Sexta, 26 Fevereiro 2010 23:36 |
Antes do mais devo informar os sportinguistas que o meu clube do coração é e sempre foi, o Boavista. Sei que há muita gente que não consegue distinguir o sentido lato de um trabalho profissional e não foi por acaso que escolhi contar esta história na minha primeira intervenção neste site.
Estávamos na época 2001/2002, na qual o Sporting fez uma tripla (campeão nacional, Taça de Portugal e Super Taça). Trabalhava eu no Sporting há mais de um ano. A minha missão era a de alertar o presidente das armadilhas que iam colocando no caminho do Sporting e encontrar forma para as combater.
Quando fui contratado tive o cuidado de informar que tudo o que pudesse vir a fazer seria dentro da legalidade. Ou seja, provar que com honestidade era possível combater a verdadeira Máfia que governava o futebol português.
O Sporting estava na frente do campeonato nas últimas jornadas e o Boavista tinha sido campeão na época anterior. Boavista e Porto seguiam-nos com uma proximidade perigosa e salvo erro, a 3 jornadas do final do campeonato, o Boavista visitou Alvalade. O jogo era importantíssimo e podia definir o título. Como conhecia demasiado bem o “Sistema”, sabia que iam tentar tramar o Sporting nesse jogo. 15 dias antes soube que o árbitro já estava nomeado quando isso só devia acontecer na semana seguinte .
Fiquei atento, fui falando com várias pessoas e na semana que antecipou o jogo soube que Valentim Loureiro, tinha telefonado ao árbitro e jantado com ele num restaurante da cidade do Porto, facto que viria a ser confirmado, muito mais tarde, através das escutas do processo Apito Dourado.
Fiz um relatório de detalhado para Dias da Cunha contando-lhe tudo o que se estava a preparar para aquele jogo. Depois de ler o meu relatório, o presidente ficou em pânico e sem saber como poderia combater aquela situação. Não havia provas e o regulamento da Liga proibia que se pressionasse a equipa de arbitragem antes de um jogo. A situação não era fácil de resolver porque, para além do mais, o presidente da Liga estava envolvido no problema.
Estudei o assunto e arranjei a solução: Manolo Vidal era o director desportivo do Sporting e antes do jogo tinha de levar as fichas dos jogadores ao árbitro. Ficou então combinado que quando Manolo Vidal fosse à cabine do árbitro diria ao juiz da partida amavelmente: “Então o jantar de terça-feira correu bem?” E ficava à espera da resposta.
Soube depois, que o árbitro, quando ouviu a pergunta de Manolo Vidal ficou lívido e fez de conta que não a ouviu. Foi o bastante para dar a entender ao árbitro que o Sporting sabia o que tinha acontecido e em caso de roubalheira as coisas podiam-se complicar para o seu lado, até porque ele não sabia se tínhamos provas ou não.
O Sporting ganhou e até foi beneficiado num ou noutro lance. Manteve a liderança e conquistou o título. Sem barulho e com honestidade foi vencido um grande problema.
In sportingapoio.com
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