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Carlos Saleiro: «Não podia estar mais confiante» PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Terça, 23 Junho 2009 20:12
090623_saleiro.jpgAVANÇADO REGRESSA A ALVALADE E QUER TRIUNFAR

RECORD - Sente que ainda vai a tempo de triunfar, como lhe disse Paulo Bento?
CARLOS SALEIRO - Sim. Tenho 23 anos. Esta é a minha quinta época de sénior. Não podia estar mais confiante das minhas capacidades. Espero ir a tempo de triunfar, porque é isso que quero.

R - Quando e por quem soube que iria ter a oportunidade de jogar no plantel principal?
CS - Soube antes das eleições. Paulo Bento chamou-me e comunicou-me a decisão. Disse-me que teria muitas probabilidades de ficar no plantel.
R - Sente-se preparado e o que espera encontrar no Sporting?
CS - É um clube com outros objetivos, e eu conheço-os bem porque apesar de nunca ter jogado pela equipa sénior sei o que é o Sporting. Estou ligado ao Sporting desde os 8 anos. Sei as responsabilidades de jogar num clube como este. Espero estar preparado para isso e para tentar ajudar ao máximo a ganhar títulos. É normal que no Sporting, como nos outros grandes, exista outra pressão em ganhar jogos e títulos. A diferença passará acima de tudo por aí, pela tensão que pode existir em certos momentos da época.

R - Encara este passo como um ponto de chegada ou antes um ponto de partida para outros objetivos?
CS - Cheguei agora e quero ficar aqui por muitos anos. Quero triunfar. Quero ganhar títulos. Quero ajudar o Sporting ao máximo. Este foi sempre o meu sonho. Quero jogar o mais possível para ajudar o Sporting. Só tenho de agradecer aos responsáveis do Sporting que me deram a oportunidade.

R - José Eduardo Bettencourt disse durante a campanha eleitoral que os jovens que saem da formação devem olhar para a equipa principal como um ponto de chegada e não de partida. Os jogadores têm mais a ganhar se não precipitarem o desejo de sair?
CS - Eu falo por mim, não o posso fazer por outros, e a minha situação é muito recente, tanto que ainda nem sequer fiz um jogo. O meu objetivo era chegar ao Sporting. Neste momento o meu pensamento não passa por nada mais. Passa simplesmente por estar no Sporting, por jogar, porque esse foi sempre o meu sonho. Mas depois de estar lá 4 ou 5 épocas não sei qual será o meu pensamento.

R - Mas tem consciência de que esse é um dos aspetos que desagrada aos adeptos - o discurso do jogador que, acabado de chegar, já está a falar em sair, mesmo que o faça naturalmente porque lhe foi colocada a questão?
CS - Claro. Um verdadeiro sportinguista gosta de ter os melhores jogadores no Sporting. Se quem se destaca sai, a equipa perde os jogadores-chave, e os adeptos gostam de manter os melhores. Quando se começa com esse discurso de querer sair, ficam magoados. Mas se calhar são jogadores com 4 ou 5 anos de clube, que aspiram talvez a outros objetivos. Temos de respeitar a opinião deles. Mas ser jogador do Sporting é, de certeza, das melhores coisas do Mundo.

R - Passou por Ol. Moscavide, Fátima, V. Setúbal e Académica. Este percurso ajudou-o a perder ilusões e a perceber as dificuldades de fazer carreira no futebol profissional?
CS - Sim. Fiz toda a minha formação no Sporting. Claro que tinha tudo do melhor. As condições, os relvados, as instalações. Depois fui emprestado, na primeira época de sénior, e aí comecei a ver as dificuldades dos outros clubes. Sinto que cresci muito por ter conhecido essa realidade. E também há coisas muito positivas nos outros clubes, que nos fazem evoluir naturalmente, sem pressões. Se calhar agora estou melhor preparado do que se tivesse saído da formação direto para os seniores, e tivesse apanhado com esse impacto mais forte. Ser emprestado e conhecer outros ambientes pode ajudar-nos a ficar mais maduros.

R - Embora não tenha passado diretamente para os seniores, há 5 anos também teve uma aproximação a esse impacto direto, porque fez a pré-época com a equipa principal.
CS - Senti dificuldades. É normal um jogador de 17 anos sentir essas dificuldades no primeiro impacto com uma equipa sénior. Eu já tinha feito a época anterior com a equipa B do Sporting, mas é sempre complicado, porque se encontram jogadores de topo. Mas isso já passou e sinto-me mais preparado.

R - Mas na altura talvez sonhasse chegar logo à equipa principal...
CS - Claro.

