A proposta de fusão e incorporação da sociedade Sporting Património e Marketing (SPM) na Sociedade Anónima Desportiva (SAD) será esta noite votada pelos sócios leoninos, numa assembleia geral que decorre no Pavilhão Multiusos de Odivelas (a partir das 20h). Uma reunião magna que promete ser dominada pelo caso Cardinal e por Paulo Pereira Cristóvão, apesar de o tema não constar da ordem de trabalhos.
No centro oficial do debate estará uma reorganização do grupo empresarial sportinguista que promete não ser consensual. Apresentada como fundamental para o futuro do clube pela direcção liderada por Godinho Lopes, a proposta de fusão apresentada aos sócios, se for aprovada, implicará um aumento de capital da SAD, dos actuais 39 milhões de euros para os 95,8 milhões.
O objectivo, segundo os responsáveis de Alvalade, é assegurar o cumprimento das novas regras de fair-play financeiro da UEFA (sistema de licenciamento para as provas europeias com regras mais restritivas do ponto de vista do equilíbrio dos clubes, que entra em vigor a partir de 2013-14), assim como a entrada de investidores, garantindo a manutenção da maioria de capital da SAD (quando forem convertidos em acções os 55 milhões de euros em VMOC - Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis, que se vencem em 2016) e possibilitando o emagrecimento dos custos da estrutura.
Argumentos que não convencem Bruno de Carvalho. "Eu vou votar não e apelar aos sócios para fazerem o mesmo", garantiu ontem ao PÚBLICO o empresário, ex-candidato à presidência do clube. "Discordo dos argumentos que são apresentados para justificar esta fusão e, consequentemente, para os empréstimos que são fundamentais para a mesma [um financiamento de 52,8 milhões de euros a subscrever pelo próprio clube, e outro de 67,2 milhões a subscrever pela Sporting SGPS]", justificou.
Para Bruno de Carvalho, os argumentos apresentados pela direcção são falaciosos. "Uma entrada de dinheiro não provoca nem uma boa gestão nem bons resultados financeiros. Em relação ao fair-play financeiro, não será esta fusão que irá resolver nada, até porque não são estas as regras da UEFA, que obrigam em primeiro lugar a um maior rigor nas receitas operacionais. Ou seja, não se gastar mais do que aquilo que se recebe. Não tem nada a ver com engenharias de capitais", explicou.
O empresário e presidente da Fundação Aragão Pinto vinca que a SAD irá apresentar "perto de 50 milhões de euros de prejuízo" esta época e que não será esta operação a inverter a situação: "Resolve os capitais próprios negativos, mas apenas momentaneamente, porque quando for apresentado o resultado negativo de quase 50 milhões de euros, no final da temporada, os capitais próprios negativos vão voltar." E conclui: "Esta operação vai deixar o Sporting na falência, sem capacidade para responder aos compromissos financeiros, sem capacidade para manter as modalidades e sem a capacidade de os sócios serem mais do que "pagadores de empréstimos"."
Outro tema que deverá dominar a reunião magna, ainda que oficiosamente, será o caso Cardinal, que envolve o vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão, constituído arguido sob a acusação de "denúncia caluniosa qualificada" por, presumivelmente, ter montado um estratagema para denegrir a imagem do árbitro assistente José Cardinal. O assunto tem causado desconforto, nomeadamente junto de alguns "notáveis" do clube, como ontem ficou expresso numa reunião do Conselho Leonino, e deverá hoje voltar à ordem do dia.
In publico.pt
Se sócios aprovarem fusão, SAD terá de aumentar capital para os 95,8 milhões de euros
