Elias, o “duende táctico”, é o motor deste novo Sporting Versão para impressão
Quarta, 26 Outubro 2011 12:15
111026_elias“Nenhuma equipa muda em quinze minutos”, explica Luís Freitas Lobo. O analista referia-se à exibição (e ao resultado) do Sporting em Paços de Ferreira na quarta jornada do campeonato. Aí, não foi só a equipa que mudou, foi todo o futuro que parecia hipotecado com a derrota por 2-0, aos 75 minutos. Os empates com Olhanense e Beira-Mar e a derrota em casa com o Marítimo nas rondas anteriores não permitiam aguentar outro desaire na Mata Real. Os três golos marcados nessa ponta final deram a primeira vitória na temporada na Liga a Domingos e trouxeram o “leão” de volta à vida.


Nesse jogo frente ao Paços, o minuto 78 foi fulcral e mostrou um jogador que acabava de se estrear pelo Sporting: Elias fez o 2-2 (antes marcou Izmailov e foi Wolfswinkel a fechar o resultado). Esse momento virou as duas equipas de pernas para o ar. “Franzino, parece ter uma tomada eléctrica que o liga à corrente durante 90 minutos. Alta voltagem táctica de transições e organização ofensiva (transporta, passa e remata)”, avalia Freitas Lobo, dizendo do brasileiro que é astuto a aproveitar os espaços vazios e a dar-lhes outro destino. Neste caso foi o golo.

O resto é história. Desde aí, o Sporting nunca mais perdeu nos oito jogos que se seguiram. Mais: venceu todos (campeonato, Taça e Liga Europa). Na Liga, passou do 12.º para o terceiro lugar, esteve a 7 pontos do líder FC Porto e está agora a três. Com 17 pontos em oito jornadas, é o melhor Sporting dos últimos 13 anos – igualou a primeira época de Paulo Bento em Alvalade. Melhor só Mirko Jozic em 1998-99, líder com 18 pontos à oitava ronda.

Haverá um rosto que represente esta reviravolta? “Wolfswinkel pode fazer golos, Schaars é um jogador fundamental no equilíbrio do meio-campo, mas não pode ser protagonista. Tem de ser o melhor actor secundário do filme do jogo. O papel principal, esse, é de Elias, um duende táctico”, refere o comentador, que lhe atribui inteligência e qualidade técnica.

Semelhanças com Ramires

O internacional brasileiro chegou a Alvalade no início de Setembro com o rótulo do reforço mais caro de sempre do Sporting (custou 8,85 milhões de euros). Elias ganhou destaque no Brasil defendendo as cores do Corinthians e foi transferido no ano passado para o Atlético de Madrid. No entanto, teve pouquíssimas oportunidades no clube espanhol e, com a chegada de Falcao – e sendo extracomunitário –, tornou-se excedentário no plantel “colchonero”.

Ao aterrar na Europa, o médio deixava para trás três anos de Corinthians, período durante o qual se tornou ídolo dos adeptos (conquistou os títulos da Série B de 2008, do Paulistão de 2009 e da Copa do Brasil de 2009) e chegou à selecção brasileira. “Eu já o tinha indicado para o Cruzeiro. Penso que o Elias pode exercer a mesma função do Ramires [ex-jogador do Benfica], tem qualidade para isso. Tem dinâmica, penetra, chuta”, conta Adilson Batista, ex-treinador do Corinthians.

Mano Menezes, actual seleccionador do Brasil e treinador de Elias no emblema paulista, diz que ter passado para uma zona mais avançada do terreno potenciou o seu futebol. “A gente tinha recuado ele um pouco, mas o Adilson adiantou-o [no terreno] e ele vem jogando muito bem”, analisou então. Tite, actual técnico do clube de São Paulo, destaca a versatilidade do médio. “O Elias tem uma grande virtude. A transição de bola da defesa para o ataque dele é, praticamente, imarcável. Ele é muito veloz. Quando vem de trás, acaba surpreendendo os adversários”, explicou.

Lateral-direito, médio defensivo e ofensivo, construtor de jogo e avançado. De uma só vez, o Sporting de Domingos encontrou solução para várias posições. E apenas num jogador. É Elias em registo polivalente. O brasileiro costuma ter um discurso fora do habitual, por orientação do pai, Eliseu. “Sempre escuto o que ele me diz, pois ajuda-me muito. Mas também me chateia. Se eu fizer cinco golos, ainda vai dizer que não está bom”, contou ao “Estadão”.

Elias diz que vai buscar inspiração a Ronaldo (o “Fenómeno”), Robinho e Lampard. “Observo-os apenas por ser um jogador versátil. O meu futebol não é parecido com o Robinho, ele já fez grande carreira. Preciso de melhorar muito e exerço uma função diferente, a que ele não se adaptaria.”

 

In publico.pt


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