R - Cristiano Ronaldo, Quaresma e Hugo Viana tinham acabado de sair. Sentia que as expectativas relativamente à formação estavam muito altas?
CS - Tínhamos essa perceção. Qualquer jogador formado no Sporting gosta de chegar aos seniores e esse também era o meu caso. Era um dos meus sonhos, sair dos juniores e ir logo para a equipa A. Mas não foi possível.

R - Em algum momento do percurso pelos outros clubes sentiu que tinha evoluído mais?
CS - Sentia que melhorava a cada ano que passava, num ou noutro aspeto. Esta passagem de 6 meses pela Académica - porque nos 6 anteriores em Setúbal praticamente não joguei e não tive oportunidades - foi bastante importante para mim e para as pessoas que me observavam, porque pude jogar na Liga Sagres. É a competição máxima do futebol nacional e é aí que podem tirar-se as provas. Estes últimos 6 meses foram muito importantes.

R - Um dos aspetos em que diz ter evoluído é o físico. Fez trabalho específico nessa área?
CS - Quando saí do Sporting e fui para o Olivais e Moscavide, na minha primeira época de sénior, praticamente não joguei devido a lesão. Fui operado duas vezes ao tendão rotuliano e estive 10 meses sem jogar. Essa experiência foi muito importante porque percebi que há coisas que são necessárias para se poder estar ao mais alto nível. Um programa de ginásio, um programa de fortalecimento ao joelho, e muscular, tudo isso é muito importante e foi o que fiz, nada mais.

R - Na época passada renovou mas foi emprestado. Tinha a expectativa de subir ao plantel?
CS - Depois da época no Fátima, tinha. Fizemos uma boa campanha na Taça da Liga e fui um dos melhores marcadores da 2.ª Liga. Quando renovei com o Sporting por mais 4 anos pensei que podia ser chamado. Não fui. Fui para Setúbal e isso também me agradou, porque fui para uma equipa da Liga e pude crescer mais.

R - O facto de ter renovado, ainda assim, foi importante para se voltar a sentir valorizado pelo Sporting?
CS - Sim. Foi muito importante, porque comecei a sentir novamente aquilo que já tinha perdido há 2 ou 3 épocas, que era autoconfiança. Renovar por 4 anos deu-me outra auto-estima e mais confiança para encarar o futuro.

R - Nessa fase, quando prolongou com o Sporting, estava a ser seguido por outras equipas ...
CS - Houve contactos de clubes de Portugal e de fora, só isso.

R - Cumprido o sonho, chega ao Sporting com que objetivos?
CS - O meu principal objetivo é ser mais um para ajudar o Sporting. E passa também por trabalhar muito para tentar agarrar o lugar, esperando pela minha oportunidade.

R - Quer marcar 6 golos na Liga. Tem outra meta mais abrangente?
CS - Qualquer jogador no início da época tem de meter objetivos na cabeça para tentar alcançá-los. Eu digo 5/6 golos na Liga. É uma meta que posso atingir se jogar com alguma regularidade.

R - E número de jogos?
CS - Isso é muito incerto... Há várias competições. A época é longa. Vai haver muitos jogos. Não vou dizer quantos, mas claro que gostaria de jogá-los todos e de marcar sempre. Sei que isso não vai ser possível, mas a época é longa e todos vão poder ajudar, que é com certeza o principal objetivo de todos.

R - Encontrará Liedson, Postiga e Yannick. Que opinião tem de cada um?
CS - Já trabalhei na pré-época em 2004 com Liedson. Já o faço há algum tempo com o Yannick. Do Postiga nada posso dizer porque nunca trabalhei com ele, mas vejo-o jogar e sempre o admirei, já no tempo do FC Porto e na Seleção. É um jogador fantástico, e o Yannick o mesmo. É um avançado mais móvel, pode fazer várias posições na frente. O Liedson é aquilo que todos sabem. Um dos melhores avançados de Portugal.

R - Espera obviamente concorrência forte...
CS - Claro. Estamos num clube que luta para ser campeão. A concorrência pelo lugar tem de ser forte. Todos têm de estar ao mais alto nível para jogar, e ter o melhor lote possível de avançados para concorrer ao título só pode beneficiar o Sporting.

R - O Sporting procura outro avançado no mercado. Estar preparado para jogar num grande significa também estar preparado para a eventualidade de jogar menos e saber reagir a isso quando se fica de fora?
CS - Estou preparado para, quando não jogar, reagir da mesma maneira como se tivesse jogado e ganho. A vinda de mais um avançado só poderá ajudar o grupo. Será mais um para ajudar. E o mister Paulo Bento já admitiu que ninguém tem o lugar garantido. Vamos todos trabalhar ao máximo para ajudar o Sporting.

