A redacção do jornal Sporting seleccionou algumas
das perguntas feitas pelos cibernautas ao tricampeão europeu dos 1500
metros, Rui Silva, e publica agora as respostas do atleta sportinguista
em www.sporting.pt.
José Sampaio
Lagos da Beira – Oliveira do Hospital
– O que pensa fazer quando tiver a idade do grande mestre Mário Moniz Pereira?
– Neste momento, não faço a mínima ideia, mas já me darei por contente se estiver vivo e consciente.
Inês Neves
–
Posso imaginar que tenha sido uma mistura de grandes emoções, mas como
foi antes da prova? Muito nervosismo? Se sim, em algum momento pensou
que isso podia interferir na prova?
– Sim, nervosismo e ansiedade
como é perfeitamente normal, mas como não era a primeira vez que estava
neste estado, estava consciente de que até ao dia de hoje esses
sentimentos não me foram prejudiciais na competição.
Miguel Freire
Antuérpia
–
Rui Silva, como é óbvio, também deve muito do seu sucesso ao «Senhor
Atletismo», esse grande senhor Moniz Pereira. Como mede essa
importância na sua carreira cheia de sucessos?
– Essa importância
não se pode quantificar, o que posso dizer é que foi uma das muitas
pessoas com quem trabalhei até hoje e a quem devo muito. Esse nome de
«Senhor Atletismo» não podia estar melhor atribuído por tudo o que fez,
faz e fará em prol não só do atletismo como do desporto em geral.
Carlos Santos
Albergaria-a-Velha
– Qual a preponderância do trabalho do prof. Moniz Pereira no sucesso do atletismo do Clube?
–
Como eu devo em grande parte da minha carreira ao Sporting, onde se
inclui o professor Mário Moniz Pereira, penso que o Sporting deve muito
ao mesmo os sucessos do atletismo.
Diamantino Pinto
– Que preparação fez, tendo em vista estes campeonatos da Europa de pista coberta?
–
Faço um período chamado de volume onde se adquire a base para depois
poder trabalhar a especialização, não só na pista coberta como na
distância, período esse que dura sensivelmente até ao inicio de Janeiro
e, no seguimento, começa-se então a preparar a distancia em si.
Tiago Diniz
– Rui, o que significa para si o Sporting e o que sente ao representar o nosso Sporting?
–
O Sporting, para mim, é toda uma carreira e é com enorme orgulho,
dedicação e sentimento que represento esta grande instituição e posso
afirmar que independentemente do futuro, esta ficará para sempre no meu
coração.
Miriam Ribeiro
– Qual é a sensação de ganhar a medalha de ouro, batendo recordes como os do espanhol Diego Ruiz e do francês Yoann Kowal?
–
Ganhar a medalha de ouro foi muito importante na medida que me
encontrava ausente dos palcos de pista já há 4 anos. Ganhar então ao
Diego Ruiz que era o segundo europeu do ano e ao Yoann Kowal que foi a
revelação do campeonato nesta distância, deixou-me bastante satisfeito.
Henrique Calado
–
Será que o Rui Silva vai ser um dia corredor dos 10 000 metros e depois
da maratona, à semelhança do que fez Carlos Lopes, que foi progredindo
nas distâncias com grandes resultados?
– Certamente que sim e
talvez num futuro próximo, agora no que diz respeito aos grandes
resultados, só o tempo o dirá, mas irei trabalhar com afinco para poder
representar o Sporting e Portugal como tão distinto atleta.
Bernardo Garcia
– Quando é que um atleta de meio-fundo percebe que está na hora de aumentar a distância das provas em que compete?
–
Tem de se sentir o corpo porque está constantemente a dar sinais se
estamos a agir e treinar no caminho certo, de outra forma, ele vai
obrigar a parar ou, pelo menos, abrandar a carga de treino.
Paula Ferreira
– Será que o Rui é como o «vinho do Porto», quanto mais velho, melhores os resultados?
–
Espero que essa máxima se mantenha, mas desde já tenho a consciência de
que tudo tem um fim; o que posso fazer é tentar atrasar ao máximo o
final da minha carreira, de forma digna; enquanto tiver força e
capacidade para tal, irei explorar todas as capacidades do meu corpo.
Marta Nunes
–
O que mais o motivou para este regresso fulgurante? O que lhe passa
pela cabeça nos momentos mais duros de treinos, naqueles em que é
necessário suportar a dor física e mental, no que pensa para se tornar
mais forte? Quais os seus factores de motivação?
– O que motivou
foi nunca desistir e não aceitar que, para mim, o atletismo estava
terminado. Nos momentos mais duros é onde vou buscar toda a força que
me falta e toda a frescura mental de que necessito, os factores de
motivação de todos os objectivos que tenho pela frente e a superação a
cada dia.
César Augusto
– Rui, o que lhe passou pela mente quando cruzou a linha de chegada?
–
Sentimento de objectivo cumprido, satisfação e também em todos os
momentos difíceis que tive de ultrapassar para chegar com sucesso à
linha de chegada, desta vez.
André Ribeiro
sócio n.º 18 145
–
Na sua opinião, o Sporting tem condições para continuar a impor-se no
atletismo internacional, conseguindo manter o nível a que nos habitou
nas últimas décadas ou entende, por outro lado, que para se continuarem
a alcançar os resultados de sucesso que os atletas portugueses têm
conseguido, é necessário emigrar (como fez, por exemplo, Francis
Obikwelu) e procurar métodos de treino e infra-estruturas que não
existem em Portugal?
– Sim, todas as condições para tal e até
melhorar; em termos de infra-estruturas, não estamos mal, com algumas
lacunas, é certo, mas muito melhor do que na década anterior.
Respeitante aos métodos de treino, hoje em dia existe uma abertura tão
vasta em termos de formação a nível mundial que os técnicos que temos e
formamos em Portugal podem perfeitamente atender a essas exigências,
assim tenham vontade e disponibilidade para o fazer.
In www.sporting.pt
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