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Abrantes Mendes quer 150 mil novos sócios em dois mandatos PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Quarta, 23 Março 2011 21:48

110323_abrantes_mendesOs milhões que preocupam o candidato à presidência do Sporting são os 300 de passivo. Diz que a academia não está a funcionar bem e que o clube precisa de uma gestão realista

 

A sua voz é bem conhecida em Alvalade pelas críticas às anteriores direcções, mas também porque o seu pai foi jogador do Sporting. Após ter perdido as eleições para Soares Franco, em 2006, Sérgio Abrantes Mendes regressou à corrida presidencial e diz que o clube pode acabar se os sócios forem na linguagem da "banha da cobra". Afirma que Scolari e Hiddink lhe pediram "brutalidades, valores inacreditáveis" e por isso o seu treinador é um antigo jogador do Sporting. Os projectos para o fosso do estádio e para a academia na Portela não são prioridades.



Qual a diferença entre a última vez que se candidatou e o Sporting actual?

Penso que está pior. Foi essa a razão que me levou novamente a avançar, porque não sou incoerente, não sou daqueles que falam, falam, falam mas depois não assumem. Como o panorama não é muito simpático, decidi avançar.

A última sondagem dava-lhe 1,5% dos votos...

Não sei se lhe chame sondagem ou montagem. O que sei é que estive em Alvalade no jogo contra a U. Leiria e, sem fazer propaganda, tive um acolhimento extremamente encorajador, o que me leva a pensar que tenho todas as condições para ganhar as eleições. Da última vez também tentaram condicionar a vontade dos eleitores.

A campanha está a subir de tom, com ataques pessoais...

Não me revejo nesse tipo de ataques. Temos de discutir ideias, a não ser que existam factos concretos e objectivos que nos permitam alertar a massa associativa. Não lhe nego que estou preocupado com o tipo de discurso que tem aparecido: são milhões, treinadores, jogadores... vale tudo. Eu não alinho nisso. O que está em jogo é uma situação muito complicada e nessa medida estou a viver com preocupação o momento eleitoral.

O que pode acontecer se o presidente eleito não for uma pessoa credível?

Os sócios têm de ter muito cuidado com a venda de ilusões e sonhos. Andam aí a apregoar milhões, com fundos disto e daquilo. Isto é de tal modo fácil que só agora se lembraram desses milhões e desses fundos, mas ninguém os viu até ao momento. Quanto aos milhões, temos 300 à nossa espera, os do passivo. E esses é que vão dar uma carga de trabalhos.

Como se propõe sanear as finanças do clube?

Primeiro, passa por saber objectivamente a real situação económico-financeira e para isso será feita uma auditoria. Começaremos a renegociar o serviço da dívida com a banca, que é fundamental, mas com realismo, dizendo aos nossos parceiros o que podemos pagar. Não podemos entrar em loucuras. Contrariamente ao que propalam outros candidatos, na minha equipa temos a noção de que o passivo do Sporting não se resolve em três, quatro, cinco anos. Vai levar muito tempo e temos também a pressão da conquista dos títulos, por isso tem de haver equilíbrio e ponderação. Se for uma gestão louca, só com ilusões, ó meu caro amigo, não vamos a lado nenhum!

Seria importante ter uma verba para investir de imediato no futebol?

O investimento tem de ser feito, mas de forma selectiva. Não podemos cair no erro anterior de desperdiçar 64 milhões de euros em aquisições que deixaram muito a desejar. Não vamos precisar de gastar tanto. Só falam em fundos, então e os outros milhões, como é que vão resolvê-los? Essa é que é a grande questão. Um fundo, por muito que queiram dizer, não é só estalar os dedos e já está. Isso é uma mentira, as coisas levam o seu tempo, senão não vamos a lado nenhum. Não é chegar lá e pôr 50 ou 100 milhões, isso não resolve nada. Se calhar são mais 100 milhões que vão para o boneco.

É possível resolver o passivo do clube sem sucesso no futebol?

Não. O investimento é importante. Então mas agora de repente há dinheiro para jogadores, para pavilhão, para saneamento financeiro? Isso não surge do nada. É preciso ter calma.

Quanto seria necessário para a equipa lutar pelo título na próxima época?

A primeira medida que deve ser tomada pelo director desportivo, depois de falar com o treinador, é apurar as reais insuficiências do plantel. Depois, o Sporting tem de procurar dentro do orçamento disponível reforços para colmatar essas falhas. É assim que temos de trabalhar, não há dinheiro para tudo. Andam a dizer que compram jogadores, não pode ser, senão não cumprem com o resto. Com estes milhões todos, qualquer dia vamos à residência do primeiro-ministro e oferecemos, para não haver PEC IV.

Concorda com as críticas que João Pereira fez aos candidatos?

Quando um jogador entra em campo - e eu já fui jogador - não se lembra minimamente das críticas dos candidatos à equipa. Eles têm de ter uma grande preocupação: darem o melhor e lutarem pela equipa, para ganhar, e tirarem o Sporting da situação em que se encontra. Com o resto, não se devem preocupar.

É o único que não apresentou treinador. Na sua opinião, divulgar o nome antes das eleições é essencial?

Seria importante, para as pessoas terem uma noção do que pretendo. Mas a pressa é má conselheira e neste momento há um inflacionamento brutal dos honorários pedidos. Tenho a certeza que após o acto eleitoral esses preços baixam radicalmente. Todos têm treinadores, eu também tenho, não posso é anunciá-lo em função do compromisso que assumi. Mais importante é ter um treinador que encarne a alma sportinguista.