R - Sente-se melhor nalgum esquema táctico em particular?
CS - Não. Nas equipas onde joguei normalmente utilizava-se o 4x3x3, e na Académica por vezes o 4x4x2 em losango. Na formação jogava-se em 4x3x3. Para mim é indiferente.

R - Com o plantel que está a construir, o Sporting será um candidato ainda mais forte ao título?
CS - O Sporting é candidato ao título todos os anos e este não vai fugir à regra. A equipa, comparada com a da época passada, é praticamente a mesma. Só saiu o Derlei, que jogou mais vezes ao lado do Liedson. Mas a equipa mantém-se e se no ano passado já lutava pelo título este ano, com os reforços que vão chegar, de certeza que vamos ficar mais fortes. Lutar pelo título até ao fim não vai fugir do pensamento de ninguém.

R - É assumidamente sportinguista?
CS - Sim, sou sportinguista. Sou sócio e adepto do Sporting desde que nasci. Entrei para o Sporting com 8 anos. Por isso posso dizer que nasci e fui criado ali.

R - Foi feito sócio não só do Sporting mas também da Juve Leo. Porquê?
CS - Porque o meu pai em 1986 era membro da Juve Leo. Mas não sei se ainda continuo a ser. Sócio do Sporting, sim, sou desde que nasci. Foi João Rocha, que era o presidente à data, quem me fez associado. Ofereceu-me uma placa com o que era na altura o meu número de sócio.

R - Era adepto de estádio?
CS - Claro. Quando estava na formação ia sempre aos jogos. Depois tornou-se mais difícil, mas acompanhei sempre.

R - Qual foi a maior alegria que teve como adepto?
CS - Lembro-me do primeiro título que vi, o fim do jejum de 18 anos. Os meus pais levaram-me a mim e aos meus irmãos ao estádio. Estivemos lá até às 4 horas da manhã à espera que eles voltassem do jogo com o Salgueiros, que ficou 4-0. Lembro-me perfeitamente desse ano. Foi formidável.

R - Sendo sportinguista, imagina-se a jogar com a camisola de outro grande em Portugal?
CS - Não. O meu maior sonho foi sempre representar este clube. Só vi este, nenhum outro.

R - A estreia na Champions é também um sonho?
CS - É. Mas como já disse o meu maior sonho é vestir aquela camisola e fazer o primeiro jogo oficial. Depois, o que vier será por acréscimo e, claro, vou querer competir em todas as provas para ajudar o Sporting. Quando ouvir o hino da Champions, de certeza que vou arrepiar-me e aí sim acreditar que estou ali a viver aquele momento.

"Sempre tive esperança de voltar"

R - Ter a confiança de Paulo Bento ajudou-o a manter-se focado no objetivo de voltar ao Sporting?
CS - Tinha contrato com o Sporting e esse objetivo renovava-se todos os anos. Saber que o treinador era alguém que já me conhecia, da sua primeira época como técnico e da minha última como júnior, e alguém que apostava em mim com regularidade, contribuiu para que sempre tivesse tido essa esperança. Aconteceu agora. Só tenho de estar grato.

R - Quando estava nos juniores chegou a dizer que Paulo Bento chegaria a treinador dos seniores. O que o levava a acreditar nisso?
CS - Tínhamos várias conversas entre nós e dizíamos que ele chegaria lá um dia. Sinceramente não pensava que seria tão cedo, mas víamos que poderia vir a ser o treinador do Sporting. Pela maneira de ser dele, pela forma como treinávamos. Era muito profissional e muito direto a falar connosco. São princípios muito importantes para um treinador de futebol e ele tinha isso tudo. Nós comentávamos que mais tarde ou mais cedo ele iria aparecer como treinador do Sporting.

R - Com outro treinador teria sido mais difícil ter esta oportunidade?
CS - Com certeza. Com outro treinador, vindo de fora, se calhar sem me conhecer, seria mais complicado. Mas felizmente ele continua e continua bem, e como disse só tenho de agradecer a ele aos responsáveis que acreditaram em mim.

R - Sentiu durante o seu percurso fora do clube que estava a ser seguido e acompanhado pelos responsáveis do Sporting?
CS - Sim. Havia regularmente dois observadores por jogo, tanto em Fátima como agora em Coimbra. Faziam os relatórios e levavam-nos aos responsáveis. Falávamos de vez em quando.

"Jardel e Acosta são exemplos a seguir"

R - Um dos avançados que diz admirar desde sempre é Pauleta. Os sportinguistas podem esperar em si características semelhantes?
CS - Sim. Penso que tenho algumas características que o Pauleta tinha, e por isso admirava-o muito.

