De Mamede para Lopes, e deste para Mamede

Quando a 26 de Junho de 1982, em Oslo, no decorrer dos famosos Bislet Games, Carlos Lopes, a caminho dos 36 anos de idade, se apoderou do recorde da Europa dos 10 mil metros ao correr a distância em 27.24,39, até então pertença de Fernando Mamede, desde Maio do ano anterior, obtido em Alvalade, fazendo uma extraordinária corrida que permitiu aos que se lhe seguiram, bater os recordes nacionais dos Estados Unidos, Bélgica e Austrália, não era de todo imaginável que 13 dias depois, a 9 de Julho, no Estádio Jean-Boin em Paris, Fernando Mamede arrebatasse ao seu colega de equipa o recorde europeu, fazendo 27.22,95, deixando o segundo classificado, o norte americano Alberto Salazar, a sete segundos e o recordista mundial Henry Rono, em décimo primeiro lugar, a um minuto e quarenta e cinco segundos (duas voltas de avanço).

Mamede ficou a 48 centésimos do recorde mundial, recorde que viria a bater dois anos mais tarde em Estocolmo, e Mamede e Lopes ficaram então na altura, com a segunda e terceira melhores marcas mundiais de sempre nos 10000 metros.

No espaço de 13 meses o recorde da Europa andou de Mamede para Lopes e deste para Mamede, facto inédito no atletismo, quer nacional, quer europeu, entre dois colegas de equipa.

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