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Manuel Fernandes: «Penso acabar a minha vida no Sporting» PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Domingo, 10 Maio 2009 03:26

090510_manuel_fernandes.jpgEXERTO DE ENTREVISTA RECORD/ANTENA 1

 

R - Se aparecer uma possibilidade, volta ao Sporting?

MF - Penso acabar a minha vida no Sporting. Não sei quando mas acredito que há-de aparecer uma direção que diga assim: "O Manuel Fernandes é interessante para estar connosco." Jamais neguei que tenho o sonho de trabalhar no meu clube. E vou consegui-lo, dentro de 5, 10 ou 15 anos.

 

R - Mas está magoado pelo facto de continuar à espera dessa hora?

MF - Não, de maneira alguma. Quando fui adjunto, no início de 90, senti que foi uma grande injustiça o que fizeram ao Bobby Robson. E atenção: fui eu que fiz, e não ele, a melhor equipa do Sporting dos últimos 30 anos: Paulo Sousa, Cherbakov, Balaokov. Figo, Balakov, Juskowiak, Cadete, Iordanov... O nosso despedimento, depois da eliminação com o Casino Salzburgo, foi das coisas mais incríveis que já passei, até porque considero ter sido a derrota mais injusta da nossa história. O presidente de então, Sousa Cintra, foi pressionado no aeroporto. Já no avião, sentado ao lado de Robson, disse-lhe: "Mister, já fomos." Ele não percebeu e expliquei-lhe: "Amanhã já não somos treinadores". Não quis acreditar. Infelizmente, tive razão. 

 

R - Mais tarde voltou como treinador principal...

MF - Que era um dos meus maiores sonhos. Mas quando cheguei ao Sporting senti logo que tinha sido enganado. Mal cheguei pensei logo em sair, porque soube imediatamente que o clube tinha contratado outro treinador. Mas como houve reações contrárias dos adeptos, foram buscar um homem da casa para dar uma satisfação ao povo, com o intuito de o calar. Quem se entalou fui eu.

 

R - Era o Mourinho quem estava para ir?

MF - Exatamente, era o Mourinho. Pensei melhor e fiquei: estava no meu clube, sentia o carinho das pessoas e, mesmo sem ter escolhido a equipa, aceitei geri-la, na esperança de fazer um grupo à minha imagem na época seguinte.

 

R - O que lhe dizia Luís Duque, líder do processo?

MF - Não dizia nada, embora tivesse sido ele a levar-me para o Sporting.

 

R - Mas foi ele também quem tratou de tudo com Mourinho...

MF - Pois foi. Por isso eu digo que fui enganado. Mas o pior é que, quinze dias ou um mês depois disso, saiu do clube. Nessa altura percebi o que me esperava. A certeza de que não continuava aconteceu quando ganhei 3-0 ao Benfica e conquistei a Supertaça ao FC Porto. Tudo porque não aceitei ficar com um futebolista sem classe para jogar no meu clube.

 

R - Quem era o jogador?

MF - Cáceres, um anãozinho que para lá andava e por quem o Sporting já pagara 60 mil contos pelo empréstimo. A contratação definitiva ficaria em 400 mil contos. Atirei-me ao ar e disse que o meu clube não pagava essa fortuna por um jogador daqueles. Assinei nesse instante a sentença de morte no clube. Foi pena, porque havia uma boa base de trabalho. Era só varrer o lixo que para lá andava e dar uns retoques no resto. Tenho a certeza de que hei-de regressar um dia, noutras circunstâncias.

 

R - O que lhe parece esta fase eleitoral no clube?

MF - Vai ser complicado. O clube está com boa dinâmica e continua a tirar partido da formação, embora nem sempre surja o tal craque para fazer a diferença. Já se sabe: nem todas as colheitas são boas.

 

R - Paulo Bento devia continuar?

MF - Penso que sim. É verdade que, em quatro anos, os sportinguistas gostavam de ter um título, mas não se pode ter tudo. Para resolver alguns aspetos financeiros tem de prescindir de alguma coisa. Ganhar umas taças, valorizar jogadores e fazer dinheiro com sucessivas presenças na Liga dos Campeões acho que é um bom balanço.

 

R - E quanto a Filipe Soares Franco?...

MF - Só estranhei ouvi-lo dizer que não continuava, porque está inserido num projeto, no qual desempenha papel relevante. Mas há uma pessoa cuja saída me deixa um travo amargo: Miguel Ribeiro Teles. Nos seis meses em que estive no Sporting foi a única pessoa a quem reconheci condições para liderar o clube. Para o futuro, seria fundamental manter Ribeiro Teles e Paulo Bento.

 

R - Como maior figura do futebol leonino nos últimos 40 anos, sente que é exemplo de que o Sporting não trata bem as suas principais figuras?

MF - Não, não, o Sporting não tem nada a ver com as pessoas que, momentaneamente, o dirigem. A massa associativa trata-me com um carinho extraordinário. Sinto-o na rua e nos núcleos que vão reclamando a minha presença um pouco por todo o país. Mas eles também sabem que amo o meu clube e que sou uma pessoa pura e sincera. Para mim o Sporting é aquela camisola verde e branca às listas, que em miúdo desejei vestir nem que fosse uma vez na vida - e vesti umas 600. Não sei se isso me prejudica, mas não posso esconder que a minha loucura no futebol foi, é e será o Sporting.

 

R - Mas o Manuel Fernandes nem sempre foi tratado como merece...

MF - Compreendo o que quer dizer. Não sei se é por inveja ou por ciúme, mas sinto que nem todos gostam da paixão que os adeptos têm por mim. Como sócio, sinto-me feliz por ter o respeito e o carinho dos adeptos do Sporting. Para o ano, gostava de ser eu a entregar o emblema dos 25 anos de sócio ao meu filho. Acho que ninguém me vai impedir de fazê-lo.

 

In www.record.pt


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