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Quinta, 09 Fevereiro 2012 19:22
120208sportingO Sporting sobreviveu ao tão temido dia do "juízo final", encontrando no sítio certo a receita para conquistar, na Choupana, o direito a estar presente no Jamor, na final que pode salvar uma época de sobressaltos: foi com o coração, alimentado pela raça do regressado Rinaudo, que o leão descobriu o caminho do triunfo num jogo intenso, decidido em detalhes que escaparam ao controlo de um Nacional que, com o passar dos minutos, foi perdendo... razão.

No jogo que decidia a validade deste Sporting para o resto da temporada, Domingos Paciência recorreu aos trunfos que tinha na manga, sem poupar ninguém - Rinaudo jogava pela primeira vez desde que, a 3 de Novembro, se lesionou - e assumindo o risco de promover a estreia de um reforço - Xandão foi o parceiro de Polga no centro da defesa, rendendo o castigado Onyewu.

Cedo se percebeu que a recuperação do trinco argentino era uma vitamina sem preço para um meio-campo que vivera dias de agonia e a alma que transmitiu à equipa revelou-se contagiosa: a sua presença significa autoridade no meio-campo e a alma que põe em cada lance, apoiada na forma como joga, empurra a equipa para a frente, quase sem esforço alheio.

Ainda assim, o Nacional equilibrava a contenda, fazendo da agressividade arma para nivelar o combate técnico. Os minutos passaram, sem brilhantismo, mas com intensidade entusiasmante - a única oportunidade real fora um corte deficiente de João Pereira, que levou a bola a embater na trave da baliza de Rui Patrício, aos 7', até que um lance, aparentemente inofensivo, levou a bola até à entrada da área do Nacional, onde Rinaudo dispara uma bomba que só explode no fundo das redes da baliza à guarda de Vladan. Explosão de alegria verde e branca, infortúnio a dobrar para o Nacional, que acabava de perder Moreno por lesão e se via em desvantagem. A toada da partida, porém, não mudou: era um daqueles jogos em que os detalhes seriam decisivos, sem que nunca nenhuma das equipas pudesse descansar à sombra de uma margem confortável. Numa batalha a meio-campo, a velocidade e o talento são as melhores armas para quebrar amarras, e os rasgos vinham de Candeias, intratável do lado insular, e Carrillo, sempre irreverente para os leões.

Foi assim até ao intervalo e assim continuou no segundo tempo, até ao primeiro detalhe que escapou à falta de razão da agressividade dos anfitriões: Rondon, que estava a jogar bem, mas carregava um amarelo, visto por protestos, na etapa inicial, travou em falta um contra-ataque conduzido por Rinaudo e recebeu ordem de expulsão. Parecia, então, que tudo estava decidido, mas num jogo destes não se pode facilitar, como percebeu a defesa dos leões, que permitiu a Diego Barcellos o golo do empate num lance de ataque rápido.

Tudo voltava ao princípio, com o Nacional em posição de visitar, pela primeira vez, o Jamor, e o Sporting a ter de ir atrás do resultado, mas, agora, os insulares jogavam com menos um e Domingos tinha de arriscar: Ribas rendeu um Rinaudo esgotado, juntando-se a Van Wolfswinkel na frente (71'), o que obrigou a defesa adversária a alargar-se e aproximou o bloco leonino da área contrária. A consequência chegou apenas dois minutos mais tarde, com a grande penalidade que decidiu a contenda: novo detalhe para além do coração e da entrega, olvidado pela falta de razão de Claudemir que, com ou sem intenção, derrubou Insúa na área e viu Pedro Proença apontar castigo máximo. Com Van Wolfswinkel em campo, a conversão era apenas uma mera formalidade: o Iceman não perdoou, colocou a final a 15 minutos de distância e a mais de um golo de alcance para um rival vergado pela adversidade.

O Nacional tentou até ao último segundo, perdendo-se em picardias e protestos desnecessários, mas era tarde para desalojar o leão de uma posição dominante, conquistada com suor, alma e espírito colectivo.

Filme do jogo

7' Bom arranque de Candeias pela direita, ultrapassando Insúa e cruzando para a área, onde João Pereira, tentando o corte, desvia a bola para a trave da sua baliza. Mateus ainda tenta a recarga, mas Polga limpa.

12' Ataque rápido do Sporting, com Matías Fernández a obrigar Vladan a deixar a baliza. O médio leonino perde tempo e, quando entrega a Carrillo, para o cruzamento, já a defesa está recomposta.

