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Sporting: o dedo de Carvalhal fez-se sentir. E em forma de efeito dominó PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Terça, 02 Março 2010 23:53

100302_dominoTécnico usou fraquezas expressas nos jornais e números para recuperar forças do colectivo. O método já vem dos tempos de Bento

 

Um dia, Paulo Bento entrou mais cedo no balneário, recortou a capa de um jornal e colou-a na parede. Nessa manchete, Miccoli dizia, em vésperas de dérbi, que o Benfica estava (e era) muito melhor que o Sporting. E que ia vencer por 2-0. Os jogadores leoninos, já espicaçados pelas críticas ao longo da semana (vinham de um empate em casa com o V. Setúbal), transfiguraram-se na Luz. Não o suficiente para ganhar o jogo (0-0, com dois penáltis reclamados), mas em dose adequada para reconquistarem o espírito que já tinha levado à conquista da Supertaça nesse ano de 2007. Três dias depois conseguiram até triunfar em Kiev, frente ao Dínamo, no primeiro sucesso fora na Champions. Tácticas à parte, o ex-treinador era um mestre na arte de jogar com números, declarações dos adversários e ruído externo para levantar o moral das tropas. E foi esse o segredo de Carvalhal para a retoma leonina: bastou cair a primeira peça para tudo mudar num jogo com claro efeito dominó. Ah, e com esse ponto em comum: as capas dos jornais.


"Estávamos mesmo a precisar de ganhar. Têm sido injustos com a equipa", disse Rui Patrício após o triunfo com o Everton. "Sentimo-nos injustiçados e achincalhados nas últimas semanas", acrescentou Tonel. A mensagem passou depois de hora e meia de palestras no balneário, conversas privadas e prelecções nos momentos que antecederam a recepção aos toffees. Carvalhal, que lê os jornais todos os dias de manhã (como Paulo Bento), quis destacar as fraquezas que outros encontravam na equipa leonina. Com isso, reencontrou as forças perdidas. E evitou a crueldade dos números - 2009-10 ficaria para marcada como a época em que os lisboetas tinham batido o registo negativo de jogos consecutivos sem triunfos. O "É Carvalhal ninguém leva a mal" que surgiu na capa do "Record" após o nulo em Olhão - e que mereceu críticas de dirigentes, técnicos e atletas - passou a "É Carvalhal e agora é bestial". E prolongou-se agora num "Leão mata dragão".

Mudanças Superado o bloqueio mental que atormentava o onze leonino, seguiu--se o efeito cascata da redenção. Ou teoria do dominó, que foi utilizada durante a Guerra Fria (os Estados Unidos apoiavam os países que lutassem contra o ressurgimento do comunismo, na lógica de "por cada um que cair, outro vizinho cairá") e serviu agora para quebrar o clima gelado entre relvado e bancada. De tal forma que Carlos Carvalhal, tendo outras opções disponíveis, apostou no mesmo onze para o FC Porto, 72 horas depois do encontro da Liga Europa. João Pereira, lateral que custou 3 milhões, ficou no banco; Pongolle, avançado que chegou por 6,5 milhões, sentou-se na bancada. "A auto-estima estava em alta e os processos bem assimilados", defendeu o técnico, ao mesmo tempo que protegia os reforços de Inverno das críticas. Aliás, nota-se um clima de crescente proteccionismo entre todos, ao ponto de Grimi, entre festejos, ter sido abraçado pelo próprio Carvalhal ainda no relvado.

Não foi uma escolha aleatória: o defesa argentino é o jogador mais crucificado pelos analistas (porque também tem sido um dos elementos com menor rendimento), mas demonstrou uma capacidade de superação que inspirou os restantes companheiros, a ponto de jogar com entorses e pontos na cabeça (já acontecera com Carriço e Moutinho, só no último mês). E isso, somado à auto-estima e multiplicado com a pontinha de sorte que também faltava, trouxe maior agressividade - contra o FC Porto, o Sporting fez 34 recuperações de bola (máximo da temporada) e não permitiu um único remate enquadrado com a baliza.

Peças Pedro Mendes, que tinha estado três meses parado antes de chegar a Alvalade, recuperou a forma, afirmou-se no meio-campo e foi a peça que faltava para reordenar todo o conjunto leonino: Veloso, que andava amarrado à esquerda, passou para o centro, tem mais bola e já leva dez golos; Moutinho, que tinha demasiadas preocupações defensivas, soltou--se e surge em zonas mais avançadas para criar desequilíbrios; Izmailov fixou--se definitivamente na direita, onde mais gosta de jogar (com possibilidade de flectir para o meio quando Abel sobe); e Yannick encontrou o espaço para recuperar uma vaga no onze no melhor momento da época. O futebol pelo qual ninguém dava um euro transformou-se num carrossel onde todos querem estar. Um bloqueio mental é pior do que não ter dinheiro. Mas o jogo ainda vai a meio. Quantas mais peças vão cair até final?

 

In ionline.pt


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