses. Não jogamos juntos há três anos, isto é só o princípio.

A pressão aumenta à medida que o ciclo de vitórias se alarga?

Não, porquê? Se ganhamos, o sentimento é positivo. As expectativas é que podem ser maiores. Mas é o que queremos. Eu não vim para ficar em terceiro; vim para encurtar a diferença para Benfica e FC Porto e tentar ainda mais - ser campeão. Depois de 8 de Janeiro jogaremos com o FC Porto e teremos outros jogos importantes. Aí se verá o quão fortes somos. Não sabemos qual o nosso lugar sem fazer esses jogos. Para o ano saberei; nesta altura, mesmo sendo nós fortes, ainda não sei.

"Pendor ofensivo resulta nos dois sentidos"

O futebol ofensivo da equipa está a voltar a entusiasmar os adeptos...

Sim, claro, os adeptos gostam sempre mais de ver a equipa a atacar, a fazer golos, do que a defender. Mas isso só é possível depois de se conseguir uma boa organização. Claro que tentamos sempre fazer muita pressão sobre os adversários para eles cometerem erros e perderem rapidamente a bola, mas também temos de dar crédito à defesa por apoiar os médios nesse trabalho; nesse bom trabalho.

 

Os jogadores sentem o público de Alvalade como um 12º jogador, como disse Domingos?

 

Sim, sentimos. O barulho que fazem é tanto que só um surdo não os conseguiria ouvir. Eu estou sempre muito concentrado e não tenho muita ligação com a audiência, porque acho que isso distrai muito, mas às vezes, quando um jogo já está dois ou três a zero e eles começam a aplaudir, então percebemos isso. E claro, são coisas que trazem boas vibrações. Por outro lado, nós também lhes temos dado bom futebol e bons resultados

 

"FC Porto não está tão forte nem consistente"

Já falou sobre o Benfica, mas não sobre o FC Porto, que nos últimos anos foi a equipa portuguesa mais projectada no estrangeiro. A imagem que tinha deles quando estava na Holanda está a ser correspondida?

O que eles fizeram na última época foi impressionante. Não perderam nenhum jogo, ganharam tudo o que tinham para ganhar, eram uma equipa realmente forte. Esta época tenho de dizer que estão fortes, mas não tão fortes como na última época. Perderam Falcao, o treinador também saiu; continuam a ser uma boa equipa, são uma equipa forte que pode ganhar o campeonato e ir à próxima fase da Champions, mas tenho de dizer que não são tão fortes como na última época. Na época passada eram mais consistentes, as coisas saíam facilmente, e a mensagem que passavam aos adversários era: "OK, vocês estão aqui, mas não têm hipóteses." Vi-os contra o Villarreal e marcaram cinco golos num instante. Mataram-nos. Esta época, não sei se são capazes de fazer isso outra vez. Vamos ver...

O campeonato está mais interessante esta época...

Acho que as equipas estão mais aproximadas. O Sporting está muito mais forte do que na última época, o Benfica também está muito forte.

"Fortes de início: somos um grande"

O Sporting já ganhou jogos com golos madrugadores e entra sempre a matar. Domingos pede muita intensidade de início?

Sim. Somos o Sporting e temos de mostrar aos adversários que somos um grande clube. Se formos fortes de início, todos os jogadores da equipa se sentem desde logo envolvidos. Temos de agir em vez de reagir, esse é o caminho.

Como poderia ser este Sporting com Izmailov e com Jeffrén?

Ambos têm muita qualidade, mas Jeffrén está quase a voltar. Na direita, temos Carrillo, Matías, Pereirinha, agora volta Jeffrén, talvez jogue ou talvez tenha de ficar no banco. Mas é um bom plantel, com dois jogadores por posição; só assim se constrói uma grande equipa, com 22 bons jogadores. A época é longa, há as lesões, suspensões... Precisamos de toda a gente.

"Estamos parecidos com o Benfica"


O jogo com o Benfica será o primeiro grande teste. Temem que possa ser um choque com a realidade, em caso de resultado negativo?

Não sei. Temos de ganhar os jogos até lá primeiro. Não sabemos o que acontecerá noutras condições nesses jogos. Temos de pensar jogo a jogo e, agora, o mais importante é o Feirense. O Benfica é uma grande equipa, tem jogadores de qualidade, bons defesas, muitos que podem marcar. Será interessante, de certeza. Vi o jogo com o Twente, porque são holandeses, e vi potência e capacidade física, sempre a correr e a atacar, uma e outra vez. Confiantes, será difícil jogar contra eles. Estamos parecidos. O Sporting mais forte? Não sei, espero que sim.

"Vejo-me como o cimento, a ligação que faz com que as coisas aconteçam"

Sente-se importante na dinâmica de vitórias?