15' Mais Candeias, desta feita da direita para o centro, rematando de pé esquerdo, mas à figura de Rui Patrício.

17' [0-1] Van Wolfswinkel procura espaço na direita, arranca para o cruzamento, João Pereira desvia para a entrada da área, onde Carrillo, em discussão com um defesa, faz a bola sair para o caminho de Rinaudo que, do meio da rua, remata forte, sem hipóteses para Vladan.

23' Grande trabalho de Rondon que, depois de receber de Diego Barcellos, desfaz a defesa do Sporting e, em excelente posição remata forte, mas Rui Patrício defende com segurança.

26' Claudomir tenta de longe, mas o remate sai ao lado.

44' Livre batido para a área do Sporting e, na insistência, Danielson tenta remate sem preparação, mas por alto.

45' Matías Fernández lança Carrillo nas costas da defesa, para o golo, mas Vladan, mais rápido, chega primeiro e... lesiona-se.

51' Canto batido por Matías Fernández e cabeçada de Xandão, ao alto.

63' [1-1] Claudemir lança a bola na frente, para a corrida de Diego Barcellos que, mais rápido que Polga, sem deixar a bola cair, de cabeça, desvia para o ângulo, sem hipótese para Rui Patrício.

75' [1-2] Van Wolfswinkel marca de penálti.

79' Em excelente iniciativa individual, Carrillo desembaraça-se de dois adversários, caminha para a área e serve Van Wolfswinkel, mas o remate do holandês sai fraco e à figura de Marcelo Valverde, que rendera Vladan na baliza do Nacional.

82' Bola lançada para a área do Sporting, onde Candeias desvia para Keita, na cara de Rui Patrício, mas Xandão limpa com um bom corte.

87' Livre indirecto à entrada da área do Sporting, em zona perigosa, que Marçal desperdiça com um remate tortíssimo.

88' Excelente Candeias, com mais um cruzamento perigoso, que só não dá golo porque Keita chega ligeiramente atrasado.

90'+2' Lançamento lateral para a área do Sporting, a bola sobra para Mateus, que remata de primeira, para defesa apertada de Rui Patrício.

Sporting um a um
E Fito levou tudo à frente

Rui Patrício - Sem culpas no golo sofrido, mostrou sempre segurança entre os postes e a sair dos mesmos. Excelentes paradas aos 22' e 90'+2', perante Rondón e Mateus, e muita tranquilidade nas acções que teve.

João Pereira - Fechou a eliminatória com um golo de classe nos descontos, picando a bola sobre Marcelo, depois de arrancada em que foi deixando os adversários para trás, apagando a precipitação no passe e nas saídas com a bola controlada. Perdeu a bola com frequência e de forma infantil. Quase "matava" o jogo, aos 7' a fazer embater a bola na barra da sua baliza.

Polga - Que se passou depois dos 60'? Até então uma exibição certinha, sem falhas e com um sentido posicional apurado, depois... um desastre. Como foi possível aos 63', perante Diego Barcellos, ser batido pelo ar, sem saltar e importunar o rival no momento do cabeceamento vitorioso? Desconcentrou-se e foi coleccionando erros atrás de erros, como aquele em que deixou a bola passar ao primeiro poste, quando Keita, aos 88', chegou tarde para a emenda na pequena área.

Xandão - Inúmeras as dobras que fez a Polga. Subiu de rendimento após arranque algo tímido e acabou com categoria por impor o seu físico: a perna longa evitou, aos 82', que Keita, na cara de Patrício, fizesse golo. Providencial a safar o prolongamento. Senhorial pelo ar.

Xandão à lupa - A estreia ficou marcada pela eficiência, sobretudo nas intercepções conseguidas em acções defensivas, sempre de forma prática e sem rodeios para dar um qualquer chutão na bola e no perigo. No capítulo do passe não teve grandes problemas, apenas quando procurou jogar longo. Em circulação no processo de transição não houve dificuldades. O central até fez esquecer Onyewu nas alturas junto às redes contrárias, disparando, por duas vezes, de cabeça, ainda que a bola tenha saído ao lado do poste nas duas ocasiões. Na única falta que lhe foi assinalada viu o cartão amarelo, apesar da abordagem rápida ao lance (10').

