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Sexta, 29 Março 2024
PEYROTEO, REUMÁTICO E DENTISTA DE GHANDI PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Terça, 01 Junho 1948 20:50
Foto: PeyroteoIMPRESSIONANTE. Para revalidar o titulo de campeão, o Sporting precisaria, naquele mês de Abril ao rubro, de bater o Benfica, no Campo Grande, por mais de dois golos de diferença. Parecia um dos «doze trabalhos de Hércules». Mas não. O Sporting ganharia por 4-1, no que haveria de ficar celebérrimo, em desafio do... «Pirolito» e de Peyroteo, que cometeu a proeza de apontar os quatro golos dos «leões». E, como que por divino capricho, logo após a peleja, o avançado-centro sofreu um ataque de reumatismo, que o pôs de baixa alguns dias! Se tivesse sido algumas horas antes...

Mas esse foi, também, o Campeonato da honra posta em jogo por um treinador de dignidade intocável: Cândido de Oliveira, que os próprios dirigentes «leoninos» acusaram, antes do dramático desafio, de pretender favorecer o Benfica – que era, assumidamente, o seu clube de coração, ajudando a fundá-lo, lá jogando, fulgurando – delineando táctica suicida. Na véspera, quando os directores lhe insinuaram isso, Cândido virou-lhes as costas, prometendo, surdamente, a vingança em lugar certo. Nesse dia recusou-se até a palestrar com os jogadores, que estranharam vê-lo assim sorumbático. Estava de orgulho ferido.

 

O silêncio frio da vingança

 

Não foram de especial animação os últimos minutos antes da subida ao campo. Intrigantemente sibilino, só pediu aos pupilos que fossem eles próprios. Foram. A sua estratégia resultara na perfeição, o Sporting averbava, assim, mais um título de campeão, outorgando-se, também, da monumental Taça de «O Século». E gelando a euforia dos festejos nos balneários, disse apenas que se demitira. Todos pensaram que era mais uma das suas deliciosas «blagues». Costumava dizer-lhes, entre muitas outras coisas, que fora dentista de Gandhi, que caçara elefantes brancos na Índia, que...que...que...

 

As lágrimas que demoveram Cândido de Oliveira

 

Mas, naquela vez, era verdade. Acabaria por voltar atrás, passados alguns dias, simplesmente porque o dirigente que insinuara o concluio com o Benfica, lavado em lágrimas, lhe foi pedir que reconsiderasse que ele já se demitira. Cândido de Oliveira, que se encontrava no «Diário Popular» a ultimar mais uma edição de «A bola», sensibilizou-se e susurrou apenas: «Tocou-me fundo a sua atitude, por isso só continuo treinador do Sporting, se continuar dirigente.» Continuaram ambos.

E o Sporting continuou a ganhar, com os mais belos acordes da sinfonia que Mestre Cândido criara, na magia dos cinco «violinos» de ouro...

 

In abola


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