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Valdés rende à...João Pinto PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Terça, 02 Novembro 2010 22:07
101102JaimeValdesJaime Valdés chegou a Alvalade proveniente do futebol italiano e tido como reforço essencial para a nova temporada, mas a verdade é que tardava em afirmar-se no seio da equipa verde e branca, até que, no domingo, diante do Leiria, protagonizou uma exibição soberba e... decisiva, uma vez que apontou os dois golos que valeram um importante triunfo na condição de visitante. Para melhor perceber a função que desempenhou em Leiria, bastará aos sportinguistas recordarem um jogador de características semelhantes, melhor exemplo da posição na história recente do futebol português: João Vieira Pinto.


Senhor de uma técnica individual evoluída e dotado da experiência própria dos seus 29 anos, dez dos quais vividos no competitivo Calcio, o internacional chileno foi contratado para exercer influência de relevo na reconstrução da equipa, mas os primeiros jogos deixaram muito a desejar. Descaído sobre os flancos, tendia a desaparecer do encontro, mostrava-se incapaz de desequilibrar pelas faixas e faltava-lhe a velocidade no transporte de bola de que o colectivo necessitava, colocando-se, inclusive, em causa, a decisão de desembolsar quase três milhões de euros para o resgatar à Atalanta.

Agora, mediante as lesões de Liedson e Matías Fernández, foi a ele que Paulo Sérgio recorreu, mas, desta feita, na função que lhe granjeou fama em Itália: lá, Valdés podia actuar frequentemente como segundo avançado, no apoio directo ao ponta-de-lança, missão que é particularmente cara ao futebol transalpino, intenso produtor de jogadores que rotulam de "mezzapunta" - Giuseppe Signori, Roberto Baggio, Roberto Mancini, Alessandro del Piero, Gianfranco Zola ou Enrico Chiesa são alguns dos melhores exemplos. Perto de Postiga, jogando entre linhas e participando com maior regularidade na construção dos lances no último terço do terreno, o 15 jogou ao primeiro toque, abriu linhas de passe e espaços para os companheiros e foi capaz de aparecer em zona de finalização, combinando na perfeição com o seu companheiro da frente de ataque. Foi, aliás, a passe do 23 que entrou na área, recebeu a bola com classe e bateu Gottardi para o primeiro da noite. O segundo surgiu em lance individual, da esquerda para o centro, movimento que lhe deu espaço para um remate portentoso.

Em Alvalade, João Pinto ganhou o apodo de Grande Artista ao assumir-se como o principal fornecedor dos 42 golos que Mário Jardel apontou no campeonato que, em 2001/02, valeu o último título aos leões.

É, aliás, ao antigo internacional português que O JOGO recorre para melhor análise de Valdés.

Opção está dependente de Liedson

Paulo Sérgio pode ter descoberto a melhor maneira de extrair de Valdés o rendimento que a SAD pretendia quando o contratou, mas a sua utilização na posição de apoio directo ao avançado pode estar condicionada, quer do ponto de vista táctico, quer no plano estratégico. É que, com Liedson recuperado, e tendo em conta a sua necessidade de contar com um parceiro na área contrária, torna-se mais difícil compatibilizar a presença do chileno entre os titulares. Para já, contudo, com a lesão do 31, a porta do onze está aberta.

João Pinto: "Pode tornar a equipa mais imprevisível"

João Vieira Pinto é, provavelmente, o jogador que, no passado recente do futebol português, melhor serve de exemplo para ilustrar as funções desempenhadas por Valdés no encontro frente ao Leiria. Com características raras por terras lusitanas, foi como segundo avançado que mais se destacou, brilhando intensamente nessas funções, sobretudo ao serviço de Sporting e Benfica. Foi, aliás, com ele no apoio directo a Jardel que os leões conquistaram o último título, em 2001/02.

"Creio que esta posição é a que melhor se enquadra nas características do jogador, onde ele se sente mais à vontade e com maior liberdade de movimentos", analisa João Pinto, quando questionado sobre o desempenho de Valdés na passada jornada. O homem que, em Alvalade, ficou conhecido como Grande Artista, apela a alguma contenção na avaliação das capacidades do chileno, preferindo esperar pela observação ao longo de um maior número de encontros, mas não se esquiva a estabelecer uma relação entre as funções desempenhadas pelo camisola 15 e o seu rendimento.

