Os próximos serão já os quartos Jogos de Francis Obikwelu. Começou em Atlanta'1996, com 17 anos. Em 1994, ainda juvenil, estivera em Lisboa para o Mundial de juniores e por cá ficou, clandestino, com dois outros nigerianos. Foi parar às obras, no Algarve, conheceu a professora que lhe deu lições de português e o recomendou a Fausto Ribeiro, então técnico belenense. Ingressou no clube, dormia no Restelo, passou a ser conhecido e os progressos foram rápidos. Como nigeriano foi a Atlanta (5.º em meia-final de 200 m). Antes de contratado pelo Sporting e de a vida mudar foi campeão mundial de juniores (100 e 200 m).

Foi 3.º no Mundial de pista coberta de 1997 e de ar livre de 1999 (sempre em 200 m), campeão africano e vencedor da Taça do Mundo. Naturalizado em 2001, só pôde competir por Portugal em 2002: campeão da Europa de 100 m (após desclassificação, por doping, de Dwain Chambers) e vice-campeão de 200 m.

Após a má época de 2003, com problemas físicos e a conselho do empresário, Miguel Mostaza, rumou a Madrid, treinado por Maria José Martinez (segunda mãe) e pelo marido. Dedicou-se mais aos 100 m e, em 2004 (Atenas), ganhou a prata olímpica. Em 2006 (Gotemburgo) foi - com larga vantagem - campeão europeu de 100 e 200 m.

Gay e Powell são os favoritos

 
Não se apresenta fácil a tarefa de Obikwelu em Pequim. Embora na velocidade muita coisa se altere de uma época para outra, Tyson Gay, campeão mundial de 100, 200 e 4x100 m este ano, e Asafa Powell, muitirecordista mundial (9,74 depois de três vezes 9,77), partem como favoritos. E há um jovem, gambiano de origem, naturalizado norueguês, com um percurso parecido ao de Obikwelu, que foi revelação este ano: Jaysuma Ndure. Obikwelu será um dos vários candidatos a medalhas.

Algarve na origem e... no destino

 
Obikwelu está enamorado pelo Algarve e afirma que lá viverá ao deixar o atletismo. Ali trabalhou quando, há já 13 anos, ficou em Portugal, clandestino. Orientado pelo seu empresário, Miguel Mostaza, investe em imobiliário.

2007 não foi um ano feliz

 
Por problemas físicos e pela grave desatenção que o desclassificou (falsa partida) na eliminatória inicial de 100 m do Mundial de Osaca. Tem sido mais feliz nos anos pares. E deseja pódio olímpico em Pequim…

3 Perguntas

RECORD - Estreou-se nos Jogos Olímpicos em Atlanta'1996, com apenas 17 anos. Como foi?
FRANCIS OBIKWELU - Foi uma experiência única, porque os Jogos Olímpicos é sempre um dos objectivos de qualquer atleta. Gostava que tivesse corrido melhor, porque já nessa altura ambicionava ficar entre os primeiros. Mas ainda era muito jovem e inexperiente.

R - Quatro anos depois, como recorda a medalha de prata de Atenas?
FO - Era o sonho da minha vida. É algo que vai ficar para sempre gravado no meu coração.

R - Pequim'2008 é para repetir Atenas'2004?
FO - Ficar no pódio é o objectivo. Estou a treinar-me bem e penso que, se não tiver lesões ou azares, como neste último Mundial, é possível. Jogos Olímpicos e Mundiais são algo de diferente, galvanizam um atleta...

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