Rijkaard e Van Basten foram grandes jogadores. Como treinadores, acha que são indicados para o Sporting?

Eventualmente. Quando me falaram no Van Basten [para treinador], que foi um dos meus ídolos, disse logo que não. Porque não correspondia ao perfil, tinha de ter uma ligação ao Sporting, quanto mais não fosse pela sua personalidade. Não está em causa a sua capacidade, mas não é o treinador com o perfil que quero.

O que achou da recepção apoteótica a Van Basten?

A reacção tem a ver com a campanha eleitoral e por isso não dramatizo a questão. Euforias, só na campanha do candidato que o apresentou. Como sócio do Sporting, não me provocou nenhuma. O que me dá muita preocupação não são os milhões que apregoam, mas os que temos para resolver.

Vai apresentar jogadores?

Não, isso é um erro crasso. Andam para aí a anunciar jogadores a torto e a direito, isso não tem pés nem cabeça. É música celestial, como se costuma dizer.

Quer trazer a academia para os terrenos do aeroporto, na Portela. Apesar de próximo de Alvalade, não implicaria um custo elevado?

O Sporting, de uma vez por todas, tem de começar a pensar em grande. A ideia é criar uma cidade desportiva aqui ao pé. A academia tem custos grandes de funcionamento, tem a distância que é um óbice ao desenvolvimento perfeito da formação. Temos de começar a trabalhar nesta ideia, porque o aeroporto não vai desaparecer de um momento para o outro - a Academia vai ter de continuar a funcionar durante alguns anos. Isto não é um projecto para curto ou médio prazo, é para longuíssimo prazo. Há que começar a trabalhar nele para aferir da sua viabilidade.

Desde que a academia de Alcochete começou a funcionar, poucos atletas se impuseram na primeira equipa. Figo, Simão, Ronaldo, Moutinho, entre muitos outros, foram produtos do antigo centro de estágio. Preocupa-o?

Preocupa muito. É indiscutível o papel que a Academia pode ter no futebol do Sporting. Agora, esse dado que apontou é concreto, objectivo e real. Temos de perceber o porquê destas insuficiências na formação, porque é que dos antigos pelados de Alvalade saíam jogadores com uma frequência impressionante, o que não tem acontecido agora. Temos de reformular, se calhar, todo o esquema de funcionamento e formação da Academia, porque os dados são inequívocos. A Academia não está a funcionar bem.

É importante reunir com presidentes de grandes clubes durante a campanha eleitoral?

Não me parece. São estratégias eleitorais em que as pessoas vão lá para aparecer nas fotografias. Se calhar se arranjasse o Photoshop também me faziam umas montagens e conseguia o mesmo efeito.

Disse que há "perigos que podem acabar com o clube". Mesmo que as coisas não corram bem à nova direcção, isso não será alarmismo?

Não, a situação do Sporting é dramática! Não é só dizer que vamos ganhar. Roma e Pavia não se fizeram num dia. Não posso mudar o meu discurso.

Então, na situação financeira actual, acabar com o fosso no estádio é uma prioridade?

Não, é apenas uma ideia. É um projecto essencial para aproximar os sócios, e espero que um dia seja exequível, mas não é prioridade a curto prazo.

Godinho Lopes falou em 43 mil sócios pagantes. Não é pouco para um clube como o Sporting?

São 28 mil pagantes e é muito pouco. O meu projecto é, em dois mandatos, atingir os 150 mil sócios,

Como pode trazer as pessoas de volta ao estádio e à vida do clube?

Não podemos prometer mundos e fundos. Por isso é que sou contra a linguagem da banha da cobra, e isto tem mesmo de ser dito assim. Se as pessoas quiserem acreditar nos demagogos, então acreditem. Não sou como aqueles que falam e não fazem nada. Eu faço.

O seu pai foi um atleta histórico do Sporting. Como foi crescer com um símbolo do clube?

É muito fácil: casa de pai, escola de filhos. Com esta frase sintetizo tudo. Acompanhei sempre o meu pai e estas coisas marcam muito, é evidente. Acompanhava o Sporting aos fins-de-semana com ele, vinha para Alvalade assistir aos treinos - ele punha-me de lado para não apanhar nenhuma bolada -, saltava para o relvado e os jogadores brincavam comigo. Tudo isso cria, num miúdo, um sentimento muito forte pelo Sporting.

Jogou como defesa central mas não chegou a profissional...

Fui campeão de Lisboa mas o meu pai nunca quis que entrasse no mundo do futebol. Na altura já estava na faculdade e ele quis que eu acabasse o curso e seguisse a minha carreira, e foi o que aconteceu, com pena minha, porque gostava de ter sido profissional.

Quais eram os seus pontos fortes?

Era muito rápido, tinha um grande poder de impulsão, lia bem o jogo, jogava com os dois pés, chutava bem e fazia muitos golos em cantos e livres. Acho que podia ter atingido um plano de destaque. Na altura chamavam-me Humberto [Coelho], porque o estilo era muito parecido.

Quais são as melhores memórias que guarda do Sporting?

São tantas que é difícil. Os 7-1 ao Benfica foi um jogo tremendo, a final da Taça das Taças, grandes momentos do andebol, hóquei, basquetebol, atletismo, ciclismo, enfim, eu ia ver isso tudo. Sem esses momentos a história do Sporting não seria nada, porque o clube não é só futebol.

 

In ionline.pt


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