Quarta, 04 Março 2009 10:30 |
Futebol à portuguesa
Não sou do Sporting, mas sofri horrores com os 0-5 contra o Bayern. Porque torço sem reservas pelas equipas portuguesas nos jogos com estrangeiros, porque detesto as equipas alemãs e porque simpatizo com Paulo Bento.
Paulo Bento é um líder, pensa pela própria cabeça e tem sido objeto de ataques injustos – até por parte de sportinguistas. Com ele o Sporting tornou-se uma equipa mais homogénea, praticando um futebol aberto, alegre, só pecando por alguma incapacidade para transformar em golos a quantidade de futebol que produz.
Mas como se justifica a derrocada contra o Bayern? Como se explica
tamanho desastre, logo a seguir a uma bela vitória contra o Benfica e
antes de um valioso empate contra o Porto?
A meu ver, Paulo Bento cometeu um erro de palmatória, causado por uma
certa falta de maturidade. Qual foi? Foi ter montado a equipa e
planeado o jogo exclusivamente em função do adversário. Temendo o
Bayern, preocupou-se em anulá-lo. Definiu a tática e escolheu os
jogadores tendo em conta esse objetivo, fazendo alterações que se
revelaram fatais.
Ora as equipas têm de pensar em si próprias antes de pensar nos outros.
Têm de ser montadas de acordo com as suas rotinas e as suas dinâmicas.
Veja-se o Manchester United do experiente Ferguson. Adapta-se às
contingências do jogo – mas não se subordina a elas. Atua sempre da
mesma forma e com os mesmos jogadores.
O grande erro de Paulo Bento foi não ter posto em campo a equipa do
Sporting – mas uma equipa anti-Bayern. Quando o antídoto começou a
falhar, foi o descalabro. De futuro, Bento não precisa de se benzer com
água-benta: basta-lhe acreditar mais nele e temer menos os adversários.
JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA In www.record.pt
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