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 Há 20 anos o Sporting ganhou 1-0 ao Marítimo, manteve o quarto lugar da liga e lançou o extremo, por obra e graça de Raul Águas
Com o número 12... Vital, 13... Marinho, 14... Valtinho, 15... Figo e 16... Gomes. Há precisamente 20 anos, e pela primeira vez na história, ouvia-se o nome de Figo na equipa principal do Sporting através do megafone do Estádio José Alvalade. Foi a 1 de Abril de 1990, num jogo em que os leões ganharam 1-0 ao Marítimo, com autogolo do central João Luís, aos 57 minutos. Nessa altura Figo já estava a aquecer junto à baliza de Ivkovic, pronto para entrar na recta final da partida, a substituir Marlon Brandão.
Quem o lançou foi Raul Águas, substituto de Vítor Damas, que por sua vez entrara para o lugar de Manuel José, em Dezembro de 1989. Figo, então com 17 anos, entrou nos convocados por mérito próprio mas também graças às ausências de Silas (lesionado), Paulinho Cascavel (suspenso por ter sido expulso com vermelho directo na Luz, na jornada anterior), Carlos Manuel, Carlos Xavier e João Luís (por opção).
Para aqueles lados os tempos não eram os melhores. E o adversário também não. Em Dezembro de 1989, pouco antes do Natal, o impaciente Sousa Cintra dá um golpe de autoridade e demite Manuel José, na sequência da prematura eliminação na Taça de Portugal, em casa, precisamente frente ao Marítimo por 2-1. Já a quatro pontos do FC Porto, líder do campeonato, e afastado da Taça UEFA pelo detentor do troféu, o Nápoles de Maradona, numa inesquecível eliminatória com 210 minutos e sem golos (só os do desempate por penáltis), Manuel José foi alvo de chicotada psicológica, pela segunda vez em Alvalade, depois daquela em 1987.
O adjunto Vítor Damas assumiu-se como opção de recurso e só a 20 de Dezembro é que Sousa Cintra, vulgarmente conhecido como o Rei das Águas por ter muitos negócios no universo das águas, apresentou Raul... Águas!
Esta contratação de Inverno (quando ainda nem sequer havia mercado do dito cujo para os jogadores) não iria surtir o efeito desejado porque o Sporting só venceu nove dos 21 jogos até Maio e acabou o campeonato em terceiro lugar, a 13 pontos do campeão FC Porto. Dessa época só há a destacar o lançamento de três jovens leões: Filipe, Paulo Torres e Figo, por ordem cronológica. E se é verdade que Figo esteve apenas três minutos em campo, só com tempo para tocar duas vezes na bola, o extremo foi o último a sair do estádio porque foi ao controlo antidoping, juntamente com Gomes.
Nesse 1 de Abril de 1990, ao mesmo tempo que o FC Porto de Artur Jorge dava 3-1 ao Feirense, com hat trick de Madjer (o Benfica-Chaves, 2-0 com bis de Magnusson, havia sido na véspera), o Sporting entrou em campo com Ivkovic, Oceano, Venâncio, Luisinho, Paulo Torres, Litos, Ali Hassan, Douglas, Lima, Marlon e Cadete. O jogo foi sonolento e só Ivkovic com uma falta de mão na bola fora da área a valer o cartão amarelo (as regras eram assim...) animou os 15 mil espectadores, numa altura em que os adeptos do Sporting andavam desanimados com o quarto lugar, a dois pontos do V. Guimarães (0-0 em casa com o Estrela da Amadora de Paulo Bento).
Os dois treinadores, Raul Águas e Ferreira da Costa, elogiaram o árbitro Fortunato Azevedo, de Braga, e também houve palavras encorajadoras para Figo, do técnico leonino, tio de Rui Águas, na altura avançado do FC Porto. "Jogador honesto, gosta de mim e vou continuar a apostar nos jovens. O Figo, por exemplo, vai ser aproveitado", justificou Raul, no tal dia das mentiras e provou-o no dia da Revolução dos Cravos, a 25 de Abril, no Sporting-Boavista, 2-2 (entrou por Lima aos 63'). Cinco anos depois, a despedida de Figo, noutro dia histórico, o de Portugal (10 de Junho de 1995), na final da Taça de Portugal. Frente ao Marítimo. Ele há coincidências...
In ionline.pt
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