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Quinta, 28 Março 2024
O Ouro da Liberdade no Lamaçal de Gales PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Sexta, 26 Março 1976 22:00

760326_carlos_lopes.jpgFoi, indubitavelmente, a primeira grande proeza individual do desporto português. Em Chepstow, no País de Gales, Carlos Lopes sagrou-se campeão do Mundo de corta-mato. Um triunfo esmagador, dominando de forma insofismável o arrogante inglês Tony Simmons, de um atleta que era... empregado bancário a 7105 escudos por mês, que envergava a camisola do Sporting desde 1967, trabalhado com paciência de chinês e pertinácia por Moniz Pereira, que, assim, recolheu os primeiros louros de uma aposta num trabalho de qualidade em que hipotecara a sua própria... cabeça. Valeu a pena. E muito mais valeria...


Como o grande favorito ficou a conhecer o português Lopes

Que Lopes já era um fora-de-série, apesar de ano e meio antes ainda ter de se levantar de madrugada para se treinar antes do emprego no banco, toda a gente sabia menos George Best, treinador da equipa inglesa, e o seu atleta, Tony Simmons. À chegada à meta, atrasado cem metros em relação ao nosso compatriota, perguntou quem era o fulano que ganhara a corrida. Disseram-lhe que tinha sido o português, Lopes. 

Desdenhosamente, retorquiu: «Não o conheço.» Má memória tinha a britânica criatura, porque Lopes já o vencera em San Sebastian, não muito tempo antes.
Incapaz de cair em  deslumbramento, o campeão confessou que os «outros» o tinham deixado fugir, convencidos de que ele não aguentaria o ritmo, «mas as forças redobram quando se vai à frente».

Curiosa foi a explicação do triunfo de Carlos Lopes, em masculinos, e da espanhola, Carmen Valero, em femininos, num jornal de Gales: «Vitória Ibérica, fim das ditaduras.» Este era o título. Um pedaço da prosa: «...Na verdade, foi um grande choque: um atleta português conquistou o título masculino, logo a seguir a uma rapariga espanhola ter ganho a corrida feminina. Será, porventura, que esta dupla vitória ibérica terá alguma coisa a ver com a libertação da Península Ibérica da opressão dos ditadores?» O comentário, que diz que Carlos Lopes e Carmen Valero haviam flutuado sobre o piso revolvido pelos cavalos (as provas tiveram lugar num hipódromo lamacento), era assinado por Cristopher Brasher, crítico de muito boa reputação no mundo do atletismo.

E, à chegada a Lisboa, Fernando Mamede disparou: « As outras federações, em vez de andarem a fazer barulho, com razão ou sem ela, que se dediquem a um trabalho proveitoso, como a FPA tem feito.» E desvendou, sentimental: «Quando me apercebi de que Lopes ia ganhar apeteceu-me deixar a minha prova e correr para ele, para o abraçar. Afinal, fora a maior vitória do desporto português.»

 

In Jornal "A Bola"


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