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Quinta, 28 Março 2024
Liga Europa: Sporting 0-2 Brondby - Excesso de gasóleo é causa do despiste PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Sexta, 20 Agosto 2010 10:37
100820_sporting_brondbyExceptuando (porventura com alguma simpatia na análise) 13 minutos na segunda parte da recepção ao Brondby, o Sporting fez tudo ao contrário e, somando equívocos tácticos e estratégicos com a assinatura do treinador Paulo Sérgio, transformou mais um play-off europeu em novo drama, caindo com estrondo em Alvalade. Num decalque do sucedido inúmeras vezes na época passada, foi sob assobios e insultos de revolta dos adeptos - alguns atreveram-se mesmo a acenar lenços brancos - que a equipa se despediu da plateia com uma derrota histórica, vendo reduzidas a uma insignificância as hipóteses de entrada na fase de grupos da Liga Europa. A perspectiva pessimista é determinada pela desvantagem (0-2), mas também, ou sobretudo, pela deprimente qualidade do futebol apresentado pelo conjunto leonino. Acabou por ser uma consequência natural do excesso de gasóleo que o técnico concentrou no meio-campo, com Maniche, Matías Fernández e Valdés a configurarem (com André Santos a trinco) um pouco ou nada trabalhado losango - é verdade, o desenho táctico que parecia banido do manual do leão voltou sem avisar... e sem ter sido visto nos ensaios a valer feitos na pré-temporada.



Para mal dos pecados dos simpatizantes leoninos, que até iam dando sinais de querer puxar pelos jogadores, os primeiros minutos da partida mostraram que o Sporting muito dificilmente seria capaz de descolar de um futebol previsível, lento, falho de ideias, mesmo se o criativo (?) Matías Fernández estava em campo - andou por lá, é um facto, mas... -, manobrando ou tentando manobrar nas costas da dupla de ataque a que Liedson e Postiga davam corpo. Sem elementos explosivos e velozes na linha média (Yannick Djaló e Vukcevic ficaram sentados no banco, tal como Zapater, de quem se diz ser a... grande contratação leonina do defeso), a dinâmica que havia era... posicional, pois Matías e Valdés jogavam a passo - e o primeiro ainda teve o azar de aqui e ali atrapalhar movimentações de colegas mais esclarecidos ou empreendedores, como João Pereira -, e Maniche, embora esforçado, também não tinha argumentos para agitar um losango que fazia despistar a equipa. Sem possibilidades de se libertar de um aflitivo estatismo, a linha média não tinha possibilidade de fazer uma circulação de bola agressiva e intensa que distraísse o adversário e o desmobilizasse na zona defensiva. Com um 4x5x1 em que dois dos médios-centrais basculavam verticalmente para pressionar e, sempre que possível, apoiar o ponta-de-lança Jallow, os dinamarqueses chamaram um figo à insipidez dos lisboetas.

A inércia do meio-campo leonino exigia que os laterais João Pereira e Evaldo fossem mais profundos nas deambulações pelos seus corredores, mas, durante o primeiro tempo, só o homem que actuava pela direita se afoitou, talvez porque quem ocupava o vértice direito do losango era... o combativo Maniche. No lado contrário, Evaldo, além de não se sentir confortável nem confiante (com Valdés na posição interior) para estender a acção no relvado, ainda ficou ligado ao primeiro golo do Brondby, que surgiu aos 43', na conclusão de um contra-ataque. O esquerdino consentiu que Kristiansen bailasse à sua frente e esculpisse o melhor ângulo de remate para, de fora da área, atirar cruzado sem apelo. Se os dinamarqueses foram frios e eficazes na finalização - à terceira séria ameaça, não perdoaram -, o Sporting, vagaroso, descolorido e tristonho nos movimentos, andou quase sempre longe da baliza adversária e nunca foi aquela equipa mandona que Paulo Sérgio diz estar a costurar. Se está mesmo, não se viu ontem... nem se vira em Paços de Ferreira, onde, no último sábado, o leão encaixara a primeira derrota da temporada.

A conversa que o treinador teve com a equipa durante o período de intervalo poucos ou nenhuns efeitos produziu. O sistema táctico manteve-se, tal como persistiram a moleza e a indolência do conjunto, afectado pelas pobres actuações de Matías Fernández - só saiu aos 56', por troca com o mexido Vukcevic - e Valdés. E o 0-2 aconteceu aos 52', numa jogada em que mais uma vez subiu a primeiro plano a passividade dos leões - Kristiansen atirou de fora da área, Patrício não agarrou à primeira, e Jallow fez um golo fácil.

