Rui Patrício. Estas mãos são um meio para chegar ao topo Versão para impressão
Segunda, 27 Agosto 2012 18:36

120827_rui_patricioGuarda-redes renovou até 2018. A cláusula de rescisão duplica(para 40 milhões) e o salário triplica (para 90 mil euros)

 

É na relva natural que Rui Patrício se sente bem. Está confortável na baliza do Sporting, a única que conhece desde os 12 anos. O crescimento dentro do clube deu-lhe um futuro, deu-lhe dinheiro, deu--lhe a titularidade na selecção. E afastou-o dos relvados sintéticos, onde nunca gostou de jogar. “Magoam-me os pés”, queixava-se nos tempos de júnior. Nessa altura já olhava para Vítor Baía como um ídolo, o derradeiro sinal de que tinha esquecido a carreira como lateral ou extremo esquerdo. Cansava-se muito depressa, por isso nunca duraria a jogar numa ala.

 

Em Manchester, depois de defender o cabeceamento de Joe Hart na última jogada da eliminatória, o guarda-redes apareceu na flash interview. “Mostre só a mão ao país, a mão que salvou o Sporting esta noite”, disse o jornalista da SIC. Patrício encolheu-se, negou o pedido e escondeu as mãos. Mas são elas que agora lhe valem a renovação do contrato com os leões até 2018. O anúncio do acordo marca o fim de um processo que se arrastou nos últimos meses. E por agora põe também uma pedra sobre as hipóteses de o jogador abandonar o clube.

Godinho Lopes diz que rejeitou algumas propostas, com o objectivo de fazer uma aposta mais sólida na equipa. “Já tínhamos transmitido que os jogadores que estavam em período de renovação iam ser renovados um a um”, explicou o presidente. “É um jogador que está no Sporting há 11 anos. Fizemos um contrato de seis anos e acreditamos no seu valor.”

A crença em Patrício e o reconhecimento da importância do guarda-redes reflectem-se nos números. Até agora, recebia cerca de 30 mil euros por mês. Com a renovação, o salário do internacional português sobe para um valor a rondar os 90 mil euros – o que faz dele, de imediato, um dos mais bem pagos do plantel. A cláusula de rescisão duplica, passa dos 20 para os 40 milhões de euros.

A cotação do jogador nunca esteve tão alta. É o resultado de uma época que até começou atribulada, com dois lances mal interpretados que deram origem a livres indirectos dentro da área. Patrício parecia desconcentrado, mas daí ganhou embalagem para o que viria mais tarde. Foi ele que segurou pontos importantes para o Sporting quando o resto da equipa abanava a defender ou se perdia a atacar. Apareceu nos momentos decisivos, como naquela noite de Manchester.

No site “Transfermarkt”, especialista em avaliação de jogadores e transferências, Rui Patrício surge como o oitavo guarda-redes com o valor de mercado mais elevado no mundo do futebol: 17 milhões de euros. À sua frente estão apenas os donos das balizas dos clubes de topo. Iker Casillas (Real Madrid) lidera a lista, com o passe avaliado em 35 milhões de euros. A seguir vêm Manuel Neuer (Bayern Munique, 30 milhões), Petr Cech (Chelsea, 25 milhões), Joe Hart (Manchester City, 23,5 milhões), Hugo Lloris (Lyon, 19 milhões), Victor Valdés (Barcelona, 18 milhões) e David de Gea (Manchester United, 17,5 milhões).

O Euro-2012 poderia ter sido o trampolim que faltava para deixar o Sporting, mas Patrício vai continuar. E deixa uma declaração para os adeptos fixarem, para o bem ou para o mal. “Espero também ajudar os mais jovens, os que agora estão na nossa academia, a perceberem que o Sporting não é um meio para chegar a outro lado. É antes o topo.”

 

In ionline.pt


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