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«Não posso fazer omeletas sem ovos.» É culinária? Não, é Otto Glória a falar do Sporting PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Terça, 28 Setembro 2010 14:58
100928_otto_gloriaA 28 de Setembro de 1961, o técnico brasileiro empatou em casa com o Lusitano de Évora e proferiu a frase que ficou na história

Neto de portugueses (avô paterno dos Açores, avô materno de Vila Nova de Gaia), Otto Glória nasceu no Brasil em 1917 mas fez história em Portugal. Não uma, não duas, mas 13 vezes. Comandou Benfica, Sporting, Belenenses, FC Porto (o primeiro a treinar os quatro grandes, antes do chileno Fernando Riera) e a selecção portuguesa rumo ao terceiro lugar no Mundial-66, tendo-lhe pertencido também o comando da selecção no início da qualificação para o Euro-84. É ainda o técnico com mais títulos de campeão nacional (seis, quatro pelo Benfica e dois pelo Sporting), e só este facto serve para entrar no templo dos melhores de sempre. Mas há mais...


Otto Glória chegou a Lisboa em Julho de 1954 para limpar a face ao futebol amador português. O Benfica contratou-o para profissionalizar o clube e Otto Glória revelou-se à altura do desafio. Criou o Lar do Jogador, implementou concentrações e estágios com regras rígidas (os jogadores foram proibidos de jogar cartas ou dados e de falar calão), proibiu o próprio presidente do clube (Joaquim Bogalho) de ir ao balneário ou falar com os futebolistas, introduziu a táctica 4x4x2, que já se praticava no Brasil, e destruiu a hegemonia do Sporting, sete vezes campeão nacional nos últimos oito (aqui não é Otto) anos. À fama de disciplinador e duro, juntava-se uma outra personalidade paternalista e humana. Aliás, essa faceta ficou bem à vista aquando da segunda passagem pelo Benfica, em 1967-68. Chegou a cinco jornadas do fim, foi campeão nacional e não quis ficar com o prémio de 50 contos. Propôs à direcção que o desse, na sua totalidade, aos jogadores. "Eles é que merecem", justificou. Ficou sem dinheiro, mas ganhou ainda mais respeito e admiração de todos. Um senhor!

Nessa altura, já Otto Glória era um mestre das frases feitas e essa tendência verificou-se a 28 de Setembro de 1961, aquando da primeira jornada do campeonato nacional. O Sporting recebeu o Lusitano de Évora em Alvalade e não saiu do 0-0. O público assobiou e Otto Glória disse: "Não posso fazer omeletas sem ovos", numa alusão às ausências do compatriota Geo e do argentino Diego (que seria o melhor marcador da equipa, com 16 golos em 22 jogos).

Na jornada seguinte, ainda sem Diego mas já com Geo, o Sporting ganha 2-0 nas Antas e Otto Glória demite-se, indignado com as opiniões extremistas do jornal do Sporting, que o davam como ultrapassado. Dos 200 contos a que tinha direito, Otto contenta-se com 50 e a carta de rescisão. Voou para Marselha, onde nunca perdeu um único jogo e subiu à 1.a divisão francesa, enquanto o Sporting apostou em Juca, que se sagraria o mais novo técnico campeão nacional, em Maio de 1962. Na hora dos festejos, Juca lembra Otto Glória com saudade.

OLHA QUE DOIS Mais tarde, em 1965-66, os dois voltariam a dar que falar, como campeões nacionais: Otto como treinador principal e Juca como adjunto. A última aventura de Otto Glória foi no Benfica. Contratado por três épocas, de 1967-68 a 1969-70, acaba por ser despedido em Fevereiro de 1970, depois de perder com a CUF no Jamor, casa emprestada porque o Estádio da Luz estava interditado pela Federação Portuguesa de Futebol devido a uma invasão de adeptos durante o jogo com o Belenenses, na jornada (e semana) anterior. Foi aí que Otto Glória disse outra frase que fez história: "Quando o time ganha, o técnico é bestial. Quando o time perde, o técnico é uma besta."

 

In ionline.pt


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