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O dérbi é um circo. E o domador de leões é amigo do tratador de girafas PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Quarta, 14 Abril 2010 15:19

100413_liedson_luisaoLuisão e Liedson vão disputar o 11.º duelo em Portugal: o avançado ganha em golos, o central em campeonatos. Mas ambos estiveram em risco de falhar entrada em palco

 

Em 2002, Jorge Jesus, de cabeleira toda branca, festejava nas bancadas do Jamor a vitória do Sporting na final da Taça de Portugal frente ao Leixões, orientado por Carvalhal; hoje, Jorge Jesus, com nuances prateadas, senta-se no banco do Estádio da Luz para orientar o Benfica rumo à vitória (que quase determina o triunfo no campeonato) frente ao Sporting, orientado pelo mesmo Carvalhal. É dia de dérbi lisboeta e o circo está montado: Luisão, o domador de leões, conseguiu recuperar de uma mialgia na coxa esquerda e será titular; Liedson, o tratador de girafas (ou do Girafa), andou a fazer exames médicos no final da semana mas também se encontra apto para entrar de início em campo. Os dois amigos que nasceram no mesmo país mas representam selecções diferentes são as figuras da mais antiga rivalidade do futebol português desde que chegaram, em 2003.



A participação de Luisão e Liedson nos grandes jogos é sempre uma incógnita e a presente temporada não fugiu à regra. Mas enquanto a lesão do central era conhecida por todos (até porque saiu de Anfield a coxear), o "problema" do dianteiro conseguiu ser escondido de (quase) todos: na sexta-feira, logo a seguir ao treino, o internacional português deslocou-se a uma clínica em Lisboa para realizar exames médicos (TAC e ecografia supra-renal), sendo que já na véspera tinha feito uma ressonância magnética. Como continuou a treinar (sem limitações) e está convocado, tudo OK. Pode então começar o 11.º duelo entre o Girafa e o Leão. Ou entre o domador de leões e o tratador de girafas. Ou, de acordo com o ranking do Sindicato de Jogadores, entre o terceiro e o primeiro melhor jogadores do campeonato em Março.

A ZANGA QUE NÃO CHEGOU A SER Luisão é muito mais religioso que Liedson - no Sporting Pedro Silva é o jogador que mais encontra o central na igreja - mas a dupla organiza churrascos de convívio. "Tenho sido um pesadelo para o Luisão, talvez por ser pequenino e ele grandão. Mas, para evitar mal-entendidos, ele é um excelente central", escreveu Liedson na biografia. O esclarecimento remonta a uma polémica que nunca chegou a ser em 2006: Ronald Koeman, treinador do Benfica, insinuou que a defesa do Rio Ave tinha facilitado numa vitória verde-e-branca em Vila do Conde (na penúltima jornada); o avançado respondeu, sem segundas intenções, que tinha sido mais complicado defrontar os opositores nortenhos do que os encarnados. Luisão não gostou, Liedson pediu desculpa e tentou redimir-se: "Só disse isso porque com o Rio Ave joguei limitado na coxa. Por isso é que foi mais difícil." Amigos como dantes, via telefone e SMS.

Mas foi por causa de dérbis que ambos foram postos em causa pelos próprios adeptos: no caso do internacional brasileiro, por ser constantemente ultrapassado pelo dianteiro (nos primeiros sete encontros com o Benfica, Liedson marcou seis golos); no caso do agora português, por ter falhado o jogo do título em 2004/05 ao ver um cartão amarelo despropositado, nos descontos, por pontapear uma bola com o encontro parado.

O HERÓI DO TÍTULO Luisão iniciou a carreira em Portugal como nem Liedson foi capaz: a marcar num 3-3 com o Belenenses. Mas as lesões e um conjunto de exibições menos conseguidas levantaram sempre dúvidas em torno do seu valor. Até que, a 14 de Maio de 2005, o Girafa teve mais cabeça que todos (sobretudo que Ricardo, o guarda-redes que saiu de forma despropositada à bola) e deu a vitória que praticamente quebrou o jejum de campeonatos do Benfica.

Daí para cá, ascendeu à hierarquia de capitães, mereceu rasgados elogios do presidente do clube - "é o meu jogador preferido porque é um verdadeiro líder", confidenciou Luís Filipe Vieira - e vai estar no Campeonato do Mundo. Mais: no último dérbi, que terminou com a vitória das águias por 4-1, marcou.

OS TÍTULOS DO HERÓI Liedson não ganhou qualquer campeonato em sete temporadas como jogador do Sporting mas conseguiu entrar em vários registos históricos do clube (melhor marcador e jogador com mais partidas em competições europeias, melhor marcador estrangeiro de sempre, etc.) e o presidente do clube, José Eduardo Bettencourt, diz que vale por cinco. Para os velhos rivais, é um verdadeiro terror: 11 golos em 14 jogos (também marcou no 1-4). E, como confessa na biografia, quanto mais rebaixada sente a equipa, melhor. Por isso, chamam-lhe SLB - Só Liedson Basta...

 

In ionline


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