Claro. A jogar sempre 90' sente-se isso. Sentimo-nos parte do jogo, às vezes mais importantes por assistências ou golos, embora eu não conte com isso; não é coisa à qual dê tanto valor. Sei as minhas funções e sei que a equipa me aprecia como jogador, é uma boa relação e ligação.

Ao chegar, disse que daria algo mais à equipa. O que pôde acrescentar?

Sim, a minha capacidade física e sou o jogador inteligente, aquele que descobre boas linhas de passes. Também marco golos na segunda linha... É o meu contributo à equipa. Sou o que vê e lê o jogo, faço jogar e posso marcar. Há cinco ou seis posições consolidadas, a minha é uma delas. Pode ser que as coisas mudem no futuro, mas se acontecer, não vou dizer ao treinador que está errado; tenho é de provar que está errado. Temos de provar que merecemos ser titulares.

Vem rotulado de jogador forte mentalmente e de acções inteligentes em campo, de capitão e extensão do treinador em campo...

Desde pequeno que sou sempre capitão, em todas as categorias, também quando fui campeão em Portugal pelos sub-21 da Holanda. Também no AZ Alkmaar era capitão. Não digo que seja um líder, mas sou aquele que orienta as coisas para os outros, faço que as coisas aconteçam e resolvo tudo. É natural, não forço nada ou tento mostrar o que não sou. Sou assim. Não me sinto líder. Agora, nem é tão fácil, porque ainda não domino bem a língua. Quando acontece alguma coisa, tens de reagir depressa e eu não sei dizer tudo; digo "hey", mas "hey" é o quê? Vejo situações que vão acontecer, se vejo jogadores fora da posição, se vejo que algum tem de estar uns metros para o lado grito para corrigir. Se se movimentarem, já não acontece o que eu previa. É essa a minha maior virtude: vejo coisas antes de elas acontecerem. Se calhar, é por isso que falam da minha liderança. Quanto ao facto de dizerem que eu era o adjunto dentro de campo... a verdade é que eu não apreciava muito que dissessem isso, porque, para mim, é algo de natural corrigir o posicionamento dos jogadores e dar outro tipo de indicações. Não é por me querer armar em treinador, é mais por querer ganhar os jogos e, nesse sentido, ajudar a que as coisas funcionem melhor. Talvez fosse por essa razão que se dizia isso, mas não é que eu quisesse funcionar como um treinador...

Não gosta de ser a estrela...Uma estrela não se faz a falar, mas sim com os pés.


Chegou a dizer que o futebol na Holanda era mais pausado e pensado, como o xadrez, e que em Portugal era muito rápido e com muita pressão. Já está adaptado à liga portuguesa?

Na Holanda, é mais cerebral, a construir as jogadas desde trás. Há menos velocidade, mas a habilidade individual talvez seja melhor, porque a fazer tudo muito rápido, como cá, é natural que algumas coisas saiam mal; tens de controlar a bola e passá-la mais depressa. O jogo cá é mais forte por isso, porque tens de fazer tudo mais depressa. Talvez tenha uma vantagem ao saber ler assim o jogo, ainda por cima é um dos meus pontos fortes. Jogo com força, alguma velocidade, e posso ser mais táctico. Agora sim, estou adaptado. No início era difícil, às vezes aos 70' de jogo já estava sem ar e tinha de ir com calma. Mas agora já vou com vinte e tal jogos, com os da pré-temporada, já estou completamente adaptado.

Na Holanda, compararam-no a Steven Gerrard. Acha a comparação adequada, ou há outro jogador com o qual se considere mais parecido?

Gerrard é um dos jogadores que mais correm em Inglaterra; ele faz para aí uns 40 km em cada jogo. Eu faço o mesmo, então a comparação vem daí; a pessoa disse isso no sentido em que eu também era capaz de correr uns 40 km nos jogos das grandes competições. Tenho capacidade física para isso. Mas se tiverem de me comparar, têm de pensar em mim mais como um jogador... que pode não ser visto, mas que se sente sempre. Não estou sempre a dar nas vistas, a marcar golos, mas sou como aquilo que se põe entre os tijolos numa construção; sou uma espécie de cimento, é assim que vejo o meu papel numa equipa. É isso que podem dizer de mim. Posso não ser visto, mas sentem-me sempre.

"Capel é bom, mas também precisa de nós"

Um jogador que tem estado muito em destaque no plantel é Capel, apontado pela generalidade das pessoas como um fenómeno. O Schaars também o considera a esse nível de excepção?

