Terceira eliminação consecutiva sem derrotas numa prova europeia deixa o Sporting entregue ao sofrimento das competições nacionais. Nunca mais é Maio em Alvalade

Ao longo da época, o Sporting viu por várias vezes na Liga Europa uma escapatória para as desgraças nacionais. Foi assim, nos intervalos das chuvas de assobios, que conseguiu passar a fase de grupos. Chegou Dezembro e a Liga Europa hibernou. Nessa altura, o Sporting estava a 13 pontos do FC Porto e já tinha sido eliminado da Taça pelo V. Setúbal.

Entretanto passaram dois meses. O regresso das provas europeias podia ser - mais uma vez - uma forma de os adeptos leoninos encontrarem alguma coisa positiva na sua equipa. Agora a 23 pontos do primeiro lugar, o Sporting tinha no Rangers uma espécie de morfina para combater a dor de uma temporada que teima em não acabar. O empate na Escócia deixava os leões em vantagem para a segunda mão, sem permitir a Paulo Sérgio - ainda assim - pensar numa noite descansada.

A UEFA tem obrigado as equipas visitantes a jogar com o equipamento secundário, mesmo quando não há qualquer hipótese de confusão. Neste caso, até se pode dizer que o organismo de Michel Platini deu uma mãozinha ao Rangers. Os escoceses entraram em campo vestidos à Atlético Madrid - camisola vermelha e branca, calções azuis -, o que trouxe de imediato a Alvalade uma sensação de déjà vu. Há um ano tinham sido os espanhóis a deixar o Sporting pelo caminho, com dois empates (0-0 em Madrid, 2-2 em Alvalade).

Os sinais não eram animadores: em Alvalade o público era escasso e via-se quase sempre abafado pelos adeptos escoceses. No relvado, os leões começaram por ter mais bola. O Rangers entrou fechado, tímido, a ver o que o Sporting fazia. Quando percebeu que a equipa de Paulo Sérgio não conseguia incomodar McGregor, começou a arriscar. Pouco depois, aos 19'', Diouf encarregou-se de marcar o primeiro golo do jogo. Bem podia agradecer a Polga, que ficou quieto a olhar: Davis cruzou e o senegalês, ao segundo poste, encostou de cabeça.

O Sporting tremeu. Postiga estava (quase) sempre demasiado sozinho no meio dos centrais; Matías era o único que mexia no meio-campo. O Rangers voltou a fechar-se em copas, agora com uma vantagem a proteger. O desânimo que crescia nas bancadas desapareceu aos 42 minutos: Pedro Mendes rematou em arco, à entrada da área, e marcou à antiga equipa.

Na segunda parte, Allan McGregor começou por negar o golo a João Pereira. O Sporting cresceu, somou mais um par de oportunidades, mas só aos 83 minutos conseguiu fazer o golo que o deixaria nos oitavos-de-final. João Pereira fez de Davis a cruzar, Foster imitou Polga - ficou a dormir - e Yannick apareceu sozinho ao segundo poste para cabecear, tal como Diouf.

Com a vitória à vista, Paulo Sérgio quis proteger-se. Trocou Hélder Postiga por André Santos e Matías por Nuno André Coelho. Antes já tinha entrado Saleiro, que desperdiçou aos 89'' uma oportunidade para arrumar o assunto. Yannick ficou sozinho na frente e o Sporting encostou-se - voluntariamente - às cordas. Já nos descontos, apareceram três jogadores do Rangers à boca da baliza para desviar um cruzamento. Nascia aí o empate e a terceira eliminação consecutiva do Sporting com dois empates - depois de Fiorentina (Liga dos Campeões) e Atlético Madrid (Liga Europa) na época passada.

Indefinição No final, Paulo Sérgio disse: "É uma pena que continuemos a dar tiros nos pés." Neste momento, é o treinador que tem uma arma apontada à cabeça. E a qualquer momento pode sair mais um tiro. O i questionou um elemento da SAD sobre a continuidade do técnico, que se recusou a comentar. Até à hora de fecho desta edição, os responsáveis do Sporting mantiveram-se incontactáveis e indisponíveis para esclarecer a situação do treinador ou a posição oficial do clube sobre esta matéria. A questão é tanto mais pertinente se recordarmos que nos últimos dias tem sido noticiada a possibilidade de o Sporting ir jogar à Luz, para a Taça da Liga, com outro treinador. Com P. M. N.

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