CINTRA, CILADA, MORTO E DÓLARES Versão para impressão
Domingo, 20 Agosto 1989 21:48
Foto: Sousa CintraSousa Cintra sonhava com Bebeto na equipa do Sporting. E o empresário Figger ajudou-o a manter ilusões. Bebeto seria do Sporting. O presidente «leonino» meteu a papelada na pasta, voou para o Brasil, passou pela Argentina, encontrou-se com o empresário e seguiram juntos para o Uruguai sem saber bem porquê. Em Montevideu tinha Rodolfo Rodriguez, ex-guarda-redes do Sporting, à sua espera para lhe exigir o dinheirinho que o clube lhe devia. O presidente deve ter pensado: estou metido numa grande alhada. Claro que os papéis que levava na mala não passariam nunca de papéis, pois Bebeto nem sonhava a sua existência. E Cintra reflectia: Juan Figger preparou-me uma cilada.

 

Como num hotel assombrado as ameaças de morte de Rodriguez

 

Levaram-no para um hotel situado a mais de 15 quilómetros de Montevideu, num local ermo. «Aquilo mais parecia uma pensão de qualidade duvidosa, desses hotéis assombrados dos filmes de terror». E, nesse ambiente tenebroso, Rodolfo Rodriguez voltou aos seus negócios, insistindo nas ameaças de morte na frente de um Figger emudecido. « Não se preocupe – dizia o guarda-redes ao empresário – espectador – que ele até pode desaparecer sem deixar rasto, como se tivesse sido vítima de uma rixa qualquer num bairro de meninas».

Perante aquele cenário de tentativa de extorsão e ameaças de assassinato, restou a Sousa Cintra operar uma retirada estratégica. Chegou a Lisboa e contou, pormenorizadamente, a aventura de Montevideu em que duas personagens o tinham envolvido – o impávido empresário Figger e o vilão principal da fita, Rodolfo de seu nome.

 

«Cintra morto, não poderia pagar»

 

Alguns dias depois da emocionante narrativa de Sousa Cintra, Rodolfo Rodriguez faz a sua defesa em «A bola», garantindo que tudo quanto Cintra dissera não passava de uma mentira, que o presidente do Sporting utilizara o seu carro nas deslocações em Montevideu e, afinal, fugira de táxi para o aeroporto sem pagar a conta do hotel. Até ironizou: «Cintra morto não poderia pagar o que me deve». E revelou ainda que propôs ao presidente do Sporting o pagamento de 25 por cento da dívida e as contas ficariam saldadas.

 

In abola


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