Não. Acho que ele é um bom jogador, tal como outros o são, mas... ainda não é um Messi [risos]. Ainda agora, com o Gil Vicente marcou dois golos de cabeça, mas o segundo, por exemplo, até a minha avó marcava [risos]. Mas, por exemplo, o Carrillo entrou e em apenas 15 minutos esteve em três golos... Tudo depende da perspectiva. Ele é um dos jogadores do plantel que estão realmente confiantes, é um jogador que precisa disso, porque quando a equipa jogar mal, então é que quero ver se ele é capaz de passar por três adversários. Quando a equipa está confiante, toda a gente joga bem e ele aposta no um contra um e consegue levar a melhor. É um bom jogador, não há dúvida, nós precisamos dele, mas ele também precisa da equipa. E agora está em boa forma. É um ala, agora já sei bem o que ele pretende, ele procura sempre os duelos individuais, por isso tenho de procurar colocá-lo em boa posição para isso e depois ir até à grande área, porque já sei que ele depois vai cruzar para lá. Tem boa qualidade, faz bons cruzamentos, marca golos, portanto é bom para a equipa.

"Conversámos com Rui Patrício e agora ele está bem e confiante"


Com o reagiram à fase menos conseguida de Rui Patrício?

A equipa não funciona em termos individuais, mas colectivos. Ele teve uma fase má ao recolher dois atrasos que resultaram em livres indirectos - um foi golo, o outro foi ao poste. Podia discutir-se se ele devia agarrar a bola ou não devia, mas as coisas não se puseram nesses termos; somos um todo como equipa. Se nos conhecermos todos bem, as reacções também são diferentes. Sabemos o que queremos, sabemos o que ele quer e, por exemplo, no último jogo ele agarrou todas as bolas. Quando nos habituamos todos uns aos outros, tudo fica mais fácil. Agora, ele tem estado muito bem, tem estado confiante, também porque conversámos com ele, perguntámos-lhe o que é que ele esperava que nós fizéssemos em determinado tipo de lances, e essa é a única maneira de trabalhar.

"Ricky marcará mais de 12 golos e irá à selecção"


Ter um compatriota na equipa, como Van Wolfswinkel, possibilita sempre ter um apoio...

Para mim, é fácil estar com o Ricky, claro. É bom rapaz, normal, simples e relaxado. Estou muito com ele, porque é boa pessoa e, como jogador, consegue marcar golos. Está a fazer um bom trabalho. É um colega, não o meu amigo ou melhor amigo; talvez se ficarmos juntos uns anos, nos tornemos bons amigos.

O mítico avançado sportinguista Manuel Fernandes disse há dias que esperava que ele marcasse 12 golos no campeonato. É uma marca realista ou pode ser superada?

Se jogar sempre, pode marcar 12 e talvez mais. Não lhe quero dar essa pressão de ter de marcar sempre um ou dois. Não é realista. Espero que sim, mas não podemos esperar que marque sempre.

Acha que o Van Wolfswinkel merece uma oportunidade na selecção?

Na frente de ataque da selecção, a qualidade é inacreditável. É claro que o Ricky irá ter as suas chances no futuro, não há dúvida, mas se me perguntar se ele vai ser o principal ponta-de-lança, isso não posso dizer, porque com Huntelaar, Van Persie, Robben, Kuyt... não se pode saber. Mas se o Ricky continuar a marcar golos, irá ter uma oportunidade na selecção, isso é certo. Temos de pensar a longo prazo, ele ainda é novo, tem 22 anos.

Ainda pode crescer fisicamente?

Sim, aliás ele está a crescer. Se o tivessem visto quando ele tinha 18 ou 19 anos... era realmente fininho. Agora ele joga com intensidade, está cada vez mais forte e ainda vai ficar mais no futuro.

"Carrillo é diamante em bruto com parecenças com Ronaldo"


Acha que Carrillo ainda tem de crescer táctica e fisicamente?

Claro, e isso só se consegue jogando. Mas ele é jovem...

Há quem veja parecenças com o estilo de Cristiano Ronaldo. A comparação faz sentido?

Há uma diferença: o Ronaldo tem mais potência. Tem uma capacidade de explosão espantosa, e é por isso que é um dos melhores do mundo. E demonstra-o todas semanas da época. Carrillo pode ter dois ou três jogos em que não se vê, mas isso também porque ainda é muito jovem. Ele é um diamante que tem de ser polido. Não é muito esforçado, mas é um jogador com qualidade.

"Nem ir para o banco é fácil na selecção holandesa"

Sobre a selecção da Holanda, acredita que pode vir a ser chamado mais regularmente e ascender na hierarquia das escolhas?

É difícil. Espero que sim, talvez, vamos ver. Sei que eles estão muito contentes comigo, gostaram do que viram nas últimas duas vezes em que estive lá, mas o nosso meio-campo está mesmo, mesmo cheio de bons jogadores: Sneijder, Van der Vaart, Van Bommel, De Jong... portanto, não é fácil entrar na equipa ou mesmo ir para o banco. Tento fazer o meu melhor, só posso provar o meu valor se jogar aqui no Sporting, se jogar bem, tentar atingir um nível ainda melhor.