Insúa - Teve dificuldades com a velocidade de Candeias, como se viu aos 7', antes do cruzamento que leva a bola à barra, mas a agressividade constante e a abnegação foram determinantes no ataque final à defesa contrária, sacando a grande penalidade que Van Wolfswinkel concretizou.

Elias - Escondido entre linhas, foi muleta de trabalho junto de Rinaudo, não virando a cara a qualquer duelo. E quando teve de jogar feio, fê-lo sem pudor e com sentido prático de quem tem experiência para avaliar quando não se deve inventar. Raros foram os passes com destino errado.

Matías Fernández - Vagueou por terrenos mais recuados sempre que lhe foi exigido participar nas tarefas defensivas durante a primeira metade. Depois do intervalo, agarrou o jogo, pautando-o com categoria e pormenores de classe.

Carrillo - Feroz na procura do espaço, progredindo com e sem bola sempre em velocidade e cheio de intencionalidade. A arrancada aos 32' provou isso mesmo e quando teve de baixar no terreno para acompanhar o lateral contrário não se furtou a esforços.

Capel - Sem bola para ganhar no corredor a linha, procurou surgir em zonas de finalização com diagonais constantes, ainda que sem efeito. Acusou o desgaste e saiu.

Van Wolfswinkel - Frio na marcação da grande penalidade que valeu o segundo golo, ao contrário da maioria dos momentos em que teve de definir no último terço do terreno. Muito marcado, foi meritório o esforço que fez para dar profundidade ao ataque com diagonais para as costas dos laterais.

Evaldo - Nem sempre acertou o tempo de corte, mas conseguiu manter a bitola de agressividade e rotatividade no corredor imposta por Insúa.

Ribas - Presença física entre os centrais atrapalhou durante alguns minutos, tal como movimentos próprios de ponta-de-lança, ainda que a bola nem sempre lhe tenha chegado.

Carriço - Preencheu o vazio deixado pela saída de Rinaudo, ajudando a contrariar o jogo directo dos oponentes.

A figura

Rinaudo - Com tanta influência, deixou adversário vermelho

Que tiro aos 18', a uns 25 metros da baliza, a estender a passadeira para o Jamor. Aproveitando a saída de Moreno para ser assistido, galgou metros, aproximou-se da zona de tiro e nem os pitons erguidos pelo adversário que lhe saiu aos pés impediu de desferir um forte, colocado, e indefensável remate. E que diferença se nota na equipa ao vê-lo em campo, mesmo a meio gás, com a língua de fora pela falta de ritmo. Isso não o impediu de ir à luta, mostrar a fibra que se pedia no momento de manter a época à tona de água e afastar o galo de desaires recentes. Ganhou muitos duelos, chegou tarde a outros é certo, e ainda arrancou o segundo amarelo a Rondon. Só a pancada no tornozelo esquerdo, o mesmo que o impediu de jogar três meses, é que o parou...

Domingos Paciência
"Foi um desafio sofrido mas digno"

Foi um jogo de sofrimento, resumiu Domingos Paciência, que se mostrou muito feliz com a postura e a prestação dos jogadores do Sporting, na partida que assegurou a presença leonina na final da Taça de Portugal, onde já não ia desde 2007/08. O técnico desvalorizou as questões em torno da arbitragem - aliás, até elogia Pedro Proença e seus assistentes - e defendeu ainda que uma revolução (na equipa) não se faz em sete meses. "Foi um jogo sofrido, difícil, mas digno da parte dos meus jogadores. Estão de parabéns e mostraram a muita gente que formam uma equipa de trabalho", declarou Domingos, referindo também o mérito do Nacional em dificultar-lhes a vida. "Jogámos contra uma grande equipa, com jogadores rápidos, que fazem bem as transições. Tínhamos de ser nós a correr mais riscos", afirmou, lembrando-se do 2-2 na primeira mão, em Alvalade.

"Na segunda parte, o Nacional marcou um golo com alguma felicidade. Apareceu um pouco contra a corrente do jogo, pois foi uma bola bombeada para a área. Mas reagimos bem e chegámos ao segundo e terceiro golos. Não foi um jogo bonito, mas houve disponibilidade", analisou.

Domingos falou também do actual momento da equipa, reafirmando que precisa de tempo para apresentar mais resultados. "Estamos a construir uma equipa. Se houve mudança, não queiram que o futuro seja feito em sete meses", sustentou, reconhecendo, no entanto, metas falhadas. "Claro que sabemos que o tempo se vai encurtando. Alguns objectivos perdemos, outros não. A equipa continua a trabalhar com a vontade de querer mostrar que é uma equipa de trabalho, que quer continuar a crescer", explicou.