Na frente, Postiga também não fugia à mediocridade, e vai sendo altura de em Alvalade se perceber que Liedson, à beira de fazer 33 anos, já não é a solução para todos os engulhos - a idade começa a pesar nas pernas. Mesmo assim, foi o 31 que aos 68', já depois de o árbitro ter negado um penálti sobre João Pereira, protagonizou o primeiro de três lances em que o Sporting esteve na iminência de marcar: o bonito pontapé de bicicleta levou a bola ao poste. No mesmo minuto, Nuno Coelho - que ontem fez de Polga seu suplente - também acertou no poste, mas de cabeça, para depois ser Vukcevic a ver o guarda-redes negar-lhe o golo. Tudo isto no período em que Yannick Djaló, entrado aos 62', deu velocidade ao eixo do ataque, desequilibrando e criando problemas de marcação. Mas a agitação durou pouco tempo, isto é, durou até aos 75', quando Paulo Sérgio ordenou a saída de Valdés, lançando Saleiro para acompanhar Liedson e... amarrando Djaló à esquerda numa fase em que o Sporting já estava disposto no normal 4x4x2...

Sporting - Brondby, 0-2

Estádio de Alvalade, em Lisboa.

Árbitro: Robert Schorgenhofer (Áustria)

-
Sporting

Rui Patrício, João Pereira, Nuno André Coelho, Daniel Carriço, Evaldo, André Santos, Maniche, Matias Fernandez (Vukcevic, 56), Valdés (Saleiro, 75), Hélder Postiga (Yannick, 62) e Liedson.

Brondby

Andersen, Wass, Bischoff, Von Schlebrugge, Rasmussen, Jensen, Nilsson (Randrup, 53), Kristiansen (Farnerud, 89), Larsen, Khron-Dheli e Jallow (Peter Madsen, 73).

-

Ao intervalo, 0-1.

Marcadores 0-1, Kristiansen, 43' e 0-2, Jallow, 52'

cartão amarelo para João Pereira (47), Jensen (67) e Carriço (90+2)

O Sporting um a um

Rui Patrício 5

Exibição manchada pelo lance do 0-2: o remate de Kristiansen foi ainda desviado por Evaldo, mas o guardião deveria tê-lo desviado para canto em vez de a colocar à mercê de Jallow, que marcou facilmente. Antes disso, tinha negado um golo a Krohn-Dehli, graças a um correcto posicionamento entre os postes - e óptimos reflexos.

A Estrela: João Pereira (6)
Não foi contagiado pela apatia geral

Foi, porventura, o único elemento que esteve ao seu nível habitual. A garra que faltava à equipa tinha-a ele a dobrar, cavalgando inúmeras vezes pela ala-direita fora. A defender teve poucos problemas e, aliás, praticamente todos os lances de perigo surgiram no lado contrário - de Evaldo. A atacar, era dos poucos que conseguia fintar dinamarqueses em velocidade, abrindo espaços para cruzamentos perigosos - e não foram poucos os que efectuou. Resumindo, se alguém cometeu erros no jogo de ontem... não foi ele. Merece ainda destaque pela forma como, apesar do resultado desnivelado, mostrou enorme crença em dar a volta. Pena que o resto da equipa não tenha sido contagiada pela sua atitude guerreira...

Carriço 5

Não cometeu erros de maior, pelo contrário, mostrou boa atitude e ainda fez cortes importantes. É penalizado porque, de qualquer forma, nunca a defesa que comandou poderia ter sofrido dois golos em casa frente a uma mediana equipa europeia.

Nuno Coelho 5

Acabou de chegar à equipa e como tal é perfeitamente natural que não esteja ainda cem por cento à vontade. A tensão foi desaparecendo com o tempo e merece destaque pela apetência ofensiva: apareceu várias vezes a gerar perigo e até chegou a atirar ao poste - de cabeça, aos 68'.

Evaldo 4

Já deveria ter experiência suficiente para saber que não pode ser tão macio a atacar os opositores que têm a bola em zona de perigo: nos dois golos do Brondby ficou a olhar para Kristiansen. A atacar, apesar de tudo, foi um perigo constante para os dinamarqueses.