Espera ir ao Euro'2012?

Sim, claro. É algo que eu espero, estive no último Mundial, é fantástico ir a torneios como esses, é algo de especial.

Com a lesão grave que teve há uns anos, esperava chegar algum dia ao Mundial?...

Nessa altura, eu ainda não era internacional, tinha 21 anos. Mas agora estou feliz por poder jogar um bom futebol, estou num grande clube, regressei à selecção e só posso agradecer aos que me ajudaram. Não espero nada de especial, só quero jogar futebol, treinar dia após dia e divertir-me.

"Ter Rinaudo nas costas ajuda"


É fácil jogar com um jogador ao estilo "pitbull", como Rinaudo, nas costas?

É bom jogador, mas às vezes podia ser mais esperto nas coisas que faz. Não precisa de apanhar sempre a bola, quer sempre chegar lá, e isso já lhe custou alguns cartões. É jovem e tem muitas qualidades para ajudar a equipa. Com um jogador como ele, torna-se mais fácil correr para os espaços, porque sabemos que ele recupera a bola e devolve-a. Ajuda muito, para mim é bom.

Sentir-se-ia confortável a jogar na posição dele?

Sim, posso jogar lá. À frente, estou mais envolvido, fico na segunda linha de remate e com possibilidade de fazer passes inteligentes entrelinhas. É mais o meu jogo, mas posso jogar a controlar mais atrás e a construir.

Liga Europa é possível


O Sporting tem hipótese de ganhar a Liga Europa? A Lázio terá sido um bom teste...

Agora estamos apurados, estamos confiantes, talvez os próximos jogos sejam bons para dar oportunidade a outros jogadores. Mas temos de jogar para ganhar todos os jogos. Ninguém gosta de perder. A Lázio foi um bom teste, mas infelizmente tivemos de jogar muito tempo com menos um e, portanto, não deu bem para ver. Acho que temos qualidade para nos batermos contra as grandes equipas, praticar bom futebol e conseguir bons resultados, mas vamos ver.

"Jogar até aos 35 anos e acabar na Holanda"

No futuro, pensa vir a ser treinador?

Só tenho 27 anos, espero jogar ainda mais oito anos, até aos 35. Para já espero jogar no Sporting mais uns anos, depois talvez noutro clube, de outro país, não sei, nunca sabemos o que nos pode acontecer. E depois voltar à Holanda no fim da carreira; isso seria uma carreira perfeita. Mas penso dia após dia. Toda a gente diz que eu deveria vir a ser treinador, dizem que sou fanático e que sei ver os jogos, mas talvez eu não queira, há muita pressão, e talvez eu queira vir a fazer outra coisa qualquer.

"Neste momento João Pereira é a pessoa certa para ser capitão"


No AZ Alkmaar, era o capitão de equipa; aqui, é o João Pereira. Ele tem um estilo parecido consigo a capitanear?

Não. Ele tem o seu estilo, é claro que eu não percebo tudo o que ele diz, mas ele faz as coisas à sua maneira, como eu faria à minha maneira ou qualquer outro teria um estilo diferente. Mas acho que, neste momento, ele é a pessoa certa.

"Sem problemas em jogar com o pé direito"


É esquerdino, mas também joga com o pé direito, não é?

Se a bola estiver mais a jeito do pé direito, mesmo a 20 metros, não tenho problemas em rematar de pé direito. O meu pé natural é o esquerdo, mas se me pedirem para colocar uma bola a 40 metros de pé direito, não tenho problemas nenhuns.

Adjunto traduz Domingos


Qual a sensação de jogar numa equipa que é uma espécie de sociedade das nações, com jogadores de várias partes do mundo?

Já estava habituado a isso na Holanda; há lá muitos jogadores sul-americanos, escandinavos... Estou habituado. Aqui falamos em espanhol, inglês, holandês. Aliás na Holanda, na maior parte do tempo eu falava inglês no balneário. E também espanhol, não muito bem, mas tentava. Já é um começo para o português, que é parecido.

Percebe o que diz o Domingos?

Não, mas o treinador-adjunto fala muito bem inglês e se eu precisar de perceber alguma coisa em especial, ele depois explica-me à parte. Tem corrido bem, há um bom entendimento. Ao início foi um pouco mais complicado, mas agora já nos conhecemos e sabemos bem o que queremos, por isso esse aspecto já corre bem.

Com a família fora do centro

 
A adaptar-se bem à cidade?

Em especial ao tempo... Gosto de viver na cidade, mas queria uma casa com jardim, tenho dois filhos e gosto que brinquem ao ar livre. Já procurámos uma escola internacional. Daí preferir ficar numa vila em vez de na cidade.

In ojogo.pt

 


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