O Sporting deixou o antigo regime como campeão e reapareceu vencedor da primeira Taça de Portugal em democracia. O clima de paz estendeu-se aos presidentes dos rivais. Depois de o Movimento das Forças Armadas, a 25 de Abril de 1974, ter derrubado a ditadura, os derbies voltaram às primeiras páginas em plena liberdade. O Sporting deixou campeão nacional o antigo regime e reapareceu vencedor da Taça de Portugal na democracia conquistada sem sangue. Um clima de paz que se estendeu aos presidentes dos clubes rivais, João Rocha e Borges Coutinho, até então de costas voltadas. A promoção do abraço público foi do Presidente da República, António Spínola, representado no Estádio Nacional pelo primeiro-ministro Palma Carlos, que assistiu ao encontro da tribuna de honra.
À reconciliação nas bancadas sucedeu, contudo, a dormência dentro de campo. A final foi insossa, faltou-lhe o tempero de outras decisões, apesar dos três golos marcados que sempre trazem a festa para o terreno. Foi tão fraco este desafio, que Alfredo Farinha, em A Bola, era o espelho da prostração: «Foi, francamente, uma pobreza franciscana, uma tristeza, uma autêntica miséria, um espectáculo indigno das duas equipas, uma coisa (já nem sabemos que mais chamar-lhe) totalmente imprópria de uma final.»
Os 1000 contos que terão sido divididos pelos jogadores do Sporting estiveram para não sair do cofre, depois de o intervalo colocar o Benfica na frente do marcador. Uma jogada destinada ao sucesso: aos 33 minutos, Toni isolou Jordão e quando Damas se fez ao lance, outro encarnado, Nené, estava já na grande área, pronto a receber o toque de Jordão e a colocá-lo no fundo da baliza leonina. Só a um minuto do fim do tempo regulamentar o Sporting recuperou a igualdade, por Chico, que cabeceou certeiro à baliza de Bento. A vitória surgiria de um erro da defesa encarnada. Artur mediu mal as distâncias, serviu Chico e quando parecia que ia rematar ofereceu o golo a Marinho.
No final, Palma Carlos era um primeiro-ministro visivelmente satisfeito. Sportinguista confesso recebeu das mãos do presidente do seu clube, João Rocha, a medalha que lhe coubera enquanto finalista da Taça de Portugal.
Ficha de jogo
Época 1973/74 Taça de Portugal - Final (a.p.) 9 de Junho de 1974 Estádio Nacional
Árbitro: César Correia (Faro)
Sporting 2 Damas; Manaca, Bastos, Alhinho e Baltasar; Paulo Rocha (Chico, 73), Vagner (Dani, 105) e Nélson; Marinho, Dé e Dinis Treinador: Mário Lino
Benfica 1 Bento; Artur, Humberto, Rui Rodrigues (Adolfo, 67) e Barros; Vítor Martins, Toni (Eusébio, 45) e Simões (cap.); Nené, Jordão e Vítor Baptista Treinador: Fernando Cabrita
Marcadores: 0-1, Nené (33); 1-1, Chico (89); 2-1, Marinho (107)
In maisfutebol.iol.pt
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