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Soares Franco: «Manutenção de ativos é para conquistar o título» PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Sábado, 07 Fevereiro 2009 03:32

090207_soares_franco.jpgPRESIDENTE LEONINO JUSTIFICA CONTINUIDADE DE MOUTINHO E VELOSO

 

RECORD – Qual a razão pela qual o negócio Miguel Veloso não avançou?

FILIPE SOARES FRANCO – Fiz um compromisso com a massa associativa do Sporting, dizendo que durante este mandato iríamos fazer um esforço para manter os talentos. Por uma razão muito simples: em primeiro, porque estou plenamente convencido que mantendo-os, a equipa fica muito mais estável, não perde capacidade competitiva e possibilita pensar no grande objetivo, que é ser campeão; em segundo porque se cria uma maior empatia entre os sócios e a equipa e, por último, porque também se valorizam os ativos. Por conseguinte, quando eles tiverem de sair será por valores mais elevados. Vender um talento para comprar outro jogador é, por vezes, mais caro, porque aposta-se mais na incógnita.

R – Vai conseguir chegar ao final do mandato cumprindo quase a 100 por cento a promessa de não vender talentos...

FSF – De facto, apenas vendi o Nani por um valor superior à cláusula de rescisão. Isso não quer dizer que não tivesse havido abertura da parte do Sporting para vender outros jogadores ao longo destes três anos e, porventura, por valores inferiores às cláusulas. Tudo dependia de duas coisas: o Sporting sentir que estava a fazer um bom negócio e saber que o jogador iria valorizar-se nos clubes para onde se transferia. Nesse caso, valia a pena assumir o compromisso. Nada disso se concretizou. Acrescento, ainda a propósito, que o número de transferências ao longo das últimas épocas tem decaído e se há algumas exceções a esta regra, também é um facto que há jogadores que outrora tinham um mercado mais elevado e são vendidos atualmente abaixo das cláusulas. Por outro lado, em Portugal não há tradições como em Itália, por exemplo, de se fazer permutas, uma situação que serve muitas vezes como arma contabilística para compor as contas dos clubes. Por isso, é bom que todos estejam conscientes que os próximos órgãos sociais do Sporting ou mesmo esta administração até ao final do mandato não poderão assumir este tipo de compromisso. Quero transmitir isto com sinceridade e veracidade, porque não me sinto o campeão por não ter vendido. Consegui até determinada altura ter condições para não vender, mas não acredito que esta política possa ser seguida no próximo mandato. Até porque a tendência é que estes talentos pretendam ter melhores contratos e o Sporting tem limitações em termos de massa salarial e não a pode aumentar sistematicamente.

R – Apesar disso, conseguiu-se esta época incrementar ligeiramente essa massa salarial?

FSF – Existiram condições para o fazer, mas a minha recomendação é que os próximos órgãos sociais não o façam na próxima temporada. A gestão dos contratos com os jogadores tem de ser muito objetiva e rigorosa. Volto a sublinhar que o futebol não é uma exceção ao mundo económico e, por isso, tem de se inserir com pragmatismo dentro dessa realidade. Hoje, o que nós vimos é as empresas a conter os seus custos, os seus salários e, fundamentalmente, as pessoas a estarem satisfeitas por terem emprego. Em alguns clubes portugueses há profissionais que já ficariam muito confortados se pudessem olhar para o futuro e saber que têm emprego e garantia de que recebem os seus vencimentos.

R – Está, no fundo, a dizer que o futebol não vive de acordo com aquilo que se passa no Mundo?

FSF – O futebol está desajustado em relação à realidade económica. A elite dos jogadores de futebol em Portugal devia ganhar 200 a 300 mil euros por ano, o que não acontece, porque não se consegue.

R – Apesar de tudo, conseguiu resistir pelo menos às propostas para João Moutinho e Miguel Veloso. O objetivo de chegar ao título foi determinante na manutenção de ambos?

FSF – No que se refere ao Miguel Veloso, a única proposta que realmente tivemos foi de 10 milhões de euros. Nas negociações, falou-se em valores superiores. O Sporting impôs tetos, mas mostrámos abertura para ele poder sair por valores substancialmente inferiores à cláusula de rescisão. Sem desrespeitar o Bolton, que me merece consideração, sei que o Veloso tem potencial para se transferir para clubes de dimensão muito superior. Havia, de facto, a intenção de não os vender, porque a aposta em todos os ativos tem em vista a conquista do título e se conseguirmos esse feito, eles próprios vão valorizar-se.

