Carlos Lopes conquista prata em Montreal Versão para impressão
Sábado, 10 Julho 1976 22:00
760710_lopes_montreal.jpgMoniz Pereira reagiu assim:«Nunca acreditei em medalhas.» Nessa noite mágica choveu prata e Portugal redescobriu novos «fumos da Índia» só não foi ouro porque um... polícia finlandês, Lasse Viren, se fortalecera através de auto-transfusões de sangue. «Foi uma mafiosice que me roubou o ouro, mas paciência.» Moniz Pereira deitou ainda mais achas para a fogueira: «Não posso deixar de achar muito esquisito que os seis finalistas dos 400 metros barreiras tenham sido controlados e que na final dos 10.000 metros apenas o quarto classificado, o inglês Tony Simmons, tenha ido ao controlo anti-doping.»


Mas mais disse, clamando ainda por mais apoios:«Podem os economistas ficar descansados que a medalha do Lopes foi a mais barata dos Jogos Olímpicos. Tal como a do Armando Marques que estava a dar tiros e a fazer contas ao dinheiro dos cartuchos, enquanto os atiradores dos outros países pareciam... metralhadoras.»
No fundo, custara pouco mais do que a dispensa no Crédito Predial. E, para Carlos, era a redenção de um passado de agruras e sacrifícios. Mas, ainda em Montreal, desvendou:«Nunca passei fome, sou de origem pobre, mas o pão nunca me faltou. Aliás, até aos 13 anos levava porrada para... comer, porque passava o dia a jogar à bola e até me esquecia das refeições. Depois dos 13 cheguei a levar porrada para... comer menos, mas fome não, isso nunca passei.»


O seu futuro depois de Montreal? Quando lho perguntaram, encolheu os ombros e disse apenas que era uma «incógnita», atirando: «A Teresa quer que eu desista já do atletismo, viu algumas rebaldarias na Aldeia Olímpica e julga que é tudo igual.» Na Aldeia recebeu uma montanha de telegramas. Mas um sobre todos o sensibilizou muito: o de Mário Soares, primeiro-ministro de Portugal. «Eles com tantas preocupações no Governo e ainda se lembraram de mim...»

 

In "Bola"

 

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