André Santos 5

Tem excelente sentido posicional e sabe passar a bola, mas necessita de um pouco mais de genica e velocidade. Se quer agarrar o lugar, terá que melhorar nesses dois itens.

Maniche 5

Num meio-campo que começou por ser extremamente apático, até nem começou mal: era o único a descobrir espaços vazios, privilégio que utilizou para boas aberturas e subidas à área para o remate. Faltou-lhe alguma garra a comandar a equipa para a desejada (mas não concretizada) reviravolta.

Valdés 4

O Brondby preenchia bem os espaços no seu meio-campo e Valdés nunca teve a criatividade necessária para baralhar o rigor dos escandinavos. Com mais genica, talvez o meio-campo leonino não tivesse dado uma ideia tão amorfa.

Matías Fernández 3

Com a nova táctica implementada por Paulo Sérgio, era da acção de Matías que mais dependia (talvez em demasia) o sucesso da mesma. O chileno nunca soube corresponder à aposta: faltou-lhe espírito empreendedor, capacidade para assumir o risco e, sobretudo, velocidade para abrir espaços no meio-campo contrário.

Hélder Postiga 4

Demorou 40 minutos a entrar no jogo, sempre perdido - com pouca mobilidade - entre os defesas contrários. Melhorou significativamente, mas já era tarde... e foi bem substituído.

Liedson 5

Foi o azarado da noite. Atirou uma bola ao poste num espectacular remate de bicicleta, viu Andersen negar-lhe o golo com um voo acrobático e ainda teve dois bons passes para remates perigosos de Maniche (13') e João Pereira (24'). Parece, ainda assim, longe do ritmo ideal.

Vukcevic 5

Trouxe velocidade e crença ao meio-campo, originando três lances de perigo.

Yannick 5

A dinâmica no meio-campo melhorou a olhos vistos com a sua entrada.

Saleiro 4

Dois remates sem consequência.

Paulo Sérgio
"Infantilidades pagam-se caro"


"Há infantilidades, coisas de pormenor que a este nível se pagam caro", declarou. "Estivemos mal na forma como consentimos os golos. Tivemos ocasiões para fazer falta no meio campo adversário, na sequência de um canto a nosso favor. Não o fizemos e sofremos golo. E depois, na segunda parte, um golo inexplicável. Depois perdemos o discernimento", analisou, garantindo ainda não ter ficado surpreendido com a actuação do Brondby.

Ainda assim, para Paulo Sérgio o Sporting não fez tudo mal, faltando-lhe também uma pontinha de sorte. "Mesmo assim, acho que fizemos um bom jogo, mais uma vez tivemos inúmeras ocasiões de golo, fomos agressivos e jogámos à procura de um resultado que nos dignificasse. Faltou-nos um bocadinho de sorte", comentou.

Paulo Sérgio está do lado dos adeptos. "A massa associativa não acredita em nós. Manifestou-o, e nós compreendemos, porque de facto não são estes os resultados que queremos para o Sporting", declarou o treinador leonino após a derrota frente ao Brondby.

O técnico admitiu que, no final da partida, encontrou um "balneário desanimado e triste". "As derrotas afectam sempre porque retiram confiança, e nós queremos dar alegrias aos adeptos", assumiu, reconhecendo "infantilidades" por parte da equipa na partida com os dinamarqueses.

Paulo Sérgio acredita que a bola vai começar a entrar na baliza adversária e que o Sporting pode ainda qualificar-se para a fase de grupos da Liga Europa. "Estamos na eliminatória e vamos à Dinamarca à procura do resultado que nos mantenha na Europa. Se a equipa tiver um décimo das oportunidade que teve hoje [ontem], provavelmente continuaremos em prova", defendeu, admitindo que ainda está "à procura do melhor onze", sendo que André Santos é bom, mas "um jogador diferente" de Pedro Mendes.

Pergunta O JOGO
Disse recentemente que não tinha pressa em lançar Zapater e que só o faria quando sentisse estarem reunidas todas as condições para que tal se verificasse, dando a entender que o jogador ainda não estará rotinado com a dinâmica da equipa. Hoje [ontem] foi isso que voltou a acontecer? Os outros jogadores já estão mais rotinados? Ou sente ter perdido uma oportunidade para o lançar?

Só podem jogar onze de cada vez.

 

In ojogo.pt

 


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