O Atlético de Madrid interessou-se por Alhinho, jogador que o Sporting fora buscar à Académica por 1200 contos. 3500 contos era o valor do negócio aparentemente acordado com Vicente Calderon.
Os dirigentes so Atlético, que também lançaram o canto da sereia a Octávio Machado, chamaram Carlos Alhinho a Madrid para que se submetesse a inspecções médicas. Foi. Mas, para espanto seu, depois de feitos todos os exames, disseram-lhe que... não interessava.
Os médicos do clube descobriram-lhe uma série de lesões que ele nem
sonhava ter e uma placa no tornozelo mais o respectivo parafuso. «Pode
jogar futebol mas, aqui, não» - sentenciaram.
Alhinho prontificou-se a dar um saltinho a Lisboa para buscar os exames
radiográficos e o parecer do dr. Francisco Soares, que o operara ao
perónio, em 1969. Avisaram-no de que não valeria a pena tanta maçada
que o assunto estava encerrado.
Decisão estranha, mas Alhinho não podia fazer nada. No entanto, acabou
por descobrir que talvez as lesões não tivessem passado de pretexto,
porque duas fortes hipótese ganharam maior visibilidade – primeira: a
pérfida campanha de um empresário, que mobilizara jornais, rádios e TV,
receoso de não receber a comissão; segunda: informações transmitidas a
Madrid das convicções políticas doo jogador.
Tal como Alhinho, Octávio viajou para Madrid na ânsia da assinatura do
contrato milionário, deixou-se fotografar na sala de troféus do
Atlético, mas por lá não ficou, segundo a versão oficial de Calderon,
porque o seu clube não aceitou ser obrigado a dispensá-lo para a
selecção...
Só uns tempos depois D. Vicente Calderon desvendaria as suas intenções:
«Tanto Alhinho como Octávio apenas serviram de isco, eu estava
interessado noutros contratos...» Ainda mais asqueroso do que
imaginava, esse «Don Mentiroso»...
In "A Bola"
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