"Claro que é preciso ter alguma prudência, porque se trata apenas de um jogo que correu bem e devemos fazer uma análise equilibrada, ao longo dos próximos jogos", lembra, antes de explicar o impacto de Valdés no sistema utilizado pelo Sporting na vitória na cidade do Lis: "Mais confortável naquela posição, pode tornar a equipa mais criativa e imprevisível. Pode abrir linhas de passe, combinar com os companheiros numa zona mais próxima da baliza e surgir em zona de finalização, como aconteceu neste encontro."

Não sendo fácil compatibilizar jogadores com estas características com os sistemas tácticos mais em voga, são muitas as vezes em que lhes é exigida adaptação, algo que também sucedeu a João Pinto ao longo da sua carreira. "Para os jogadores que estão habituados a maior liberdade é difícil ficar limitado a um lado do terreno. Parece-me ser um jogador que precisa de contacto permanente com a bola, de estar sempre em jogo, o que se torna mais difícil de fazer preso a uma linha", recorda, referindo ainda que, neste figurino táctico, Valdés também beneficia de menor desgaste em missões defensivas.  

Estatística apoia sucesso da opção

A análise objectiva do rendimento de Valdés no jogo com o Leiria é suportada pelos dados estatísticos recolhidos durante o encontro. Nesta partida, foram vários os elementos essenciais à produção ofensiva que superaram a média das acções até então verificadas, demonstrando o impacto efectivo da sua utilização no apoio directo ao ponta-de-lança.

Para que se perceba, à partida para esta jornada, o camisola 15 tinha participado em seis jogos da Liga ZON Sagres, durante os quais tinha ensaiado outros tantos remates, ou seja, com uma média facilmente calculável de um disparo por encontro, enquanto, em Leiria, visou a baliza contrária em cinco ocasiões, duas delas culminadas com golo, os dois primeiros que apontou enquanto leão. As cinco tentativas representam, portanto, quase metade das efectuadas até então - 45,5%.

Para que fique demonstrada a maior participação no jogo a partir desta posição, basta verificar que, nos primeiros seis encontros, o chileno esteve na posse da bola por 215 vezes, o que representa uma média de 35 toques por encontro: frente ao Leiria, foi protagonista de 43 lances, valor claramente superior ao habitual.

As dificuldades provocadas junto dos defesas contrários também foi clara e recolhe suporte na comparação dos dados referentes a esta partida com os obtidos até ao início da mesma. Nos seis jogos anteriores, Valdés sofreu um total de 11 faltas, ou seja, uma média de 1,8 por desafio, enquanto, na vitória alcançada na cidade do Lis, foram assinaladas, a seu favor, quatro infracções dos oponentes.

Sendo certo que o futebol não é o contexto mais dependente da análise estatística, muitas vezes incapaz de distinguir entre o acumular das acções com a sua verdadeira influência no decorrer dos encontros, por não as avaliar de forma qualitativa, a verdade é que os números que dizem respeito à participação ofensiva ajudam a perceber a superior influência que Valdés conseguiu na manobra da formação verde e branca, numa altura em que escasseavam alternativas para o sector.

Onde Valdés já jogou como leão

Extremo esquerdo

Foi a posição em que conheceu maior utilização até ao momento. Jogando a partir da linha, como Vuk, do lado contrário, era aproveitada a sua tendência para as diagonais interiores.

Interior

Durante as vagas tentativas de regresso ao losango, ou em 4x1x3x2, foi utilizado como interior, tanto à direita como à esquerda, para tirar partido da capacidade técnica, mas o rendimento não foi o mais desejado.

Segundo avançado

Em Leiria, foi, pela primeira vez, utilizado na posição que lhe permitiu brilhar no campeonato italiano e... explodiu. No apoio directo a Postiga, desequilibrou e marcou os dois golos que valeram o triunfo.

 

In ojogo.pt


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