Sobre as queixas em relação à arbitragem de Pedro Proença por parte do Nacional da Madeira, o treinador sportinguista subestimou, defendendo que um jogador como Rondon, que já tem um primeiro cartão amarelo, deve ter cuidado para não apanhar um segundo. "Ainda não vi ninguém queixar-se do golo anulado ao Sporting na primeira parte", comentou.

"Há lances que deixam dúvidas, mas não ponho em causa a honestidade de Pedro Proença e da sua equipa. Não fazem por errar. Honestidade acima de tudo", acrescentou.

E sobre a presença na final da Taça de Portugal (contra a Académica), no Jamor, único objectivo nas provas nacionais ainda ao alcance da formação de Alvalade, foi... prudente. "Nunca prometemos nada. Toda a gente tem consciência de que é um ano de mudança. Se pudermos ganhar, melhor. Foi feita uma revolução, e não é em sete meses que se conseguem resultados", insistiu.

O treinador congratulou-se ainda com o regresso de Rinaudo à equipa, assegurando que a substituição precoce, devido a problemas físicos, "não será nada de especial em princípio". "É um regresso bem-vindo. A equipa perdeu alguns jogadores com muita influência, e isso sentiu-se. Brevemente teremos também o Schaars, e a equipa vai crescer", prometeu.

João Pereira
"Tínhamos de dar o máximo!"

Foi já muito perto do final quando João Pereira marcou o golo da tranquilidade para o Sporting, num desafio que considera ser fonte de motivação para o resto da temporada. O lateral-direito reconheceu a responsabilidade do momento para todo o grupo e congratulou-se com a resposta positiva em campo.

"Foi uma vitória sofrida, sabíamos que o Nacional tem boa equipa, tinha um bom resultado na primeira mão, porque nós em Alvalade conseguimos complicar a eliminatória. Mas sabíamos que este jogo era muito importante para nós todos, jogadores, técnicos e massa associativa. Sabíamos que tínhamos de dar o máximo e conseguimos vencer. As vitórias são sempre motivantes e esta especialmente, mas temos de pensar jogo a jogo", explicou, antes de abordar a luta com Marítimo e Braga pelo terceiro lugar da Liga. "Queríamos mais, mas infelizmente temos de lutar pelo terceiro lugar. Quando lá chegarmos, tentaremos algo mais. Na Taça de Portugal, não posso prometer nada", concluiu, cauteloso.

Rinaudo deu louros a Álvaro e Varandas

Que regresso à titularidade de Rinaudo, assinalado com o primeiro golo à Sporting e com a dedicatória a quem o ajudou na terrível fase de recuperação a uma intervenção cirúrgica por fractura no maléolo externo no tornozelo esquerdo: o médico Frederico Varandas e o fisioterapeuta Gonçalo Álvaro. A celebração do golo, vital para o sucesso ontem alcançado, mostrou igualmente a união de um grupo de trabalho em torno de uma das suas principais referências, juntando-se a maioria dos jogadores a Rinaudo enquanto este, antes de apontar para o banco de suplentes, erguia os braços para o ar em jeito de saudação divina.

Não foi sorte nem obra do acaso o feito de Rinaudo, mas é certo que é raro na carreira do internacional argentino. Basta recordar que ao serviço do Gimnasia, na Argentina, em 99 jogos, apontou apenas um golo, precisamente no dia 15 de Fevereiro de 2009, numa partida em que a sua equipa bateu o Lanús por 3-2.

O confronto com oponentes ainda assustou, tal a violência de uma pancada no tornozelo maldito. Coxeou durante uns minutos e acabou por sair, sem, no entanto, preocupações de maior, como sublinhou Domingos Paciência na sala de Imprensa.

Antes, nos minutos finais do jogo, quando João Pereira fez o terceiro golo, foi ver Rinaudo, com colegas, médico, dirigentes e staff a entrar dentro do campo para a molhada de celebração. Pedro Proença teve de acabar com a história, mas Rinaudo não colocou termo aos festejos. Apito final e foi vê-lo sem camisola, tal como os colegas, a aplaudir e a agradecer o apoio dos adeptos. Estes mereceram camisolas e, à entrada do autocarro leonino, ainda caçaram vários autógrafos.

 

In ojogo.pt


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