O antigo técnico de Sporting e FC Porto morreu, aos 76 anos, de cancro. "A alma do futebol" será recordada em Portugal, Inglaterra e no mundo.

O futebol português perdeu uma das figuras mais carismáticas que passou pelos relvados do país. Bobby Robson, antigo treinador de Sporting (1992 a 1994) e FC Porto (1994 a 1996) e falado em duas circunstâncias para o Benfica, morreu, após longa batalha contra o cancro, ontem de manhã. "Em paz, rodeado da mulher e da família mais próxima", de acordo com o comunicado oficial, na sua casa de County Durham, no Nordeste de Inglaterra. Foi lá, terra de mineiros, que nasceu a 18 de Fevereiro de 1933, há 76 anos.

"Ele era a a alma do futebol", como escrevia o "The Guardian". O rival e amigo Alex Ferguson, os discípulos Alan Shearer e Gary Lineker, o leal adjunto José Mourinho ou um dos sucessores na selecção inglesa, Fabio Capello, todos tiveram depoimentos nesse sentido. Robson sentia que tinha de retribuir o que futebol lhe dera envolvendo-se no jogo com paixão, fair play, entusiasmo e talento. Porque se não fosse o futebol, o antigo técnico de Sporting e FC Porto estaria condenado a viver, literalmente, nas trevas, isto é, nas minas de carvão - como o pai, o avô e quase toda a população de Sacriston, no County Durham, a região de Newcastle e do seu amado Newcastle United, que treinaria de 1999 a 2004.

Se aos 15 anos abandonou os estudos para trabalhar na mina, dois anos depois trocaria a vida debaixo de terra pelo sonho de infância: tornar-se-ia jogador do londrino Fulham. E depois do mais ilustre - à época - West Bromwich Albion. Sempre como médio. Chegaria à selecção inglesa, participando inclusivamente no Mundial de 1958, na Suécia, e falhando o de 1962, no Chile, por lesão. Somou 20 internacinalizações, marcou quatro golos pela equipa da rosa.

O Ipswich Voltaria a um Mundial em 1986, no México, mas já como seleccionador. Até lá, uma etapa marcaria a sua carreira: o Ipswich Town. De 1969 a 1982, Robson transformaria um clube de meio da tabela numa força do futebol inglês, vencedor de uma Taça, em 1977-78, e de uma Taça UEFA, em 1980-81.

Do Ipswich saltou para a selecção (o quarto lugar no Mundial-90 é ainda a segunda melhor classificação de sempre de Inglaterra) e daí para o futebol continental. PSV, no qual lhe fora diagnosticado um primeiro tumor, Sporting, ao qual chegou pela mão de Sousa Cintra, que o viria a despedir, FC Porto, no qual conquistaria dois títulos, Barcelona, no qual reencontraria Figo e conheceria um Ronaldo fenomenal, até voltar a casa, ao seu Newcastle. Pelo meio foi nomeado cavaleiro em 2002.

Sir Bobby, que os portugueses recordarão pelos sucessos no relvado, pelas tentativas nem sempre conseguidas de falar português e pela relação intensa mas doce com o futebol, morreu. E com ele um bocado do futebol.

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