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A (a)normalidade das eleições do Sporting PDF Versão para impressão Enviar por E-mail
Terça, 05 Abril 2011 22:57
110328_eleicoes(...) É sabido que a democracia é o melhor método, ou pelo menos o menos mau, para selecção de dirigentes; é, também, de todos conhecido que a normalidade está relacionada com o tempo e o contexto que enquadram a situação.
Assim tem sido ao longo dos tempos com o próprio conceito de democracia - a título de exemplo, em Portugal, até 1934, foi normal as mulheres não votarem.
Acresce que, se há área em que os portugueses têm "vantagem competitiva" e experiência é a das eleições, nomeadamente na vida política (com 11 eleições em apenas 10 anos e com mais uma dentro de um par de meses), pelo que o conceito de normalidade num contexto eleitoral deveria ser, por demais, conhecido dos portugueses.
Vêm estas considerações iniciais sobre normalidade a propósito das eleições no
Sporting, de onde - em minha opinião - a normalidade andou arredada. Sem qualquer pretensão de entrar por questões jurídicas, que não tenho a veleidade de pensar conhecer, o comentário que se segue é, muito mais, fruto da razoabilidade e da expectativa de ver nestas eleições um acto de completa normalidade democrática.

Antes das eleições já sabia, e não me parece que tal possa ser considerado normal que, ostentando o clube no seu próprio nome a designação "de Portugal", se obriguem os seus associados a vir a Lisboa para exercer o direito de voto. Tão pouco me parece aceitável que os sócios correspondentes não tenham direito a votar.
De resto, e reforçando o comentário do meu colega António Gomes Mota em artigo recente, também não me parece normal que, num clube com nove categorias de votantes e cinco candidaturas equilibradas, no limite, fosse possível ganhar umas eleições com 21% dos votos, correspondentes, por hipótese, a 10% dos votantes.
Ainda dentro de um contexto de (a)normalidade, aquando de um recente debate promovido pelo Mestrado de Marketing e Gestão do Desporto, realizado no ISCTE-IUL, fiquei também a saber pela boca de um ex-campeão nacional de ténis de mesa e aluno da minha Escola, que, com pena, tinha deixado de ser sócio-atleta para adquirir o direito de votar!


No Sporting, e, para cúmulo da (a)normalidade: no sufrágio eleitoral, que já se previa renhido, constatei que, não obstante existirem 27 mesas de voto, cada lista concorrente às eleições do Sporting Clube de Portugal apenas podia ter três delegados presentes no recinto onde decorria o sufrágio.
Ora, sendo certo que os delegados de cada lista concorrente, em cada mesa, são o garante da isenção e transparência do acto eleitoral (aliás, é o procedimento absolutamente inquestionável em qualquer eleição política) e ao inquirir sobre a razão de tal anormalidade, o argumento foi a existência de um grande número de listas: dez.
Ironia das ironias, ainda nas Autárquicas de 2009, exactamente para a Junta de Freguesia do Lumiar, onde se situa o Estádio, concorreram nove partidos. A questão óbvia é a de saber se seria considerado normal que, nessa eleição, a mesa fosse constituída apenas por um funcionário autárquico (neste caso, foi um funcionário do Sporting que esteve sozinho em cada mesa)?

No Sporting, a contagem dos votos foi feita depois de se terem junto todas as urnas com o mesmo número de votos, impossibilitando, desta forma, a comparação urna-a-urna com os cadernos eleitorais. Seria normal, nas eleições autárquicas, juntar os votos de todas as urnas para os contar (quando sempre se faz contagens por mesa)?

No Sporting, a contagem dos votos demorou cerca de 8 horas; o cidadão comum consideraria normal que a eleição autárquica de 2009, da Freguesia do Lumiar, com mais 4.000 votantes do que os do Sporting (18.979), nove partidos e votação para três órgãos, não tivesse demorado as duas horas do costume, mas sim 8 horas, como no caso do Sporting?

Por fim, ainda no Sporting, confrontado com a necessidade de justificar a demora dos resultados, um dos responsáveis afirmou aos canais televisivos, que tudo tinha decorrido normalmente e que a demora se deveu a uma afinação nos números. É isto normal?

Espero que este modesto contributo opinativo possa ajudar na revisão estatutária e processual do Sporting, que fortaleça a necessidade de criar um novo conceito de normalidade, a bem de um clima de saudável vivência pós-eleitoral.
Em contexto pré-eleitoral, espero que assistamos, no dia 5 de Junho, a um verdadeiro sentido da normalidade, própria de um país europeu do século XXI.

In Pedro Dionísio, professor de Marketing, "Jornal de Negócios",


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