Todos os sportinguistas foram sujeitos a 90 minutos de puro terror em Munique, mas houve um adepto especial - mesmo sem ser português, diz-se tão leão quanto os melhores - que viajou 500 quilómetros da sua Pádua natal e, para seu desgosto, viu o símbolo pelo qual se apaixonou sofrer o maior vexame da sua longa história europeia. A O JOGO, Ivone De Franceschi, primeiro italiano a jogar em Portugal e um dos heróis da época 1999/2000, marcada pelo ponto final nos 18 anos de seca verde e branca em títulos de campeão nacional, foi à Alemanha como um verdadeiro "tifoso", e foi nessa condição que disse que algo deve ser feito, com calma: "O Sporting nunca, mas nunca pode perder assim, fazer esta figura! Ainda por cima na Europa, onde é muito respeitado, mas é fácil que se procurem culpados nestas alturas.
O clube ganhou uma grande estabilidade nos últimos tempos e não a pode
perder por causa de duas goleadas. Não são estes resultados que põem em
causa o trabalho de uma época. Já aconteceu o mesmo na Champions ao
Roma, sofrer sete golos, mas seguramente a 'societá' do Sporting vai
superar isto." Compreensivo com os adeptos, De Franceschi recomendou:
"Os 'tifosi' sportinguistas são únicos, mas percebo a sua revolta. Não
vale é a pena pedir-se a cabeça do treinador! Isso seria o mais fácil.
É preciso ter calma e assentar ideias para ganhar o campeonato e a Taça
da Liga."
Barbosa faz um grande trabalho
Assim que chegou a Munique, De Franceschi foi direitinho ao hotel onde
a comitiva verde e branca se instalou para abraçar o seu grande amigo e
ex-colega Pedro Barbosa. Sentimentos à parte, o homem que vestiu a
camisola 25 verde e branca antes de João Pinto não tem dúvidas: "O
Pedro está a fazer um grande trabalho. Talvez não seja muito visível
para o exterior, mas fá-lo. Já era um líder nos seus tempos de jogador
e não me espanta que tenha tido futuro no clube noutras funções. Não o
digo por ser seu amigo, sei que é competente."
Sou um sportinguista de verdade
"Escreva aí que eu sou sportinguista de verdade! Cresci como um adepto
do Inter, a minha equipa em Itália, mas sofro pelo Sporting, estou
sempre atento." Após esta manifestação, De Franceschi reforçou: "Ser
campeão no clube foi inesquecível, o maior título da minha carreira,
mas a homenagem dos adeptos, quando joguei em Alvalade pelo Chievo
Verona, foi das melhores coisas que vivi! Emocionei-me, cantaram o meu
nome, dei voltas ao relvado. Não sabia que gostavam tanto de mim."
Voltar ao clube seria fantástico
Depois de terminar a carreira aos 33 anos, ao ser-lhe detectada uma
malformação congénita numa das coronárias principais do coração, De
Franceschi é hoje coordenador do gabinete de observação do Pádua.
Voltar a trabalhar no Sporting seria interessante, mas só pensa voltar
em breve a Alvalade como adepto: "Procuro as pessoas do Sporting,
porque gosto delas, não com outros interesses. Seria fantástico voltar
ao clube, não o nego, mas agora quero regressar a Alvalade para apoiar
a equipa, desde que o resultado seja outro."
Ainda acredito que seremos campeões
Esperançado na conquista do título de campeão, o transalpino só lamenta
que os leões precisem de esperar por um deslize alheio: "O Sporting
está em terceiro lugar e acredito que tem todas as chances de ser
campeão. Eu fico por Pádua a torcer para que assim aconteça [risos].
Aquela vitória sobre o Benfica foi muito importante, uma vez que a
'squadra' não se afastou da corrida, mas é sempre perigoso, quando não
dependemos de nós mesmos. Temos de ser fortes e ter paciência neste
momento difícil. Espero que não seja tarde de mais, até porque o FC
Porto raramente facilita."
In www.ojogo.pt
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