Da simples antipatia ao ódio vão 40 mil vozes de distância Versão para impressão
Quarta, 17 Março 2010 12:24

100317_simaoSimão volta a Alvalade num clima nunca antes visto. Jogo é fulcral para o Sporting mas os adeptos também já preparam a sua táctica

 

No aquecimento para o Atl. Madrid- Sporting, até Reyes começou a rir-se. O extremo só esteve um ano na Luz mas conhece o reportório de músicas anti-Simão dos adeptos do Sporting. Que, nesse dia, começaram a ser cantadas a caminho da Plaza Mayor, tiveram prolongamento no ponto de concentração em Madrid e acabaram no Vicente Calderón. Amanhã, as atenções voltam a centrar-se no ódio de estimação leonino. Multiplicado por dez e com direito a tarjas e coreografias preparadas só para o jogo. Talvez por isso, esperam-se medidas extra de segurança hoje, na chegada a Lisboa.

"Não simpatizam comigo em Alvalade. Por isso, é-me indiferente o adversário", admitiu o internacional antes do apuramento para os oitavos. Mas nem o próprio pensava que a aversão chegaria ao cúmulo de dezenas de adeptos irem mais cedo para o estádio só para insultarem o extremo. No final, saiu por uma porta lateral para evitar a zona mista. Figo, o seu ídolo, nasceu benfiquista mas, até como adversário, será sempre saudado como um anjo. Simão, que veio de uma família toda benfiquista, parece o diabo.

AMOR Simão estreou-se pelos leões como iniciado B, em 1993. Pequeno e cheio de caracóis, cedo passou a coqueluche: pela qualidade futebolística, pelos títulos e por ser um terror nos dérbis com o rival Benfica (estreou-se na Luz com um bis num triunfo por 4-1, em 1994). "O Sporting formou-o e fez dele um homem", salientou a mãe, Ilda, que chorou quando viu o filho fazer o primeiro jogo como sénior: lançado por Octávio aos 77 minutos de uma partida com o Salgueiros, marcou um minuto depois. Em 1999, o inevitável aconteceu: saiu para o Barcelona. Os adeptos choraram, mas Simão consolou-os: "Devo tudo ao meu querido Sporting. Sou profissional, mas se fosse para Portugal era para o Sporting".

ÓDIO Dois anos depois, o extremo voltou. Para o rival. "Esperei oito dias pelo Sporting mas optei pelo melhor: o Benfica". Os leões processaram o jogador (alegam um direito de preferência e o caso ainda está a ser julgado) e abriram guerra institucional com Simão. Que depressa passou para os adeptos. "Se roubarmos o título ao Sporting, ainda melhor!", assumiu em 2002. Durante seis anos, a paixão benfiquista cresceu à proporção do ódio sportinguista. Em 2006, na última deslocação a Alvalade, tentou redimir-se do acto na Taça, em 2005 (comemorou um golo no sector dos leões), e não festejou após marcar. Mas era tarde para pazes. Até porque, pelo meio, tinha sido expulso da discoteca Kapital, dos filhos do ex-líder João Rocha e fundadores da Juve Leo. A bandeira branca das tréguas só servirá para mais inscrições provocatórias anti-Simão. E ainda há 40 mil vozes a preparar novos (e velhos) cânticos...


 
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