R – Que reação espera dos sócios quando o Miguel Veloso entrar em campo?

FSF – Acho que vai ser positiva. Os sócios têm de compreender que estas vicissitudes são próprias da idades dos jogadores, que perante a perspetiva de uma carreira promissora, ganhadora e com rendimentos elevados acabam por vacilar. Temos de ter rigor e disciplina na forma como os tratamos, eles têm de ter o sentido da responsabilidade das suas obrigações para connosco. Faço votos para que ele corresponda a todo o apoio e solidariedade da equipa.

R – Esta negociação retrata a crise que existe em termos gerais?

FSF – Tanto quanto sabemos, o Bolton contratou dois jogadores por 7 milhões de euros e vendeu um por 5 milhões. Na prática investiu 2 milhões e formalmente não ofereceu mais do que 10 milhões, mostrando que não tinha mais para pagar.

R – É lícito dizer que os jogadores valem hoje muito menos do que o valor que os empresários querem fazer crer?

FSF – Há muito menos procura do que há uns anos atrás e a oferta mantém-se, mas tem de se ajustar à procura que existe. É altamente improvável que o valor das transferências se mantenham. Há exceções, claro, mas os empresários não têm o grau de influência que tinham na forma como se faz um novo contrato. O que regula o mercado não são os empresários, mas sim a oferta e a procura. Num nível médio, seguramente que as transações vão baixar e num nível superior, vão baixar em quantidade mas vai manter-se a qualidade e, provavelmente, o preço. Neste caso do Miguel Veloso penso que tanto o empresário como o jogador quiseram enquadrar-se dentro dos padrões da oferta e da procura existente no mercado.

R – Atendendo a tudo isto, recomenda que a formação seja cada vez mais fomentada e desenvolvida no Sporting?

FSF – O Sporting já tem uma cultura de formação e não se pense que a formação é um produto barato. O segredo é conseguir que os jogadores corporizem cedo a cultura do clube, interiorizem o rigor tático e, por vezes, participem nos treinos dos profissionais convivendo com o espírito da equipa. É óbvio que são mais baratos, mas feitas as contas aos custos e gastos o saldo não é tão positivo como as pessoas podem pensar. Além de que os contratos fazem-se logo a partir dos 18 anos e se um jogador se revelar mesmo um talento, aos 20 já está assinar um novo vínculo subindo para patamares bem superiores. Isto para dizer que, nestes casos, o investimento já é bem considerável.

R – Com a manutenção de jogadores como Veloso e Moutinho, por exemplo, o título fica mais perto?

FSF – Há condições para conquistar o título desde o início da época. O Sporting tem uma boa equipa, uma excelente estrutura técnica liderada por Paulo Bento. É uma equipa que pode ter um certo estigma de lhe faltar o campeonato, mas vamos à sexta final de taça em 3 épocas com a possibilidade de conquistar a quinta. É um excelente currículo. Penso que é um recorde absoluto dentro do Sporting. Este grupo merece, por isso, um esforço final de toda a massa adepta em carinho, paixão e adesão aos jogos para puxar pela equipa. Ainda por cima, está provado pelos últimos jogos que o Sporting está a subir de rendimento com níveis exibicionais excelentes. O mês de fevereiro vai ser difícil com Sp. Braga, Belenenses, Bayern, FC Porto e Benfica. São 5 desafios com equipas competitivas, bem treinadas e coesas. Por isso, nós temos de estar ao nosso melhor nível e é evidente que a motivação será redobrada com o calor da massa associativa. Faço votos e peço-lhes que apoiem incondicionalmente a equipa em todos estes jogos. Gostava de ver o estádio cheio frente ao Sp. Braga, mas não sei se isso vai acontecer, porque salvo erro só ultrapassámos as 45 mil pessoas uma vez nos últimos 3 anos. Não é natural que possamos ultrapassar esse número, mas eu gostava muito de ter o estádio muito cheio e a equipa tem feito por o merecer.

R – Esta vitória sobre o FC Porto pelos números registados pode ser muito moralizadora para o ciclo que se aproxima?

FSF – É preciso dizer, antes de mais, que a equipa apresentada pelo FC Porto tem muita qualidade. Todos já jogaram na primeira categoria e o Sporting também apresentou elementos que habitualmente não são titulares. Foi uma boa vitória perante uma excelente equipa que tem em si depositada um grande investimento. Pode ter um efeito muito positivo para a equipa e para os sócios que devem acreditar que o Sporting pode ser campeão.

 

In www.record.pt


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