Estreou-se nos Jogos Olímpicos de Sydney, no ano 2000, em representação de São Tomé, ficando na derradeira posição nos 100 m barreiras; quatro anos depois, como portuguesa, já era uma das melhores heptatlonistas do Mundo; em Pequim'2008 iniciará a prova de salto em comprimento como uma das principais candidatas.

Naide Gomes estreou-se nos Jogos Olímpicos em 2000 (Sydney), em representação de São Tomé, sendo última na sua eliminatória de 100 m barreiras. Quatro anos depois, em Atenas'2004, já portuguesa, era das melhores heptatlonistas mundiais. Não foi feliz, falhando naquela que era já a sua melhor prova, o comprimento (fez apenas 6,10) e acabando por cair na 13.ª posição, quando um 4.º lugar estava ao alcance, bastando repetir a marca (6,54) que alcançara num heptatlo anterior. Dentro de cerca de nove meses, Naide iniciará a prova de salto em comprimento dos seus terceiros Jogos como uma das favoritas.

Natural de São Tomé, onde nasceu há quase 28 anos, Naide era uma maria-rapaz que gostava de jogar futebol mas nem sabia o que era atletismo. Descobriu-o quando, aos 11 anos, ao lado da irmã, foi ao encontro da mãe que se mudara para Portugal por motivos de saúde. Aos 13 anos começou a praticar atletismo no Paivas, clube do concelho do Seixal onde ainda vive. Passou depois por vários clubes até que ingressou no Sporting em 1997/98.

A naturalização só foi conseguida em 2001 e os primeiros êxitos foram obtidos no ano seguinte. Bateu o recorde nacional do pentatlo e, de forma inesperada, chegou à medalha de prata no Europeu de pista coberta. Problemas num pé levaram a que só em 2004 regressasse ao mais alto nível. Foi campeã mundial de pista coberta ainda no pentatlo.

Problemas num joelho começavam a limitá-la, em especial no salto em altura, prova de que era recordista nacional (1,88). Teve de deixar as provas combinadas e optar pelo comprimento. Começou a terceira fase da carreira. E com tanto êxito que, logo em 2005, sagrou-se campeã da Europa de pista coberta e, no ano seguinte, subiu aos pódios do Mundial de pista coberta (3.ª) e do Europeu de ar livre (2.ª). Este ano, foi campeã da Europa de pista coberta e passou a barreira dos sete metros (7,01).

Naide era maria-rapaz, que gostava de jogar futebol e nem sabia o que era atletismo

A melhor além das russas

 
Nas últimas grandes competições (2.ª no Europeu ao ar livre, 1.ª no Europeu de pista coberta, 4.ª no Mundial), Naide Gomes só foi derrotada por atletas russas. Nos últimos três anos, foi a única não russa a passar os 7 metros no comprimento. E nas cinco últimas grandes competições ao ar livre a Rússia ganhou dez das 15 medalhas em disputa no comprimento. Em Pequim, é bem provável que o grande despique seja mesmo entre Naide Gomes e as três atletas dessa grande potência.

De Enezenaide a Naide Gomes

 
O nome é Enezenaide. Mas quando começou a competir nos principais meetings, ela e o treinador, Abreu Matos, chegaram à conclusão de que o nome, além de complicado, não cabia nos marcadores electrónicos. E resolveram mudar para Naide Gomes, nome por que mundialmente conhecida.

3 Perguntas

RECORD - Como recorda a sua estreia em Sydney'2000?
NAIDE GOMES - Fui última nos 100 m barreiras, mas tirei uma grande lição. Vi o que era uma competição a sério e decidi que iria pertencer à elite.

R - Quais eram as expectativas para Atenas'2004, onde foi 13.ª no heptatlo?
NG - Esperava bem melhor e o primeiro dia correu-me muito bem.
Mas o comprimento estragou a pontuação. Aprendi bastante e como sou sempre insatisfeita e que se incentiva também com as derrotas, passei a trabalhar ainda mais.

R - Como está a encarar os terceiros Jogos, agora como forte candidata a uma medalha?
NG - Irei treinar muito para garantir um lugar na final, primeiro, e entre as oito melhores, depois. Nessa altura todas seremos candidatas. No Mundial não consegui chegar às medalhas mesmo no fim. Espero melhorar.

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