R - Que outros avançados admira ou tem como referência?
CS - Atualmente gosto de Raúl e van Nistelrooy. Antes, admirava Jardel e Acosta. Foram grandes avançados do Sporting nos últimos anos e um exemplo a seguir.

R - E os defesas mais difíceis de defrontar?
CS - Bruno Alves é um dos melhores centrais da Liga. Polga, Tonel... No futebol internacional, não deverá ser fácil defrontar Materazzi...

R - E tem preferência por número da camisola?
CS - Na formação joguei sempre com o número 9. Quando está disponível tento sempre jogar com ele. Mas se não for possível, desde que seja a camisola do Sporting vou estar tranquilo.

"Há falta de oportunidades para os jovens"

R - Concorda com a ideia de que existe uma crise de avançados portugueses?
CS - Concordo. Vêem-se poucas opções para a frente de ataque da Seleção. Em quase todas as convocatórias fala-se da crise de avançados. A maior razão para isso é a falta de oportunidades dos jovens saídos da formação para competir ao mais alto nível. Normalmente aposta-se noutro jogador mais maduro, vindo do estrangeiro, e isso tira aos jovens espaço de progressão ao mais alto nível, levando a que sejam emprestados. Só então, se der provas de que é capaz, poderá chamado. Do meu ponto de vista perdem-se muitos jogadores assim.

R - Tem havido falta de coragem dos responsáveis dos clubes para apostar nesses jovens?
CS - Penso que é esse o ponto de vista. Faltam oportunidades.

R - Neste contexto, pensa que Liedson deveria ser tido em conta para a Seleção?
CS - O Liedson é um excelente avançado, um dos melhores a atuar em Portugal. Se vai ser possível naturalizar-se português, por que não?

R - Mesmo que ele possa ‘tirar-lhe' espaço na equipa...
CS - Por que não? Ele é um dos melhores avançados em Portugal e temos de dar-lhe mérito por isso.

R - Tem ambições à Seleção Nacional?
CS - Claro. Jogando ao mais alto nível no Sporting, tenho a oportunidade de poder ser chamado. Se o prof. Carlos Queiroz gostar de mim, terei ainda mais hipóteses, claro. Mas se jogar com regularidade no Sporting e fizer golos, ainda mais quando há poucos avançados em Portugal, penso que posso ter essa oportunidade.

R - Acredita que Portugal conseguirá apurar-se para o Mundial?
CS - Sim. Está difícil. Mas o 2.º lugar do grupo está ao alcance de todos. A equipa está a passar por uma renovação mas Portugal tem excelentes jogadores. Esse objetivo tem de ser alcançado.

"Ronaldo vale 94 milhões"

R - Cristiano Ronaldo, Kaká ou Messi - quem é mellhor?
CS - Ronaldo, claro.

R - Ainda chegaram a jogar juntos na formação?
CS - Chegámos, sim. Nos infantis e nos iniciados. Nos juvenis ele começou a passar escalões.

R - CR vale 94 milhões?
CS - Se ele é bom, se é o melhor do Mundo, se o Real Madrid tem dinheiro para pagar, se o Manchester aceita e se ele quer, claro que vale.

PERFIL

Primeiro bebé-proveta português, Saleiro é sócio do Sporting e da Juventude Leonina desde o dia de nascimento. Prémio Stromp, cresceu no Lumiar, à sombra do Estádio de Alvalade, e é jogador do clube desde os 8 anos (ficou à segunda, avaliado por César Nascimento).

Foi campeão da Europa sub-17 em 2003 (com Moutinho e Veloso), ano em que se estreou na equipa principal, ao substituir... Paulo Bento, num particular com o Portimonense. Fez a pré-época em 2004/05, com José Peseiro, e sagrou-se campeão de juniores (25 golos em dupla com Yannick), no reencontro com Bento. Na transição para sénior, foi emprestado ao Olivais e Moscavide, mas jogou pouco devido a lesão.

Destacou-se no Fátima em 2007/08 e na segunda metade da época passada trocou Setúbal por Coimbra. Apontou 4 golos na Académica, 2 deles na última jornada.

QUEM É

CARLOS Miguel Mondim SALEIRO

Idade: 23 anos, 25-02-1986, Lisboa

Altura e peso: 1,86 m e 80 kg

Posição: Avançado

Percurso: Sporting (juniores), Ol. Moscavide, Fátima, V. Setúbal e Académica

Situação contratual: contrato válido até 2012 (renovou há um ano por 4 épocas)

In "www.record.pt"

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