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 Russo vai ser operado ao joelho e pára dez semanas. De Iordanov a Sá Pinto, de Delfim a Niculae, há uma camisola do Sporting que traz lesões desde 1995
Michael Jordan deitava a língua de fora quando arrancava para o cesto. Pep Guardiola punha os jogadores do Barcelona a ouvir Coldplay no balneário. Cruyff só gostava de jogar com o 14 nas costas. Bergkamp falhava compromissos europeus por entrar em pânico nos aviões. Barthez dava um beijo na careca de Laurent Blanc antes dos encontros da França. Todos os atletas têm tiques, manias ou medos.
Marat Izmailov, médio do Sporting, curou tudo - deixou de fazer o movimento brusco de esticar o pescoço para a frente, já é capaz de entrar em campo sem utilizar as chuteiras fetiche (o modelo chegou a ser procurado em feiras de revenda, por já não se fabricar) e adaptou-se bem à primeira aventura fora do Leste. O russo curou tudo. Ou quase tudo. A maldição do número 7, que nasceu com a saída de Figo em 1995, empurrou mais um para o bloco operatório, depois de Sá Pinto, Iordanov, Leandro, Delfim e Niculae. Paulo Bento perde uma unidade fulcral até Outubro. E como um azar nunca vem só, Izma, como é tratado pelos amigos, falha o regresso à Europa para a redenção - no último jogo internacional que fez, foi goleado pelo Bayern: 7-1.
Investimento No final do primeiro encontro em Portugal, os 125 mil euros investidos por um ano de empréstimo tinham rendido uma Supertaça (1-0, FC Porto). 47 jogos e oito golos depois, o Sporting investiu 4,5 milhões de euros para garantir em definitivo a contratação do internacional - uma das maiores compras de sempre do clube -, que jogou menos jogos, menos minutos e fez menos golos em 2008/09. Mesmo assim, mantém-se como um dos imprescindíveis do plantel e, perante uma possível proposta do Lokomotiv Moscovo (a ex-equipa), os responsáveis leoninos fizeram logo saber que só sairia pelo valor da cláusula de rescisão: 25 milhões.
Izmailov é o jogador com mais partidas disputadas pelo Sporting em ano de estreia (2007/08). E, apesar da personalidade tímida e reservada (não é muito sociável nem dá grandes conversas), é muito respeitado por companheiros e técnicos, pelo grande profissionalismo e espírito de sacrifício. Esta temporada, por exemplo, chegou duas semanas antes a Alcochete para começar a recuperar da lesão no tendão rotuliano do joelho direito. O tratamento conservador não foi suficiente e, por isso, terá de ser operado.
É próximo de Vukcevic e Veloso, dá-se bem com Pereirinha ou Moutinho mas o melhor amigo foi sempre o trabalho. Ao ponto de terem mesmo de o mandar recolher aos balneários por excesso de treino. Foi assim que, em seis meses, passou da equipa de reserva do Lokomotiv para a selecção russa. E que despertou o interesse de alguns colossos europeus em 2006, casos de Liverpool, Arsenal ou Barcelona. Agora, até português já arranha. Não fuma, não bebe e não sai à noite. Mas nem isso valeu ao Czar de Alvalade. Porque a maldição do 7 parece conseguir superar qualquer reinado.
In ionline.pt
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